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Sol do deserto africano pode aquecer Europa

Cientistas alemães estão propondo a instalação de um gigantesco campo de espelhos em uma área desértica no norte da África para gerar energia solar para a Europa.

O plano foi detalhado em um relatório sobre fontes alternativas de energia apresentado ao governo da Alemanha no início desta semana. Usinas desse tipo já são usadas hoje na Espanha, na Austrália e em Nevada, nos Estados Unidos.

A proposta dos cientistas alemães é expandir esse conceito para produzir, em grande escala, energia que não polua o ambiente e a preços competitivos.

Os painéis seriam instalados no norte da África e a energia gerada seria destinada a consumo por países europeus. O plano recebeu o nome de Energia Solar Concentrada.

Um dos cientistas envolvidos, Gerhard Knies, explicou à BBC como a usina solar funcionaria.

“Quando você concentra luz, seja com uma lente, ou com um espelho, você gera calor”, disse Knies. “Então você pode gerar, a partir da luz do sol, temperaturas altíssimas, de 200, 300 e até 400 graus centígrados”.

“Isso é suficiente para ferver a água. Quando você ferve a água, cria vapor. Com o vapor, você move uma turbina que é conectada a um gerador elétrico – então você obtém eletricidade.”

Segundo estimativas, a luz do sol produz anualmente energia equivalente a 1,5 milhões de barris de petróleo para cada quilômetro quadrado de superfície.

Espelhos

A usina de energia solar tem a aparência de um campo coberto de espelhos, cada um com uma largura aproximada de 10 metros. A luz que chega ao espelho é concentrada e refletida sobre um cano. A luz do sol é absorvida e a água começa a ferver.

Os pesquisadores dizem que uma área relativamente pequena dos desertos quentes do mundo – cerca de 0,5% – teria de ser coberta com os coletores solares para atender às necessidades de energia elétrica do planeta.

“Para abastecer toda a Alemanha, por exemplo, seria necessária uma área equivalente às cidades de Berlim e Hamburgo juntas”, disse Knies.

Os cientistas planejam instalar os espelhos no norte da África. De lá, a energia terá de ser transportada para a Europa. Knies explicou que o norte da África já está conectado com a Europa a partir de cabos de energia elétrica.

“Os cabos passam pelo Mar Mediterrâneo e pelo Estreito de Gibraltar”, disse. “Essa rede teria de ser expandida”. Segundo ele, o esquema é comercialmente viável.

“Quando você quer transmitir energia através do mar ou entre distâncias acima de 500 a mil kilômetros, esses cabos são a melhor opção do ponto de vista econômico”.

“Hoje há cabos conectando a Noruega e a Alemanha, por exemplo, e em dezenas de lugares pelo mundo”.

Knies admite que construir os campos de espelhos e a tecnologia associada custa dinheiro, mas ele argumenta que combustíveis fósseis também são caros.

“O importante é ser competitivo.”

O cientista disse que com o preço do barril de petróleo entre US$ 50 e US$ 60, já é vantajoso financeiramente coletar energia do sol.

“Essa tecnologia pode competir com o petróleo nesse preço”, disse.

Os defensores da tecnologia dizem que este método de gerar energia solar tem uma vantagem adicional sobre outras tecnologias que utilizam luz do sol, porque a água quente pode ser armazenada, mantendo as turbinas em funcionamento horas após o cair da noite.

Além disso, dizem os cientistas, os espelhos criam áreas de sombra que podem ser usadas para agricultura e irrigadas com água dessalinizada gerada pela usina. (BBC Brasil)

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