Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Problema das sacolas plásticas corre o mundo, veja soluções
Os supermercados de São Paulo encerraram nesta quarta-feira, dia 04 de abril de 2012, a distribuição gratuita de sacolas plásticas no Estado. Medidas semelhantes começam a ser discutidas pela União Europeia para reduzir gradualmente o uso das sacolas no continente. Mas qual seria a melhor maneira de lidar com os problemas ambientais causados pelo uso excessivo de sacos plásticos?
No caso de São Paulo, a medida trará uma redução de até 7 bilhões no número de sacolas plásticas descartadas no Estado, segundo estimativa da Apas (Associação Paulista de Supermercados). Com isso, os supermercados terão uma economia mensal de R$ 17,5 milhões. Mas segundo João Galassi, presidente da entidade, o objetivo da medida é ambiental e não econômico.
A Apas estuda também uma forma de emprestar sacolas reutilizáveis para consumidores que forem aos supermercados, as chamadas “ecobags”, geralmente feitas de plástico ou tecido. Na Europa, diversos países já trabalham individualmente na redução das sacolas plásticas. Contudo, a Comissão Europeia se prepara agora para enfrentar o problema em todo o bloco.
Segundo o órgão executivo da União Europeia, 27 países do bloco jogam fora anualmente 800 mil t de plástico. Isso representa cerca de 4 bilhões de sacolas (191 unidades por pessoa, segundo estimativa de 2010), número bem inferior ao do Estado de São Paulo.
“O impacto desse lixo plástico pode ser visto sujando nossa paisagem, ameaçando a vida selvagem e se acumulando como ‘sopa plástica’ no oceano, cobrindo mais de 15 milhões de quilômetros quadrados”, afirma o comissário de ambiente Janez Potocnik.
Confira abaixo as soluções que já estão sendo testadas pelo mundo.
Banimento completo
No ano passado a Itália se tornou o primeiro país europeu a proibir a distribuição de sacolas plásticas não biodegradáveis. Fora do bloco, outros países ou regiões do mundo também adotaram a medida, entre os quais regiões da China, África do Sul, Quênia, Uganda, Ruanda, Somália, Tanzânia, Emirados Árabes e Bangladesh – este último após descobrir que as sacolas plásticas foram as responsáveis por entupimentos de bueiros que causavam diversas inundações.
No Reino Unido, a proibição entrou em debate no governo em 2010, quando o consumo do produto se elevou 5% após uma sequência de três anos em queda. Já nos EUA, a legislação varia de cidade para cidade.
Taxação
A Irlanda implantou uma taxa de 0,15 centavos de euro (R$ 0,36) por sacola, em março de 2002, obtendo uma redução de 95% no consumo do produto. Em cerca de um ano, 90% dos consumidores passaram a usar sacolas não descartáveis. Essa cobrança foi elevada para 0,22 centavos de euro (R$ 0,52) cinco anos depois, quando o governo identificou que o consumo anual per capita das sacolas plásticas subiu de 21 para 30 (antes da lei ele era de 328).
Os recursos arrecadados com a taxa foram usados para pesquisar novas formas de reciclagem e reduzir o volume de lixo produzido. A iniciativa irlandesa foi seguida por Bélgica, Espanha, Noruega, Holanda e o País de Gales – que também implantou uma multa de 5 mil libras (R$ 14.500) para supermercados que distribuírem sacolas plásticas gratuitamente.
Sacolas não descartáveis
Não há um substituto perfeito para as sacolas de plástico descartáveis. Sacolas mais pesadas e resistentes, feitas de plástico ou tecido, podem causar um impacto ambiental maior que o das sacolas descartáveis.
No ano passado, a agência britânica do Meio Ambiente divulgou um estudo calculando quantas vezes uma sacola reutilizável tem de ser usada para causar menos impacto ambiental do que uma sacola descartável (de plástico e papel).
Se uma sacola de plástico for usada apenas uma vez, por exemplo, sua equivalente de papel tem de ser usada ao menos três vezes para compensar a quantidade maior de carbono usada na produção e transporte.
Já uma sacola plástica reutilizável tem de ser reutilizada ao menos quatro vezes – e uma de tecido 131 vezes – para compensar seu impacto ambiental em relação a uma sacola plástica descartável. O estudo levou em conta que as sacolas não descartáveis são maiores e podem transportar mais produtos que as descartáveis.
Na FUNVERDE, desde 2005 todos usam sacolas retornáveis de plástico ou de pano e a grande maioria delas ainda está em uso, ou seja, já usamos as mesmas sacolas há 7 anos e claro, muitas já não estão lindonas, algumas parecem ter sido mastigadas, ruminadas e cuspidas por vacas, de tão detonadas, mas é só lavar e usar novamente. Estamos fazendo competição para ver quantos anos durarão estas sacolas, mas como a maioria é de lona de algodão cru, elas devem passar de 10 anos de uso e certamente ficarão vergonhosamente feias, mas ainda assim serão usadas até o fim de suas vidas úteis. Isto quer dizer que já foram e serão usadas milhares de vezes, o que representa uma gigantesca economia de recursos naturais.
Já levantamento da Universidade do Arizona, de 2010, afirmou que sacolas reutilizáveis seriam “terreno fértil para perigosas bactérias de origem alimentar”. Porém, a pesquisa foi financiada pelo Conselho Americano de Química, integrado por diversos fabricantes de sacolas plásticas, e por isso criticada por associações de consumidores.
Quando você está fedidinho – esperamos que antes disso – você não toma banho? Use as sacolas retornáveis, jogue na lavadora de roupas e use novamente. USOU, SUJOU, LAVOU! Esta é a regra para qualquer coisa suja, lave!
Sacolas biodegradáveis
A Comissão Europeia estuda novas formas de classificar sacolas biodegradáveis e compostáveis. As compostáveis só podem ser recicladas em indústrias especializadas. Já as biodegradáveis podem se deteriorar no ambiente, porém de duas formas diferentes:
– As feitas a partir de milho são mais bem decompostas em aterros sanitários, porém produzem gás metano (causador de efeito estufa) durante sua decomposição.
Elas podem produzidas a partir de milho, mandioca, arroz, trigo, batata… e utilizam água fértil e água potável, recursos naturais cada vez mais preciosos, para plantar o alimento e depois roubar este alimento do prato dos humanos e transformar uma sacola de uso único que será usada por meia hora. Insanidade, ganância, crime contra a humanidade e o planeta!
– As de tipo oxibiodegradável se deterioram em contato com o ar e com a água, mas não em aterros sanitários.
As oxibiodegradáveis, quando dispostas incorretamente no ambiente em 18 meses já terão se biodegradado, transformadas em água, biomassa e pequena quantidade de CO2. Elas devem ser usadas em casos em que não é possível substituir o plástico por sacola retornável, por exemplo para embalar carnes, peixes, produtos molhados…
Segundo a empresa britânica Symphony, produtora de sacolas oxibiodegradável, elas podem ser “programadas” para se desfazer em um período entre seis a 18 meses. “Há uma região cheia de sacolas de plástico do tamanho do Estado do Texas flutuando pelo oceano Pacífico. Se elas fossem feitas de oxibiodegradável já teriam desaparecido”, disse o parlamentar britânico Michael Stephen.
Sacolas de papel
Tradicionalmente, as sacolas de papel são as mais utilizadas nos EUA, apesar de causarem maior impacto ambiental em relação às feitas de plástico. De acordo com estudo da agência britânica de Meio Ambiente, além do maior dano ambiental, as sacolas de papel também são menos reutilizadas pelos consumidores – principalmente como sacos de lixo. Segundo o ativista Ted Duboise, do site “Relatório sobre Sacolas Plásticas”, a preferência americana pelas sacolas de papel se explica pela força do lobby da indústria madeireira do País.
De novo a ganância e a insanidade roubando terra fértil e água potável de nossos descendentes para criar uma sacola que será usada por meia hora e depois descartada.
Fonte – BBC Brasil de 04 de abril de 2012
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