Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
76 árvores brasileiras que atraem aves
Saíra-sete-cores (Tangara seledon) uma das mais belas aves da Mata Atlântica, se alimenta principalmente de frutos. Foto: Sandro Von Matter
Nas palestras que realizo, como também nos passeios pelas praças com grupos iniciantes em observação de aves, quase sempre falo sobre o conceito de floresta. Talvez você não saiba, mas florestas são compostas por interações que vão muito além do que nossos olhos podem ver, muito além de árvores e animais simplesmente ocupando um mesmo lugar.
Para exemplificar, costumo comparar uma floresta a uma TV, que é feita de centenas de peças, cada qual especificamente criada para uma função. Mas o que acontece quando jogamos esta TV no chão? Se todas as peças continuam ali, por que a TV para de funcionar? Bem, como sabemos, para que um aparelho funcione, cada peça deve estar precisamente conectada em um local específico.
Exatamente como a TV, florestas, ou qualquer outro bioma, são compostos por centenas de espécies que não apenas ocupam um mesmo lugar, mas estão conectadas, interagindo entre si. É o que nós, cientistas, chamamos de interações ecológicas.
Estas interações são resultado de milhares de anos de seleção natural. Elas são os fios invisíveis que conectam todas as partes do ecossistema e tornam possível o funcionamento de uma floresta. A força destas interações é tão poderosa que, em muitos casos, impulsiona a evolução e leva ao surgimento de novas espécies.
Entre as incontáveis interações presentes na natureza, uma sempre foi alvo da admiração de naturalistas e cientistas. Na verdade, ela é tão importante para o entendimento do funcionamento de ecossistemas tropicais, que inspirou alguns estudos científicos clássicos em ecologia.
Em 1971, David Snow, renomado pesquisador do Museu Britânico de História Natural, publicou na revista Ibis os resultados de uma pesquisa tão genial que, até hoje, é leitura obrigatória para ecólogos de todo o mundo. O estudo Evolutionary aspects of fruit-eating by birds (Aspectos Evolutivos da Alimentação das Aves por Frutos, em tradução livre) foi um dos primeiros a investigar as consequências evolutivas das interações entre aves e plantas abrindo caminho para gerações de cientistas interessados no tema.
Desde então o conhecimento científico sobre o tema quadruplicou e, hoje sabemos que, não é mera coincidência que algumas árvores que produzem os frutos mais apreciados por algumas aves, são também aquelas que nascem naturalmente em praças e canteiros, como é o caso das pitangueiras. Isto ocorre por que muitas espécies de árvores e de aves evoluíram lado a lado, se tornando especializados uns nos outros.
Enquanto as árvores fornecem alimento e moradia, as aves, em contrapartida, polinizam suas flores e espalham suas sementes, e todos se beneficiam dessa aliança que já dura milhões de anos. De fato, há cerca de 50 milhões de anos, o extinto Septentrogon madseni, parente distante dos Trogons atuais e, uma das primeiras espécies de aves frugívoras (que se alimentam de frutos), já voava pelos céus do planeta Terra.
A maioria das aves brasileiras possui relação tão íntima com as árvores que, em alguns casos como o do Palmito-juçara, nativo da Mata Atlântica, o desaparecimento de espécies de aves de grande porte – que não apenas agem na dispersão de suas sementes como também selecionam os frutos maiores – pode causar, em poucas décadas, mudanças drásticas na biodiversidade e no equilíbrio do ecossistema..
Mesmo em áreas urbanas, árvores e aves são parceiros inseparáveis, por isso, a arborização urbana é essencial para a vida das aves em nossas cidades. Assim, quanto mais árvores plantarmos, mais aves habitarão praças e avenidas.
Sem falar que as árvores são extremamente benéficas também para a nossa saúde: absorvem o gás carbônico (CO2) e liberam oxigênio, melhorando a qualidade e a umidade do ar, além de reduzir o barulho e regular a temperatura, funcionando como um ar condicionado natural.
Que tal atrair mais aves para a sua região?
Para ajudá-lo, fiz uma pequena lista de espécies de árvores brasileiras que produzem flores e frutos muito apreciados pelas aves. Mas peço que não se esqueça de que, cada árvore, possui características próprias que as tornam mais ou menos adequadas para o plantio em uma ou outra área, além disso prefira espécies que são nativas do bioma em que sua cidade está inserida. Por isso, pesquise um pouco mais sobre cada árvore antes de fazer sua escolha.
11 ÁRVORES CUJAS FLORES ATRAEM AVES
– Paineira-rosa (Ceiba speciosa)
– Chuva-de-ouro (Cassia ferrugínea)
– Diadema (Sttiffia chrysantha)
– Embiraçu (Pseudobombax grandiflorum)
– Ingá-feijão (Inga marginata)
– Quaresmeira (Tibouchina granulosa)
– Eritrina (Erythrina falcata)
– Mulungu (Erythrina mulungu)
– Mulungu-do-litoral (Erythrina speciosa)
– Eritrina (Erythrina verna) e
– todas as espécies de Ipê nativos do Brasil.
65 ÁRVORES CUJOS FRUTOS ATRAEM AVES
– Aroeira-brava (Lithraea molleoides)
– Abiu (Pouteria spp.)
– Abricó-de-praia (Labramia bojeri)
– Açaízeiro (Euterpe oleracea)
– Acuri (Scheelea phalerata)
– Araçá (Psidium cattleianum)
– Araticum (Annona coriacea)
– Bacaba (Oenocarpus bacaba)
– Boleiro (Alchornea iricurana)
– Buriti (Mauritia flexuosa)
– Cajuaçu (Anacardium giganteum)
– Canela-amarela (Nectandra lanceolata)
– Canjerana (Cabralea canjerana)
– Cambuí (Myrcia selloi)
– Capororoca (Myrsine coriacea e Myrsine ferrugiena)
– Cambuí (Myrciaria tenella)
– Canela-amarela (Nectandra lanceolata)
– Canelinha (Nectandra megapotamica)
– Canela-preta (Ocotea sanctaecatharinae)
– Candiúba (Trema micrantha)
– Calicarpa (Callicarpa reevesii)
– Cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata)
– Chal-Chal (Allophylus edulis)
– Chichá (Sterculia chicha)
– Embaúba (Cecropia pachystachya)
– Embaúba-prateada (Cecropia hololeuca)
– Embaúba-vermelha (Cecropia glaziovii)
– Fedegoso (Senna macranthera)
– Figueira (Ficus guaranitica)
– Fruta-do-sabiá (Acnistus arborescens)
– Guabiroba (Campomaneisa xanthocarpa)
– Grandiúva-d’anta (Psychotria nuda)
– Guaçatonga (Casearia sylvestris)
– Guaburiti (Pinia rivularis)
– Grumixama (Eugenia brasiliensis)
– Jabuticaba (Myrciaria cauliflora)
– Jacatirão (Miconia cinnamomifolia)
– Jatobá (Hymenaea spp.)
– Jerivá (Syagrus romanzoffiana)
– Licuri (Syagrus coronata)
– Licurana (Hyeronima alchorneoides)
– Macaúba (Acrocomia aculeata)
– Macucurana (Hirtella hebeclada)
– Mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum)
– Manduvi (Sterculia apetala)
– Marinheiro (Licania Kunthiana)
– Mataíba (Matayba elaegnoides)
– Murici (Byrsonima crassifolia)
– Miconia (Miconia prasina)
– Palmito-juçara (Euterpe edulis)
– Pau-de-corvo (Citronella paniculata)
– Pau-formiga (Triplaris americana)
– Pau-magro (Cupania oblongifolia)
– Pau-rosa (Aniba rosaeodora)
– Pau-de-viola (Citharexylum myrianthum)
– Pitanga-vermelha (Eugenia uniflora)
– Pixirica (Leandra cardiophylla)
– Porangaba (Cordia ecalyculata)
– Quixabeira (Sideroxylon obtusifolium)
– Sapotizeiro (Manilkara achras / Achras zapota)
– Sete-capotes (Britoa sellowiana),
– Tapiá (Crateva tapia)
– Tapiriba (Tapirira guianensis)
– Tamanqueira (Aegiphila sellowiana)
– Uvaia (Eugenia pyriformis)
Periquito-rico (Brotogeris tirica), se alimentando de flores de uma das muitas espécies de árvores nativa, a Eritrina (Eritrina speciosa). Foto: Sandro Von Matter
Sandro Von Matter – Pesquisador em ecologia e conservação, jornalista ambiental e fotógrafo de natureza, investiga questões sobre o topo das florestas tropicais e as fascinantes interações entre animais e plantas. Hoje, à frente do Instituto Passarinhar, é um dos pioneiros em ciência cidadã no Brasil, e desenvolve projetos em conservação da biodiversidade e restauração ecológica, criando soluções para tornar os centros urbanos mais verdes,
Fonte – Conexão Planeta
Este Post tem 0 Comentários