Por José Tadeu Arantes - Agência FAPESP - 31 de outubro de 2024 - Estratégia…
Povos Guarani utilizaram 639 plantas da Mata Atlântica
Arqueólogos da Universidade Federal de Pelotas demonstram complexidade do manejo agroflorestal feito pelos indígenas, em rede, ao longo dos séculos
Uma pesquisa arqueológica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mostra a riqueza da relação dos povos Guarani com o ambiente no sul de Santa Catarina. Em artigo publicado na revista do Laboratório de Antropologia e Arqueologia, cinco autores identificaram a utilização de 639 espécies, pertencentes a 108 famílias botânicas. Confira aqui: “Ecologia Histórica Guarani: As plantas utilizadas no Bioma Mata Atlântica do litoral sul de Santa Catarina, Brasil (Parte 1)“.
Os pesquisadores se basearam em fontes históricas e etnográficas. Constataram que as maiores porcentagens de utilização estão relacionadas à alimentação, medicina e matéria-prima. “Resultados sugerem uma estreita interação entre os Guarani e a Mata Atlântica, com fortes evidências de que o seu modelo de manejo agroflorestal foi intensamente aplicado na área por mais de 500 anos”, dizem eles no artigo.
Fonte – Universidade Federal de Pelotas
Mais de 4 ml sítios arqueológicos comprovam a ocupação do sul do país pelos Guarani. Os arqueólogos relatam uma vasta rede de aldeias autônomas, não isoladas, sempre no meio da mata. Essa rede cresceu por 2 mil anos e “começou a colapsar a partir da chegada dos europeus”, que levaram as doenças infectocontagiosas que esvaziaram as áreas de ocupação – particularmente o litoral.
Segundo os pesquisadores, o modelo agroflorestal Guarani no litoral sul catarinense colaborou diretamente na biodiversidade. Não havia um ambiente intocado quando chegaram os europeus. Povos como os Guarani e Tupinambá geriam os ambientes de forma a conectar as aldeias, sempre dentro do bioma Mata Atlântica.
Fonte – Alceu Luís Castilho, Outras Palavras, De olho nos ruralistas de 11 de novembro de 2016
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