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Pesticidas podem causar danos no cérebro, diz estudo da UE que recomenda alimentos biológicos

vegetais

Segundo um estudo encomendado pelo Parlamento Europeu, os resíduos de pesticidas nos alimentos que comemos podem causar danos no cérebro

Segundo um estudo encomendado pelo Parlamento Europeu, os resíduos de pesticidas nos alimentos que comemos podem causar danos no nosso cérebro. Os investigadores avisam que os atuais níveis de exposição aos pesticidas têm “custos muito elevados”, particularmente para as crianças e mulheres grávidas.

O relatório é uma análise de vários estudos e dados científicos sobre o impacto da alimentação biológica na saúde humana e a potencial contribuição das práticas de gestão biológicas para o desenvolvimento de sistemas alimentares saudáveis.

De acordo com o relatório, há cada vez mais indícios de que os resíduos de inseticidas estão a ter efeitos adversos no cérebro e a reduzir o quociente de inteligência (QI) da população. O relatório também suscita preocupações quanto à possibilidade destes químicos causarem cancro e danos ao sistema reprodutor.

Um estudo norte-americano citado no trabalho descobriu que as crianças cujas mães apresentavam vestígios de organofosfatos na urina, durante a gravidez, possuíam uma maior probabilidade de ter um “desenvolvimento mental desfavorável aos dois anos de idade, problemas de atenção aos três anos e meio assim como aos cinco anos e um desenvolvimento intelectual inferior por volta dos sete anos”.

Foto: Peggy e Marco Lachmann-Anke

Embora os pesticidas sejam produtos fortemente regulamentados na Europa, o relatório argumenta que a sua regulamentação tem sido insuficiente, conta o Daily Telegraph. Apesar de os produtos fitofarmacêuticos serem submetidos a “uma avaliação de riscos exaustiva antes de serem lançados no mercado (…) continuam a existir grandes lacunas”, dizem os investigadores.

“Pelo menos 100 pesticidas diferentes são conhecidos por causarem efeitos neurológicos adversos e, por conseguinte, deve-se suspeitar de que todas estas substâncias também sejam capazes de causar danos nos cérebros em desenvolvimento”, diz o relatório, realizado pela Unidade de Estudos Científicos Prospetivos do parlamento, dirigida pela Universidade de Cientistas Agrícolas da Suécia.

“É possível que estes efeitos nocivos sejam duradouros e uns dos principais resultados serão os défices cognitivos, frequentemente manifestados em termos de perdas de pontos de QI. O conjunto de provas e indícios sugere que os custos das atuais exposições a certos pesticidas na UE elevam-se a um mínimo de 125 mil milhões de euros por ano, calculados a partir das perdas de rendimento vitalício devido à diminuição dos quocientes de inteligência, associada à exposição pré-natal.”

Os investigadores acreditam que este valor é “quase de certeza um cálculo abaixo da realidade”, já que não tem em consideração a possível contribuição dos pesticidas para doenças como a de Parkinson, diabetes e alguns tipos de cancro.

Os cientistas recomendam que a exposição a frutas e vegetais não biológicos seja limitada, particularmente no caso de crianças e mulheres grávidas.

“Os dados analisados neste relatório mostram que é desejável uma menor exposição da população geral [aos pesticidas] (…), face às descobertas dos estudos epidemiológicos que indicam que os atuais níveis de exposição têm custos muito elevados”, conclui o trabalho de investigação.

“Diversas práticas na agricultura biológica, em particular a escassa utilização de pesticidas e antibióticos, trazem benefícios para a saúde humana”, escreveu Axel Mie, investigador que liderou o estudo.

“Existem indícios de que as culturas biológicas possuem um teor de cádmio inferior ao das culturas convencionais, devido às diferenças de utilização de fertilizantes e da matéria orgânica do solo, uma questão que é muito relevante para a saúde humana”, disse Ewa Rembiałkowska, professora da Universidade de Varsóvia.

“Consideramos que as pessoas que preferem comida biológica também têm preferências dietéticas mais saudáveis, de um modo geral, incluindo mais vegetais, frutas e produtos integrais e menos carne. Estes padrões também são favoráveis, numa óptica de sustentabilidade ambiental”, disse Johannes Kahl, professor.

O relatório sugere ainda que existe uma ligação entre o consumo de alimentos biológicos e um menor risco de doenças alérgicas, assim como possíveis benefícios para as pessoas que sofrem de obesidade.

Fonte – The UniPlanet de 20 de junho de 2017

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