Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Águas residuais são um recurso subestimado que não deveríamos desperdiçar
O tratamento de águas residuais está provando ser um bom investimento, já que exemplos de todo o mundo mostram que os benefícios vão além da saúde humana, como a prestação de irrigação para a silvicultura e indústria, o biogás, água doméstica, calor, eletricidade e fertilizante.
Um novo livro eletrônico, lançado hoje pela organização WaterLex e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), intitulado “Boas Práticas para a regulação do tratamento de águas residuais: legislação, políticas e norma”, detalha exemplos de sucesso na conversão das águas residuais para o lucro.
Em 30 bilhões de dólares por ano, os custos de investimento no tratamento de águas residuais são altos porque as oportunidades de lucro são perdidas. Na América do Norte, por exemplo, 75% das águas residuais são tratados, mas apenas 3,8% é reutilizado, enquanto em países de baixa renda apenas uma média de 8% é tratada.
O livro desafia a imagem negativa das plantas de águas residuais, citando o exemplo de Melbourne, onde a maior instalação de tratamento é também uma reserva natural protegida pela Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas. A cidade trata mais da metade do seu esgoto – 500 milhões de metros cúbicos ao dia – aproveitando os processos naturais que ocorrem em um sistema de lagoas de 11 mil hectares. Metano, que é o subproduto deste método, é preso e usado para produzir eletricidade, ajudando a mitigar a mudança do clima e reduzir o odor.
O estudo também mostra como os sistemas legais podem influenciar a qualidade e a acessibilidade da água. Por exemplo, o direito humano ao meio ambiente saudável, explicitamente garantido pelas constituições de 177 países, tem contribuído para a limpeza da Bacia do Rio Argentino Matanza-Riachuelo.
O rio, que flui através de Buenos Aires, estava sendo poluído por esgoto doméstico não tratado e efluentes das mais de 3 mil indústrias da cidade – o que representa 24% do PIB do país -, resultando em taxas de mortalidade infantil duas vezes maiores do que em províncias vizinhas. A Suprema Corte da Argentina ordenou a criação de um conselho multisetor de supervisão da sociedade civil que já garantiu a remoção de 70 mil toneladas de lixo do rio e 243.000 m³ de lixeiras.
O livro também explora os diferentes tipos de tratamento de esgoto, como o sistema combinado de planta e cooperativas na Finlândia, onde cidades contam com plantas autossuficientes em calor e 50% autossuficientes em eletricidade, enquanto comunidades rurais remotas instalam cooperativas para trataras águas residuais.
A planta As-Samra na Jordânia, que produz água para agricultura, é 95% autossuficiente em biogás. Singapura, que importa atualmente 40% da água, está explorando soluções inovadoras de tratamento para atingir a meta de independência de água até 2060. Depois de mais de dois anos de testes, tem agora instaladas 4 plantas de recuperação de água, processando 547,200 m³ por dia.
O livro eletrônico, divulgado em Estocolmo como parte das comemorações da Semana Mundial da Água, é uma resposta dentro do prazo para a diminuição de um terço da biodiversidade dos rios, lagos e terras úmidas causada pela deterioração da qualidade da água. Recomenda-se uma reação integrada ao problema, com uma consideração especial para o meio ambiente urbano, já que a projeção é de que a população de habitantes ultrapasse os 6 bilhões nos próximos 40 anos. Atualmente, cerca de 90% do fluxo de águas residuais não tratados são gerados em áreas costeiras densamente povoadas.
Fonte – PNUMA de 26 de agosto de 2015
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