Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
300 espécies de primatas estão à beira da extinção
Foto: domínio público/pixabay
As futuras gerações podem não ter a chance de conhecer algumas espécies de primatas, parentes mais próximos do ser humano. Se nada for feito, gorilas, orangotangos, macacos e lemurs poderão ser encontrados somente em museus e imagens de livros e internet.
O alerta assustador foi dado por um grupo de pesquisadores em artigo divulgado na publicação Science Advances. Em “A iminente crise de extinção dos primatas no mundo: por que os primatas são importantes?”, os cientistas relatam que 60% dos primatas que vivem hoje na natureza estão a caminho da extinção. Isso significa que das 504 espécies conhecidas pela biologia atualmente, 300 podem simplesmente deixar de existir e outras tantas estão com declínio de sua população.
Para chegar a estes números estarrecedores, os pesquisadores usaram informações de estudos científicos internacionais, do banco de dados das Nações Unidas e da lista vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
O responsável por esta nova onda de extinção em massa é o homem, afirmam os autores do artigo. Segundo eles, entre as principais causas para o possível desaparecimento dos primatas estão as atividades humanas, como a expansão da agricultura industrial e a pecuária sobre as florestas, desmatamento provocado pela indústria madeireira, mineração e exploração de combustíveis fósseis. Todas estas atividades têm destruído o habitat de milhares de animais no mundo todo. Só entre 1990 e 2010, a agricultura ocupou 1,5 milhão de km2 de áreas, onde antes, viviam primatas. Para se ter uma ideia do tamanho da destruição, isso equivalente a três Franças.
“A atual escala de extinção é massiva”, afirmou Anthony Rylands, pesquisador chefe da IUCN, em entrevista ao The Guardian. “Considerando o grande número de espécies ameaçadas e com população em declínio, o mundo enfrentará em breve uma nova grande onda de extinção, caso nada seja feito imediatamente!”.
O lemur de Madagascar, um dos primatas que pode desaparecer do planeta. Foto: domínio público/pixabay
O estudo publicado na Science Advances mostra detalhadamente onde os primatas sofreram a maior perda de habitat. Espalhados por cerca de 90 países, em zonas denominadas neotropicais, 2/3 deles vivem em somente quatro países: Brasil, Madagascar, Indonésia e Congo.
Em Madagascar, a situação é a pior de todas. Lá, 87% dos primatas são considerados em risco eminente de extinção.
Uma nova onda de extinção em massa
Este não é o primeiro grande alerta sobre uma nova era de extinção no planeta. Em 2015, foi lançado o documentário Racing Extinction (A Corrida da Extinção, em tradução livre), que mostrava o que pesquisadores têm afirmado há muito tempo: metade das espécies que conhecemos hoje podem desaparecer até o final deste século.
Todos os anos, milhares de plantas, insetos, aves, mamíferos, reptéis e anfíbios morrem. Simplesmente deixam de existir. De acordo com historiadores, a Terra já passou por cinco grandes períodos de extinção. No último deles, o choque de um meteoro gigante teria provocado a morte dos dinossauros.
Cientistas acreditam que agora estamos na sexta era de extinção. Mamíferos gigantes, os chamados grandes predadores, podem deixar de viver. Baleias, tubarões, rinocerontes, elefantes, gorilas, tigres e leões morreriam e sumiriam dos mares, florestas e savanas do mundo.
A importância dos primatas no planeta
Os primatas são os parentes biológicos mais próximos do ser humano. São essenciais para o entendimento da evolução de nossa espécie na Terra. E são também fundamentais para a biodiversidade do planeta.
Os animais ajudam a dispersar sementes e, assim, recuperar florestas e matas. Estudos mostram que muitos primatas foram identificados ainda como polinizadores, já que algumas espécies se alimentam de flores e néctar.São ainda importantes indicadores da saúde do ecossistema onde vivem.
Em Madagascar, por exemplo, a presença dos lemurs está relacionada com o crescimento de árvores de grande porte, com grandes sementes. Caso sejam extintos, não se sabe ainda o impacto que isso pode ter sobre a floresta.
Fonte – Suzana Camargo, Conexão Planeta de 25 de janeiro de 2017
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