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Asfalto com borracha de pneu dura 30% mais que asfalto comum

Asfalto-borracha

O Brasil possui um sistema de transporte apoiado essencialmente em rodovias, mas suas estradas têm pavimentos antigos, dimensionados com misturas convencionais, em constante processo de deterioração.

Agora, um estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina comprovou o potencial de uma tecnologia direcionada a colaborar com a solução desse problema.

O trabalho avaliou o chamado “asfalto-borracha”, uma mistura de betume com granulado de borracha de pneus.

“O desenvolvimento de pesquisas de novas misturas e de métodos eficientes de dimensionamento torna-se absolutamente necessário diante da realidade do Brasil. As composições estudadas neste trabalho são uma alternativa para a melhoria dos nossos pavimentos em termos de durabilidade, segurança e economia, em relação às opções convencionais”, explica a autora do trabalho, professora Liseane Padilha Thives.

Problema dos pneus usados

As misturas com betume modificado com borracha de pneus usados têm sido empregadas com o objetivo de melhorar a capacidade estrutural de pavimentos novos ou que precisam ser recuperados. São, também, uma alternativa para o problema do depósito inadequado dos pneus usados.

Embora o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) exija que as empresas fabricantes e as importadoras coletem e deem uma destinação final ambientalmente correta aos pneus usados, eles muitas vezes são depositados em locais inapropriados e se transformam e locais de proliferação de roedores e de insetos transmissores de doenças.

Borracha de pneu no asfalto

A investigação da professora Liseane procurou avaliar as propriedades e o desempenho mecânico de misturas com asfalto-borracha, otimizando a composição com a melhor capacidade estrutural e desempenho mecânico.

Comparados à composição convencional, os resultados mostraram que a incorporação da borracha no asfalto produz melhorias como aumento na resistência à fadiga e à deformação da mistura asfáltica. Melhora também a capacidade de retardar a propagação de trincas nos revestimentos asfálticos.

A utilização da mistura do betume com a borracha, e posteriormente com agregados, não é uma tecnologia nova. Nos Estados Unidos é utilizada há pelo menos 40 anos. No Brasil, a partir da década de 90, foram iniciados estudos sobre o assunto, mas o material ainda precisava de avaliações do comportamento mecânico para prever seu uso como camada de revestimento.

A composição é produzida com pneu usado triturado por meio de dois processos (ambiente e criogênico), formando a borracha granulada que, adicionada ao asfalto, dá origem ao asfalto-borracha. Para a professora, é uma tecnologia avançada, embora tenha 40 anos.

Encontros do Asfalto

Segundo Liseane, sua pesquisa possibilitou uma análise de custo/benefício e mostrou que a redução de espessura das camadas betuminosas de desgaste e a mistura asfalto-borracha conduziram a uma economia de até 32% em relação ao material convencional.

Seu trabalho recebeu, no mês de maio, o prêmio de melhor tese no biênio 2008/2010 na área de pavimentação rodoviária do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). A premiação é concedida a cada dois anos nos Encontros de Asfalto, organizados pelo Instituto para a melhor tese desenvolvida no âmbito das universidades brasileiras.

O trabalho de Liseane foi desenvolvido por meio de um convênio entre da Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade do Minho, de Portugal. Teve orientação do professor Glicério Trichês, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC, e dos professores Paulo António Alves Pereira e Jorge C. Pais, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade portuguesa.

Fonte – Natália Izidoro, Site Inovação Tecnológica de 15 junho de 2010

Foto – ms4jah 

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