Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Melhor uso de recursos naturais renderia US$2 tri para economia
Mineração de cascalho (zozzzzo/Thinkstock)
Se as tendências atuais continuarem, o uso anual de recursos per capita crescerá mais de 70% em meados do século, alerta relatório da ONU
Escassez de água, poluição do ar e do solo, desmatamento, perda de biodiversidade, desertificação, bilhões de toneladas de resíduos descartados todos os anos…A lista crescente de problemas ambientais tem um denominador comum: o nosso padrão insustentável de produção e consumo.
É como se as gerações do presente estivessem escrevendo a fórmula para o caos na Terra daqui a algumas décadas. Não precisa ser assim. Tudo depende de como extraímos, usamos e descartamos os recursos naturais que o Planeta generoso nos oferta.
Um uso mais inteligente e eficiente, além de reduzir a pressão ambiental, pode trazer benefícios econômicos anuais da ordem de US$ 2 trilhões, superior ao PIB da Itália, revelam dados de um novo relatório produzido pelo Painel de Recursos Internacional, um grupo de especialistas em meio ambiente da ONU.
Segundo o estudo, com esse ganho econômico, o mundo poderia compensar os custos de implementação de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Uma conta que não para de crescer
Ao longo dos últimos 50 anos, os seres humanos vêm alterando os ecossistemas em um ritmo mais acelerado e intenso do que em qualquer outro período da história humana.
Tendo em vista que a população global deverá crescer 28% até meados do século, a conta ecológica vai aumentar sobremaneira — estimativas apontam que 71% mais recursos per capita serão necessário até 2050.
Sem ações urgentes para aumentar a eficiência, a utilização global de metais, biomassa, minerais, areia e outros materiais aumentará de 85 para 186 bilhões de toneladas por ano até 2050, o que soma ainda mais para a dívida ecológica.
O relatório “Eficiência de Recursos: Implicações Potenciais e Econômicas”, lançado nesta semana na reunião do G20 em Berlim destaca que a utilização mais sustentável dos materiais e da energia não só cobriria o custos para manter o aquecimento da Terra abaixo de 2 graus Celsius, evitando os piores efeitos das mudanças climáticas, mas poderia contribuir para o crescimento econômico e a criação de emprego.
Por exemplo, entre 2005 e 2010, um programa britânico reciclou e reutilizou sete milhões de toneladas de lixo destinados ao aterro sanitário. Esse movimento evitou a emissão de seis milhões de toneladas de dióxido de carbono e poupou perto de 10 milhões de toneladas de materiais virgens e mais de 10 milhões de toneladas de água.
Também aumentou as vendas dos negócios em US$ 217 milhões, reduziu os custos empresariais em US$ 192 milhões e criou 8.700 postos de trabalho.
“Este é um ambiente ganha-ganha”, disse Erik Solheim, Chefe de Ambiente da ONU. “Usando melhor os recursos do planeta, vamos injetar mais dinheiro na economia para criar empregos e melhorar os meios de subsistência. E, ao mesmo tempo, criaremos os fundos necessários para financiar uma ação climática ambiciosa”.
Além de benefícios econômicos, a análise também mostra que a eficiência reduziria o uso de recursos globais em cerca de 28% em 2050 em comparação com as tendências atuais.
O relatório constatou, ainda, que os ganhos econômicos da eficiência dos recursos serão distribuídos de forma desigual. A extração mais lenta de recursos poderia reduzir as receitas e afetar os empregos em alguns setores, como mineração e pedreiras.
Mas mesmo com essas considerações, os países ganharão mais com a mudança de políticas para facilitar a transição para práticas mais eficientes do que por continuar a apoiar atividades predatórias.
Fonte – Vanessa Barbosa, Exame de 17 de março de 2017
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