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148 municípios do Paraná não tratam o lixo

 

Paraná online de 30 de setembro de 2007

O Paraná ainda tem um longo caminho a percorrer quando o assunto é a destinação correta do lixo. Em 148 municípios paranaenses, onde vive cerca de 30% da população – cerca de 3,1 milhões de pessoas -, o material vai para os chamados lixões e não recebe nenhum tipo de tratamento. Por outro lado, há duas cidades que servem como exemplos positivos. Além de trabalhar com o material reciclável, fazem a compostagem dos resíduos orgânicos. Com isso, conseguem aumentar o tempo de vida útil dos aterros sanitários em cinco vezes, além de evitar a produção do chorume.

A cidade de General Carneiro, no sul do Estado, conseguiu resolver o problema do lixo de um modo bem simples e, de certo modo, barato. Das seis toneladas recolhidas diariamente, apenas 20% vão para o aterro sanitário da cidade. São os rejeitos, como a cerâmica e o osso. O material seco, como os plásticos, papéis, alumínio, vai para a reciclagem e o orgânico, para a compostagem.

A cidade tem população estimada de 15 mil habitantes e precisou investir apenas R$ 50 mil para implantar uma unidade para tratamento destes resíduos. Para diminuir custos, usaram materiais aproveitados de restos de outras construções. O perfil de pelo menos outras 300 cidades do Estado é parecido. Possuem menos de 20 mil habitantes e a quantidade de lixo gerado é semelhante. No entanto, além de General Carneiro, somente o município de Bituruna, também na região sul do Paraná, trata do lixo orgânico e do reciclável.

Isso mostra que pode estar faltando apenas um pouco de boa vontade. O engenheiro Cleverson Masniak, responsável pelo projeto, explica que tudo começa dentro da casa dos moradores, que já entregam aos coletores o material separado. Assim, ele segue até uma associação formada por 15 ex-catadores de papel. Eles se encarregam de fazer mais uma triagem e separam o que é reciclável para mandar para as indústrias. Também são eles os responsáveis pela compostagem, transformando o material orgânico em adubo. No fim do mês, cada um consegue levar para a casa cerca de R$ 450 obtidos com o lucro da venda.

Apesar de o processo ainda não ter chamado a atenção da maioria das prefeituras, Cleverson garante que o trabalho não é complicado. Porém, precisa ser feito por gente qualificada. Os associados fizeram um curso de capacitação junto à Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, que desenvolveu o processo.

Material orgânico

A compostagem é feita em um terreno de dois mil metros quadrados impermeabilizado por um piso de cimento. Todos os dias, chegam ao local cerca de 3,3 mil quilos de material orgânico. Eles são empilhados e ao longo do processo é feito o controle da umidade, temperatura e oxigenação, através do revolvimento do material a cada três dias. Após quatro meses, o que era uma agressão ao meio ambiente virou fonte de lucro. O adubo é peneirado para separar impurezas – que seguem para o aterro sanitário da cidade – e vendido para os agricultores.

Cleverson diz que General Carneiro, além de preservar o meio ambiente, vem fazendo uma economia significativa. A cada quatros meses, era necessário abrir uma vala séptica no aterro sanitário, e cada uma custava R$ 20 mil. Agora, isto acontece a cada 20 meses. Uma redução de R$ 100 mil nas despesas. Outra vantagem é que o aterro sanitário não produz mais chorume, resultado da decomposição do material orgânico, altamente tóxico.

Processo está gerando lucro

A compostagem não está sendo vista apenas como uma alternativa para preservar o meio ambiente. Tem muita gente de olho no lucro que se esconde atrás dos resíduos orgânicos. Algumas empresas estão recebendo para recolher o lixo e transformar tudo em adubo. Em Paranaguá, a C.R. Moreira & Cia. Ltda está apenas esperando a liberação da licença ambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para começar o trabalho.

O processo de compostagem adotado pela empresa é diferente do implantado pelas prefeituras. O processo todo leva 90 dias e, depois, o adubo será peneirado e ensacado para ser vendido para  agricultores. (EW)

Caximba com validade até 2008

O aterro sanitário da Caximba foi criado em 1989 e até o fim do ano que vem encerra as suas atividades. O local recebe diariamente lixo oriundo de Curitiba e outras 13 cidades da região metropolitana. Se o processo que foi adotado em General Carneiro e Bituruna tivesse sido repetido aqui, o aterro teria o seu tempo de vida útil ampliado de 19 para aproximadamente 90 anos.

Localizado a 23 quilômetros do centro da capital, o aterro recebe 2,4 mil toneladas de lixo por dia. Este número poderia ser bem maior se Curitiba não tivesse um programa de reciclagem. Todo dia são reaproveitadas 550 toneladas de papel, plástico, vidro, entre outros. No entanto, isto representa apenas 20% do material que tem potencial para ser reciclado; a cidade ainda pode chegar à marca de 40%, ou seja, 1,1 mil toneladas por dia.

Estas questões estão sendo discutidas no Consórcio Intermunicipal para a Gestão dos Resíduos Sólidos. Segundo a assessora técnica da Coordenadoria de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias, até meados do próximo mês devem ser apresentadas outras alternativas para substituir o aterro da Caximba. A compostagem também é uma delas. “Estamos trabalhando para que apenas 20% do lixo seja enviado para os aterros”, falou.

O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente, procurador de justiça Saint-Clair Honorato Santos, desde 2004, vem realizando audiências públicas em que cobra das prefeituras de todo o Estado o desenvolvimento de projetos efetivos para a gestão de resíduos, com ênfase na reciclagem e na compostagem. (EW)

Este Post tem 4 Comentários

  1. assisti o programa exibido na tv cultura e achei muito interessante, se possivel gostaria de receber material para que possa me informar melhor sobre o projeto. Moro no mato grosso e aqui na minha cidade ainda não tem nem um projeto de coleta de lixo urbano e que sabe fazemos uma parceria e eu possa desenvolver um projeto legal, nosso municipio aida é novo tem apena 3 anos era um assentamento, o maior da américa latina, sou técnica em segurança e saude do trabalho e e vice-presidente do conselho municipal do meio ambiente, por isso fiquei muito interessada no projeto de voces.

    fico no aguardo de uma resposta positiva.

    lediana mateus

  2. Boa tarde,

    Sou Irosinete de Araujo e trabalho na área de alimentos e na empresa em que atuo estou em processo de implantação de separação do lixo para reciclagem estou precisando de material para agregar neste projeto, gostaria de receber informações sobre leis municipais e estaduais quanto a este assunto.
    Obrigada,
    Irosinete

  3. Gostaria de receber notícias sobre os municipio que não tem o PLANO DE GERENCIAMENTIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.

    GRTA ANA CRISTINA

    AGUARDO RETORNO!!!

  4. O lixão na Caximba existe a vinte anos, e a incompetencia dos administradores deixou para achar um novo local agora que o MP disse que vai selar em definitivo o lixão. O MP vem fazendo reuniões a dois anos com prefeituras do PR, mas parece que não atendem a solicitação do MP para diminuir a geração de lixo, reutilizar e depois sim, reciclar. O Bairro Caximba pode sumir , caso os incompetentes resolvam colocar a planta de tratamentop de lixo do outro lado da rua no mesmo bairro.
    Vão fechar olarias responsáveis por produzir 25% do tijolo de Curitiba, familias vão ficar sem trabalho e vão conviver com este novo monstro da administração pública.

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