Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil - 18/12/2024 - Para cientista brasileiro,…
A realidade da reciclagem em Maringá
Século XXI, 17 anos já se passaram. O futuro chegou em algumas áreas. Carros autônomos, energia solar e eólica, computadores que cabem na mão que são a junção de relógios, câmeras e o que mais você sonhar, tudo em um único aparelho, o celular, operações à distância com robôs, televisões com a espessura de um quadro, estamos conectados em quase qualquer lugar do planeta, drones…
Enquanto isso, limpar a sujeira que os humanos geram, não se tornou uma realidade. Ainda vivemos como vivíamos há séculos. Economia circular? Piada! Cada brasileiro gera mais de um quilo de lixo por dia – Abrelpe -. Desse total, 31,9% de material potencialmente reciclável – IBAM -, matéria prima que deveria voltar ao ciclo industrial mas que está sendo enterrado, ocupando espaço rapidamente, demandando rapidamente novas áreas que serão inutilizadas para depositar material reciclável, orgânico e rejeito.
Temos que lembrar que vivemos em uma bolinha azul com um percentual de cada elemento da tabela periódica fixo, em que temos uma quantidade de recursos naturais que se forem desperdiçados no presente, faltarão para as próximas gerações. Alguns exemplos do que estamos desperdiçando são o cobre, índio, hélio… (clique nas imagens para visualizar em tamanho maior)
Aqui não discutirei sobre a compostagem, porque estamos ainda tão atrasados na reciclagem que vou deixar este assunto para outro momento.
O segundo mês do ano de 2018 está se aproximando e o problema da reciclagem ainda não foi resolvido no país. Em Maringá, uma cidade de 405 mil habitantes, geramos mais de 400 toneladas de resíduos por dia, geramos mais de cento e cinquenta toneladas de material reciclável por dia, totalizando quatro mil e quinhentas toneladas por mês. Vidro, plástico, metal, papel, desperdiçados, enterrados, inutilizados, perdidos para a humanidade.
Não estou falando de política. Por favor, não usem para nos posicionar como opositores ou aliados. A situação é o que é. Nenhuma administração, passada ou presente, resolveu esta situação. Já se passou um ano e não houve evolução. O problema até se agravou de agosto de 2017 até hoje.
Vamos aos dados. No início de 2017 tínhamos 17 caminhões para coleta seletiva. Destes, 12 com capacidade de 4,5 toneladas e 5 com capacidade de 2 toneladas. Após agosto de 2017, ficamos somente com 5 caminhões com capacidade de 2 toneladas.
Como o material reciclável tem volume e não peso, os caminhões com capacidade de 4,5 toneladas acabam coletando no máximo 2 toneladas – sendo muitíssimo otimista -. Hoje, os caminhões com capacidade de 2 toneladas estão chegando aproximadamente 300 quilos cada – conforme relato das cooperativas -, isto é, estamos reciclando somente 1,5 toneladas, das 150 toneladas passíveis de reciclagem por dia. Assim, estamos jogando recursos naturais no montante aproximado de 148,5 toneladas por dia, 4.455 toneladas por mês ou 53.460 toneladas de material reciclável, recursos naturais finitos, sendo enterrados na pedreira da cidade anualmente.
Tem mais. As cooperativas relatam que mais de 50% do material que recebem é de rejeito ou orgânico. O motivo? falta de uma campanha de educação ambiental aliada a uma legislação dura, que multe quem não fizer a segregação apropriada na fonte do resíduo gerado.
Separação em 2 sacos, um para recicláveis – não há necessidade, hoje, de segregar por material, visto que isto é feito dentro das cooperativas – outro para rejeito e orgânico – sim, isso dói, porque a cada safra cultivada, o solo perde produtividade e a compostagem recuperaria a produtividade, mas, como disse antes, ainda estamos vivendo na idade das trevas -. Nada de inédito, nada de revolucionário, simplesmente fazer o lógico. Mas sem lei e sem educação ambiental, nada mudará.
E daí, vocês podem dizer. Este post é só mimimi? Reclamação? Não. Este post é para vocês conhecerem a realidade de Maringá, que foi considerada o ano passado a melhor cidade do país em limpeza urbana e recentemente eleita uma das melhores cidades para se morar no país.
Em vista de Brasília, que fechou seu lixão neste mês, sei que estamos bem, mas temos que nos inspirar no ótimo e não no péssimo.
Além de pagarmos para o aterro, temos um valor enorme sendo enterrado. Só para exemplificar, uma cidade com 405 mil habitantes enterra quase 100 mil Reais por dia, quase 3 milhões de Reais por mês e quase 35 milhões por ano.
Dados gravimétricos. Fontes Abrelpe e IBAM.
Depois de vermos que gastamos para enterrar quase 14 milhões por ano, somados aos quase 35 milhões que são desperdiçados ao não reciclar, quando é que resolveremos, finalmente, o problema do lixo?
Estamos comprometendo o tripé da sustentabilidade – social, ecológico e econômico – em cada um de seus aspectos. Ou seja, não geramos renda para as cooperativas – econômico – qualidade de vida dos catadores comprometida – social – e finalmente, recursos naturais sendo desperdiçados – ambiental -.
A pergunta é, até quando o planeta suportará os humanos?
Fonte – Ana Dom, FUNVERDE
Ana, muito bom!
“Assim, estamos jogando recursos naturais no montante aproximado de 148,5 toneladas por dia, 4,455 toneladas por mês ou…”. Acredito que seria 4.455 toneladas/mês (quatro mil, quatrocentos e cinquenta e cinco toneladas/mês) e não 4,455 (quatro, quatrocentos e cinquenta e cinco toneladas).
Eita, é verdade. Obrigada.