Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Por um mundo livre das sacolinhas
Diário da manhã de 13 de agosto de 2008
Mais uma vez eu ocupo este espaço para falar sobre um tema relevante para todos nós: a necessidade de trocar as sacolas plásticas distribuídas no comércio pelas fabricadas a partir de tecnologia biodegradável. Na semana passada, falei sobre a Lei nº 16.268, da qual sou um dos autores, que prevê essa substituição até junho do ano que vem. Eu também mencionei uma movimentação política e empresarial para que o comércio tenha mais tempo para fazer essa adequação.
Logo após a publicação do meu artigo Sacolinhas plásticas: as vilãs do planeta, eu recebi em meu gabinete a revista mensal Comércio & Serviços – Goiás, elaborada pelo Sistema Federação do Comércio de Goiás. Em duas páginas da edição de julho, há uma reportagem sobre esta lei, que faz uma defesa contrária à substituição das sacolinhas. Uma parte específica do texto me chamou a atenção. “O que ocorre é que as sacolas oxi-biodegradáveis têm em sua composição aditivos químicos para acelerar o processo de decomposição. Esses aditivos químicos aceleram a reação do polímero com o oxigênio do ar, formando novos compostos que continuam causando dano à natureza. O ‘novo’ plástico permite apenas que a sacola se esfarele em pequenas partículas que se misturam com o solo, podendo chegar ao lençol freático.”
A máfia em ação. E não conseguiram persuadir o deputado, hahaha. Losers. Eles não tem argumento, vem tentar dissuadir as pessoas com base no achismo, mas como o deputado Daniel Goulart é uma pessoa esclarecida e comprometida com o planeta, ele fez o óbvio, se baseou em laudos, que imediatamente refutaram qualquer achismo das petroquímicas e de seus asseclas, a plastimorte, porque eles falam falam falam, mas não tem um único laudo confirmando as mentiras que dizem, ao contrário, temos dezenas de laudos, internacionais e nacionais, confirmando a eficácia e a segurança do plastico ambientalmente correto, o plástico oxi-biodegradável.
Ao pesquisar para elaborar a lei, não tinha visto nenhuma referência desse tipo. Com essa possibilidade de danos maiores ao meio ambiente, me debrucei novamente em pesquisas sobre o assunto. Entrei em contato com a empresa brasileira que detém a tecnologia (que é inglesa) para a fabricação das sacolas oxi-biodegradáveis. Munido de laudos expedidos por entidades brasileiras renomadas, como a Universidade Federal de São Carlos, a Universidade Estadual de São Paulo e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outros internacionais, o diretor-superintendente desta empresa foi simples e enfático em suas explicações: “Esfarelar-se é uma fase na degradação de qualquer plástico e também de qualquer outro material. É a regra da vida.”
Eduardo, esta frase foi simplesmente maravilhosa, disse tudo em poucas palavras, você é ótimo.
Para ele, há um lobby dos fornecedores da matéria-prima das sacolas convencionais que promove campanhas falando que há toxicidade nesta biodegradação. Se há este lobby ou não, o fato é que a maioria dos países caminha na direção de produzir plásticos biodegradáveis. Não é possível que o mundo todo está sendo enganado pelas empresas que produzem essas sacolas e que a tecnologia antiga seja, então, a apropriada.
Há sim, um lobby fortíssimo, de empresas poderosísimas, mas mais forte e poderosa que eles é a mãe terra, que usa seus fiéis soldados para salvarem a terra destes demônios das petroquímicas e de seus soldadinhos de plástico, da plastimorte.
Hoje, mais de 130 empresas produzem sacolas oxi-biodegradáveis no País, que é apenas um dos tipos biodegradáveis. 51 entidades brasileiras, que promovem ações ecologicamente corretas, utilizam esta tecnologia em suas embalagens ou sacolas, entre eles bancos e empresas de cosméticos renomados.
As indústrias que fabricam sacolas provindas do polietileno podem também adotar outra tecnologia.
Hoje, mais de 170 empresas produzem sacolas de plástico oxi-biodegradável no país e esse número só cresce, dia a dia.
Milhares de empresas já usam este tipo de plástico no Brasil, a começar pelo estado do Paraná, em que todo o varejo e obrigado a utilizar este tipo de plástico desde 08 de maio de 2008, sob pena de multa de 70 mil diários até chegar 50 milhões, quando a empresa é obrigada a encerrar suas atividades em nosso estado verde.
Ainda na defesa pelo fim das sacolas plásticas, apresentei na última semana na Assembléia Legislativa de Goiás um Projeto de Lei que institui a “Política Estadual de Incentivo ao Uso de Sacolas Retornáveis”. Essa é uma outra saída viável para tirarmos da natureza as 210 mil toneladas de plástico filme que nós, brasileiros, descartamos por ano. Redes de supermercado e até grifes de roupas estão vendendo as chamadas “eco-bags”. O nome pode ser diferente, mas elas são as nossas velhas conhecidas sacolas de pano, que nem faz muito tempo, levávamos para feiras livres.
Em São Paulo, uma campanha da prefeitura chamada “Eu não sou de plástico” defende a extinção da sacola plástica e tem o apoio de mais de 200 empresas e comerciantes. Em vários países, a sacola plástica é cobrada. Esta é uma outra maneira de inibir o consumo das sacolinhas.
O Brasil não pode ser o único país a andar na contramão do desenvolvimento sustentável. Acredito na sensibilidade dos empresários e comerciantes goianos para que nós não sejamos os únicos a voltar atrás numa decisão tão importante para o mundo.
Daniel Goulart é deputado estadual e vice-presidente do PSDB goiano.
www.danielgoulart.com
danielgoulart@assembleia.go.gov.br
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