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100 empresas são responsáveis por 71% das emissões de gases de efeito estufa do mundo
Por Carol Daemon de 05 de agosto de 2017
100 empresas são responsáveis por 71% das emissões de gases de efeito estufa do mundo
Desde 1988, 100 empresas foram responsáveis por 71% das emissões globais de gases de efeito estufa no mundo.
Esses dados provêm de um relatório publicado pelo Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização sem fins lucrativos. Com base na rápida expansão da indústria de combustíveis fósseis nos últimos 28 anos, eles publicaram alguns números surpreendentes sobre os principais emissores de carbono do mundo.
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) são normalmente avaliadas por país, com China, EUA e Índia figurando como os principais emissores do mundo. Já o novo relatório do CDP tem uma abordagem diferente, rastreando as emissões para empresas específicas.
O relatório baseia-se nas emissões de carbono e metano da atividade industrial por produtores de combustíveis fósseis, representando 923 bilhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono desde 1988, ano em que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas foi estabelecido. Isto é mais de metade de todas as emissões globais de GEE industrial desde o início da Revolução Industrial em 1751, de acordo com o relatório.
O que torna a situação ainda pior é o fato de que apenas 25 empresas produziram mais da metade de todas as emissões industriais no período entre 1988 e 2015.
A principal emissora entre estas é a indústria estatal chinesa de carvão, seguida pela Saudi Aramco. A terceira maior emissora é a russa Gazprom. Já a brasileira Petrobras aparece na 22ª posição.
O objetivo deste relatório é equipar os investidores com uma repartição abrangente das emissões de carbono associadas aos seus laços financeiros na indústria de combustíveis fósseis.
“Isso coloca uma responsabilidade significativa sobre esses investidores por se envolverem com os maiores emissores de carbono e exortá-los a divulgar o risco climático”, disse o diretor técnico do CDP, Pedro Faria.
Tendo esses números disponíveis, podemos ter uma imagem muito mais clara dos principais influenciadores quando se trata de cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.
“A ação climática não se limita mais à direção dada pelos decisores políticos, é agora um movimento social, comandado por imperativos econômicos e éticos e apoiada por quantidades crescentes de dados”, afirma o relatório.
O relatório também apresenta uma visão para o futuro, descrevendo os principais passos que as empresas podem dar para a transição com sucesso para um modelo de negócios em que as emissões são limitadas.
“Se a tendência na extração de combustível fóssil continuar nos próximos 28 anos como ocorreu nos 28 anteriores, as temperaturas médias globais estarão a caminho de aumentar em torno de 4º C acima dos níveis pré-industriais até o final do século”, apresenta o relatório.
As mudanças resultantes em nosso planeta nos colocariam no caminho certo para um clima que nenhum humano que já viveu tenha experimentado, ameaçando nossa segurança alimentar e tornando regiões inteiras da Terra inadequadas para se viver.
“As empresas de combustíveis fósseis também terão de demonstrar liderança nesta transição”, afirma Faria. “Todos devemos estar conscientes da nossa responsabilidade compartilhada, o que implica aprender com o passado, mas mantendo os olhos no futuro”.
Você pode ver a lista completa das 100 empresas e ler o relatório completo aqui (em inglês).
A crise climática do século 21 foi causada por apenas 90 empresas (incluindo a Petrobrás)?
Emissões de gases pelos carros, desmatamento e queimadas são vistos como alguns dos maiores vilões causadores do aquecimento global. Mas uma nova pesquisa demonstra que os maiores culpados pela crise climática do século 21 são as empresas. Mais especificamente 90 delas, que produziram cerca de dois terços das emissões de gases de efeito estufa desde o alvorecer da era industrial. Entre esses provacadores, constam nomes como Petrobrás, Chevron, Exxon, BP, British Coal Corp, Peabody Energy e BHP Billiton.
A maioria dessas empresas está (ou já esteve) envolvida com produção de petróleo, gás ou carvão – a queima desses combustíveis fósseis intensifica o efeito estufa. Apenas sete empresas não estão envolvidas na área – eram produtoras de cimento.
Metade das emissões estimadas foi produzida nos últimos 25 anos. Nesse período, os governos e corporações já estavam conscientes de que o aumento das emissões de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis estava causando uma mudança climática perigosa.
Atualmente, muitas dessas mesmas 90 empresas controlam reservas substanciais de combustíveis fósseis que, se forem queimados, podem colocar o mundo em um risco ainda maior de uma mudança climática alarmante.
As maiores empresas foram responsáveis por uma parcela desproporcional das emissões. Cerca de 30% delas foram produzidas por apenas 20 corporações. Os dados correspondem a oito anos de pesquisa exaustiva da Climate Accountability Institute sobre as emissões de carbono ao longo dos anos e do histórico dos grandes emissores.
Estatais
A lista de empresas conta com 31 companhias estatais, como a Petrobrás, Saudi Aramco (da Arábia Saudita), Gazprom (da Rússia) e Statoil (da Noruega). Nove eram indústrias estatais de produção de carvão em países como China, a antiga União Soviética, Coreia do Norte e Polônia.
Cálculos indicam que as empresas estatais de petróleo da União Soviética lideram as emissões de gases de efeito estufa – cerca de 8,9% do total. A China fica com o segundo lugar, sendo responsável por 8,6% das emissões globais totais. Entre as empresas não governamentais, a ChevronTexaco é líder, tendo liberado 3,5% das emissões de gases de efeito estufa até agora. A empresa é seguida pela Exxon (3,2%) e pela BP (2,5%).
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já alertou que, se continuarmos no ritmo atual de emissão de gases de efeito estufa, o mundo terá apenas mais 30 anos para esgotar sua “cota de carbono” – a quantidade de dióxido de carbono que poderia ser emitida sem entrar na zona de perigo, com aquecimento acima de dois graus Celsius.
Em inglês: Dot Earth The NY Times
A lista do The Guardian com infográfico de destacar: Which companies caused global warming?
A especialista em Mudanças Climáticas e Sequestro de Carbono, da Universidade Positivo (Curitiba), Mônica Pinto, que concedeu entrevista a jornalista Andrea Margon, de Vitória (ES), está preocupada com o impacto da exploração do pré-sal.
Diz ela:
“Para se ter uma ideia do impacto da indústria petrolífera, basta dizer que a Exxon Mobil, a maior companhia do mundo no negócio de petróleo e gás, tem parcela superior na emissão mundial de gases de efeito estufa – com ênfase para o dióxido de carbono – do que a maior parte de países inteiros. Em outros termos, se fosse um país, a companhia seria o sexto maior do planeta em emissões de C02, ultrapassando inclusive nações desenvolvidas como o Canadá e o Reino Unido”.
Já no caso da Petrobras, Mônica Pinto destaca:
“Passando ao caso brasileiro, a Petrobras tem se mostrado razoavelmente atenta à nova ordem. Lançou o Projeto Estratégico Mudança Climática, incorporado a seu Planejamento Estratégico 2020, em que estabelece indicadores, metas e políticas relativos às suas emissões de CO2 e à eficiência energética. Trata-se de um exercício de sensatez porque nenhum país que tenha reservas de petróleo abrirá mão de usá-las. Isso é utópico, ainda mais tendo em vista que o mundo está longe de exterminar a dependência de combustíveis fósseis, que se verifica em maior ou menor grau conforme cada Nação. O que se mostra absolutamente fundamental é investir concretamente nas alternativas viáveis no campo da geração energética renovável, com a urgência que o cenário requer. Sempre digo que se observam hoje avanços no campo da qualidade ambiental, mas não na velocidade desejável, pois a Terra tem pressa”.
Aqui no Brasil, em 2011, Petrobras prepara-se para ultrapassar a Exxon:
De acordo com a Fortune, até o final desta década, a Petrobras deverá desbancar a Exxon Mobil como a maior petrolífera listada em bolsa em termos de receita e produção de petróleo. Para José Sergio Gabrielli, presidente da estatal, ultrapassar a norte-americana não é uma meta, apenas um possível resultado.
“Nós temos muito óleo. Nos próximos quatro ou cinco anos estaremos falando de uma companhia que terá entre 30 bilhões e 35 bilhões de barris em reserva. Ninguém no mundo – nenhuma empresa com ações listadas – possui nada parecido”, declarou Gabrielli à revista.
Já que perguntar não ofende: E em caso de vazamento, há um plano de contingência adequado à dimensão do problema?
Segundo a SOS Mata Atlântica, não. Leia mais no site deles: Plano Nacional contra vazamentos de petróleo não garante segurança da costa
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