Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Logo os oceanos poderão não suportar mais vida
A mudança climática também mexe com o equilíbrio dos oceanos, e a humanidade deve sentir alterações bruscas na vida marinha em pouco tempo. A redução na quantidade de oxigênio dissolvido nos mares já pode ser notada em algumas partes do mundo, mas deve ficar ainda mais evidente em breve.
É o que defende um estudo conduzido por três universidades dos Estados Unidos (Universidade do Colorado, Universidade do Estado de Washington e Instituto de Tecnologia de Geórgia), que já dá até data para essas mudanças serem notadas: entre a década de 2030 e 2040. Daqui a apenas 15 anos!
“A perda de oxigênio no oceano é um dos sérios efeitos colaterais do aquecimento da atmosfera e uma grande ameaça à vida humana”, aponta o autor principal do estudo, Matthew Long. Ele explica que até agora era difícil provar que a mudança na oxigenação dos mares é consequência do aquecimento da Terra, já que a concentração desse gás varia naturalmente conforme a influência de ventos e temperatura na superfície.
Água morna absorve menos oxigênio
O grande problema é que a água fria contém mais oxigênio dissolvido que água morna, então conforme a atmosfera se aquece, a água perde esse componente importantíssimo. E não tem como escapar: quase todo o oxigênio encontrado nos oceanos tem origem na superfície, seja com a dissolução direta ou pela produção por fitoplâncton – que está sempre na parte rasa do mar por precisar da luz do sol para fazer a fotossíntese.
Há ainda outro detalhe: o oxigênio absorvido pela água mais quente da superfície do mar encontra um obstáculo na sua distribuição. Com a convecção, a água quente (menos densa) continua na superfície, sem se misturar com a água fria das profundezas do mar (mais densa).
Bolsões de oxigênio x zonas mortas
Nada acontece do dia para a noite nos nossos gigantescos oceanos. Um inverno rigoroso no norte do Oceano Pacífico, por exemplo, pode gerar uma oxigenação intensa na água da região, que graças às correntes marítimas se misturam e se movimentam. O resultado é um “bolsão de oxigênio” que pode ser identificado anos mais tarde, em outro local.
O contrário também se aplica: muito calor em uma região faz com que se crie uma “zona morta” no oceano, onde peixes e outras criaturas marinhas tenham dificuldade de sobreviver. Então mesmo se cortássemos a produção do dióxido de carbono hoje para níveis que impedissem o aumento da temperatura da Terra, os oceanos ainda sentiriam os efeitos do aquecimento por décadas.
Fontes – IFLScience / Atmos News / Global Biogeochemical Cycles / Hype Science de 04 de maio de 2016
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