Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Estudo aponta aceleração na degradação ambiental no mundo
Poluição em córrego a céu aberto na Índia (foto: meg and rahul/Flickr/Creative Commons)
O crescimento populacional, a rápida urbanização, os altos índices de consumo, a desertificação e a degradação do solo, além das mudanças do clima, estão estressando os recursos naturais a ponto de superar o ritmo de recuperação natural do meio ambiente. Assim, se os países não se mobilizarem por mudanças no uso dos recursos naturais, a escassez pode tornar-se a regra em muitos lugares do planeta, ao invés da exceção.
Um novo relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta semana trouxe um exame detalhado da condição e da disponibilidade de recursos naturais em todas as regiões do mundo. A análise destaca que, mantendo a tendência atual de degradação do meio ambiente, a humanidade enfrentará muitas dificuldades para alimentar-se nas próximas décadas – em especial, a sua parcela mais pobre.
“Se a tendência atual continuar e o mundo fracassar na busca de soluções para mudar os padrões atuais de produção e consumo, se nós fracassarmos no uso sustentável dos nossos recursos, a situação do meio ambiente em todo o mundo continuará a declinar”, aponta Achim Steiner, diretor-executivo do PNUMA. “É essencial para nós compreender o ritmo das mudanças ambientais que vivemos e começarmos a trabalhar junto com a natureza, e não contra ela, para que possamos enfrentar as diversas ameaças ambientais que nos desafiam hoje”.
O relatório Global Environmental Outlook (GEO-6): Regional Assessments contou com o apoio técnico de 1.203 cientistas, centenas de instituições científicas e mais de 160 governos.
A escassez hídrica é destacada pelo relatório como uma ameaça bastante concreta para bilhões de pessoas, principalmente nos países mais pobres do mundo. Ela já é uma realidade que vem desafiando governos e comunidades nesses países, causando o colapso da produção de comida e, consequentemente, insegurança alimentar.
De acordo com o PNUMA, os governos ainda não conseguiram avançar em medidas básicas para causas fundamentais da crise ambiental, como poluição do ar, perdas do ecossistema marinho e degradação do solo. Mesmo a agenda climática, um desafio que vem sendo confrontado mais incisivamente pelos países, ainda não conseguiu desenvolver ações efetivas para frear o crescimento das emissões de gases de efeito estufa.
O relatório conclui que, para cumprir as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, os governos precisam endereçar soluções o quanto antes para esses problemas ambientais.
América Latina e Caribe
De acordo com capítulo do relatório sobre a América Latina e Caribe, a economia regional depende pesadamente do aproveitamento de seus vastos recursos naturais. Para os governos latino americanos, o desafio do desenvolvimento sustentável é viabilizar o crescimento econômico dissociado de um aumento no consumo desses recursos.
No que diz respeito às emissões de gases de efeito estufa, o relatório aponta que o aumento recente na América Latina resulta diretamente da urbanização, do crescimento econômico, do consumo de energia, da mudança de uso do solo, entre outros fatores. A agricultura se destaca como atividade econômica com grande impacto em emissões no continente. Entre 2000 e 2010, as emissões de metano (resultante dos processos digestivos do gado), um GEE mais potente do que o dióxido de carbono (CO2), aumentaram 19%.
Correlato ao aumento das emissões, o continente também sofre com os impactos da piora da qualidade do ar em seus principais centros urbanos. Segundo o relatório, a maior parte das cidades latino americanas apresenta concentração de matéria particulada acima dos níveis definidos como seguros pela Organização Mundial da Saúde. Entre 2010 e 2015, a população urbana ganhou mais de 35 milhões de habitantes na região, e estima-se que mais de 560 milhões de pessoas morarão nas cidades da América Latina em 2025. Hoje, mais de 100 milhões sofrem com problemas de saúde decorrentes da qualidade ruim do ar.
Finalmente, o relatório também olha para a disponibilidade de água. O principal problema da região neste ponto também está relacionado com mudanças do clima: o degelo dos Andes, que está se acelerando drasticamente nos últimos anos, ameaçando a fonte de água potável para milhões de pessoas na América do Sul ao longo da costa oeste do continente.
Fonte – Página 22 de 19 de maio de 2016
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