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Mudanças climáticas são causadas pelo homem, afirmam 97,1% dos estudos
Um levantamento com quase 12 mil artigos científicos aponta que o consenso sobre a responsabilidade das atividades humanas no aquecimento global é muito maior do que se pensa.
Quando se acompanha as discussões sobre as mudanças climáticas pela imprensa, a percepção que se tem é que existe um grande racha na comunidade científica sobre o aquecimento global e a influência do homem no clima. A maior revista semanal brasileira, a Veja, trouxe inclusive uma reportagem na semana passada afirmando que é tudo uma fraude. Mas quem acompanha as negociações internacionais e o fluxo de estudos científicos tem uma visão bem diferente, pois a impressão clara é que existe um consenso sobre a realidade do aumento das temperaturas e suas causas.
Foi justamente essa impressão que foi confirmada nesta quinta-feira (16) pelo artigo Quantifying the consensus on anthropogenic global warming in the scientific literature (algo como, Quantificando o consenso sobre o aquecimento global antropogênico na literatura científica), publicado no periódico Environmental Research Letters.
Seus autores, liderados por John Cook da Universidade de Queensland, na Austrália, e fundador do portal Skeptical Science, analisaram 11.994 artigos científicos publicados entre 1991 e 2011, e descobriram que dos quatro mil – artigos científicos – que abordam as causas das mudanças climáticas, 97,1% apontam as atividades humanas como as grandes responsáveis pelo aumento das temperaturas.
“Nossas conclusões mostram que existe um forte consenso científico sobre o que está causando o aquecimento global, apesar de a percepção pública ser diferente. É assustador que dada a quantidade de evidências, ainda quase metade da sociedade acredite que existe uma divisão entre os cientistas”, afirmou Cook.
Não é a primeira vez que uma pesquisa busca saber a posição dos climatologistas sobre o aquecimento global. Em 2009, Peter Doran e Maggie Zimmerman apontaram que 97,4% dos 77 principais climatologistas do planeta concordavam que o aquecimento global é resultado das ações antropogênicas.
O novo levantamento é bem mais abrangente, envolvendo no total 29 mil pesquisadores que escreveram sobre mudanças climáticas no período de 20 anos avaliado. De todos os quase doze mil artigos, apenas 83 eram contrários à responsabilidade das atividades humanas.
Cook deixa claro ainda que o “racha” pode ser ainda menor, porque foi adotado um método bastante cuidadoso para avaliar os artigos.
“Fomos conservadores na nossa análise. Por exemplo, se um estudo simplesmente considerava que o aquecimento global irá continuar, poderíamos tê-lo classificado na categoria de apoio implícito, já que não há razão para esperar que o aquecimento continue indefinidamente se não for causado pelo homem. Entretanto, a menos que no sumário estivesse clara a causa do aumento das temperaturas, nós classificamos o artigo como ‘sem posição’”, explicou Cook no Skeptical Science.
Para conseguir analisar todos os artigos, a equipe contou com um grupo de voluntários de diversos países, como Estados Unidos, Nova Zelândia, Alemanha, Finlândia e Itália.
Também foram ouvidos muitos dos autores das pesquisas avaliadas. Mais de 8.500 e-mails foram enviados para os cientistas pedindo para que classificassem seus trabalhos conforme os critérios do levantamento, 1.200 deles foram respondidos.
Segundo Cook é importante dar o máximo de transparência e acesso aos resultados alcançados. “Escolhemos submeter nosso artigo à Environmental Research Letters porque é um periódico respeitado e de grande aceitação.Também fizemos isso para deixar os dados disponíveis para qualquer um.”
Para os autores, é necessário que esse tipo de levantamento ganhe o maior destaque possível, pois realmente existe uma grande diferença entre a posição real da comunidade científica e a percepção da sociedade.
“Um dos grandes fatores para esse distanciamento é a imprensa (..) Na busca por manter as reportagens ‘equilibradas’, os jornalistas dão 50% do espaço para pesquisadores céticos, o que provoca a sensação de que a comunidade científica é de fato rachada.”
Cook espera ajudar a mobilizar a opinião pública para pressionar os governos a agir. Para ele, não deveria existir mais perda de tempo discutindo se o aquecimento global é real, a ciência já avançou além dessa dúvida.
“Possivelmente a coisa mais importante para ser comunicada sobre as mudanças climáticas no momento é que existe um consenso de 97% entre os especialistas de que a humanidade está causando o aquecimento global. Vamos divulgar isso e dar fim às dúvidas sobre o consenso científico.”
Para divulgar os seus resultados, o Skeptical Science criou o Projeto Consenso, que pode ser acompanhado pelo Twiiter @ConsensusProj e pelo https://www.facebook.com/TheConsensusProject.
Fonte – Fabiano Ávila, CarbonoBrasil de 16 de maio de 2013
Imagem – “Mongo”
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