Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Revista Página 22 de dezembro de 2014/janeiro de 2015
Química para a vida
Há 30 anos, na madrugada de 3 de dezembro, 45 toneladas de gases tóxicos vazaram de uma fábrica da empresa americana de pesticidas Union Carbide, na cidade de Bhopal, na Índia, matando cerca de 30 mil pessoas e ferindo outras 500 mil. Há pouco mais de 50 anos, a obra Primavera Silenciosa, escrita pela bióloga Rachel Carson, expôs os danos ambientais do uso indiscriminado de pesticidas, em especial o DDT.
Esses são alguns dos fatos que estão no nascedouro do ambientalismo no mundo.
Sem deixar de reconhecer os enormes benefícios que a química trouxe para a humanidade, uma série de substâncias usadas empregadas em tudo o que consumimos no dia a dia é alvo de questionamentos até hoje, sobre sua segurança e impactos na saúde humana e no meio ambiente.
Mas a indústria química que é tantas vezes associada a danos tem protagonizado inovações ao usar processos e elementos mais amigáveis e renováveis. Há uma conscientização crescente de que precisa aproximar-se cada vez mais de processos biológicos e das suas origens naturais, seja para evitar perdas reputacionais, seja para aproveitar oportunidades de mercado.
A alquimia desejava transmutar materiais em ouro, o que foi interpretado como a busca da sabedoria. Na era contemporânea, a química que estiver a serviço do bem-estar, em respeito à vida, é ouro puro.
Espera-se que constatações desse peso pressionem a assinatura de um acordo global em 2015, na Conferência das Partes em Paris, cuja costura se inicia na COP deste ano, em dezembro, em Lima. O comprometimento com metas ambiciosas de redução de emissões – sucedendo o Protocolo de Kyoto – é a chance que o mundo tem para se desviar da rota que o conduz a um futuro bem pouco promissor. Para se ter ideia do esforço necessário para atingir o menos pessimista dos cenários traçados pelos cientistas, o sistema global de energia terá de se tornar praticamente carbono-zero até o fim deste século.
Além de mecanismos de mercado, a precificação que penaliza as emissões e premia a atividade limpa pode contar com poderosos instrumentos fiscais. A tributação é objeto de um especial, publicado nesta edição, com apoio do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), organização que tem contribuído para promover o debate sobre uma política fiscal verde no Brasil.
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