Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Hortas urbanas ganham cada vez mais espaço nas grandes cidades
(Foto: AENPR)
Para os habitantes das grandes cidades, conseguir alimento fresco e saudável nem sempre se mostra uma tarefa fácil na rotina familiar. Assim, as hortas urbanas – ou hortas comunitárias – têm se tornado uma boa opção, tanto como alternativa para uma alimentação saudável quanto gerador de uma fonte de renda sustentável. Órgãos do Governo do Paraná têm trabalhado para fomentar a prática e ajudar a mudar os hábitos e gerar recursos para famílias de baixa renda do Estado. As ações são promovidas em parceria com as prefeituras municipais, que na maioria das vezes fornecem o terreno onde são criados os espaços.
O Programa Cultivar Energia, criado pela Copel, apoia a implantação de hortas comunitárias na faixa de segurança sob os linhões de distribuição de energia da companhia. Atualmente o projeto atende três espaços em funcionamento na cidade de Maringá, beneficiando cerca de 140 famílias. Recentemente, foram inauguradas três novas hortas em Cascavel. A empresa trabalha também para a implantação de uma nova horta no município de Ponta Grossa, que deverá beneficiar cerca de mil famílias. A Copel está em negociação com a prefeitura de Curitiba para a regularização de algumas hortas já existentes na capital e para a implantação de novas áreas de cultivo.
(Foto: AENPR)
Durante a ocupação dos espaços, os moradores cadastrados produzem alimentos agroecológicos e saudáveis, consumidos pela comunidade que trabalha nas hortas. Outra vantagem é a possibilidade de comercialização da produção excedente, gerando assim uma fonte de renda para os produtores. “Há ainda os ganhos indiretos para comunidade como melhoramento nos indicadores de saúde relativos à alimentação saudável, a questão ocupacional – principalmente de idosos – e o fortalecimento do relacionamento da comunidade com a Copel”, destaca o assistente social da empresa, Rafael Garcia Carmona.
O programa é realizado a partir de parceria entre as prefeituras municipais e a Copel. Assim, a horta é exclusivamente implantada em áreas sob linhas de transmissão de propriedade da companhia ou do poder público municipal. As hortas ajudam a preservar os imóveis e evitam a ocupação irregular do local.
Universidades estaduais
A Universidade Estadual de Maringá também tem conseguido ótimos resultados desde que começou a apoiar o projeto de hortas comunitárias, em 2008. Todos os anos são produzidos cerca de 300 toneladas de alimentos nos 37 canteiros do projeto espalhados por Maringá, beneficiando diretamente 1.250 famílias, aproximadamente 4 mil pessoas. “Essas hortas ficam em áreas periféricas da cidade e têm atendido muita gente. É um projeto exitoso que tem dado certo e conseguido alimentar as pessoas de forma saudável, além de gerar renda e emprego”, diz Ednaldo Michellon, professor do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá. Segundo ele, muitas famílias têm como única fonte de renda a venda dos produtos colhidos das hortas. “Tem sido um movimento excelente de agricultura urbana em Maringá”, diz.
Com o apoio dos recursos do governo do estado, por meio da UEM, os bolsistas e profissionais da universidade mantêm hortas por meio da assistência técnica e extensão rural. Recentemente, técnicos e engenheiros agrônomos da Emater têm iniciado um trabalho juntos aos espaços, prestando atendimento técnico.
Tanto trabalho e dedicação têm gerado bons frutos e conquistado reconhecimento internacional. O projeto é divulgado durante encontros em vários países sobre agricultura urbana e agora a UEM fará parte da comissão organizadora do terceiro Congresso Internacional de Agricultura Urbana que será realizado em setembro de 2018, em Porto Alegre. “Fazemos parte deste grande movimento que deverá ser difundido ainda mais nos próximos dois anos”, comemora.
Na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), o projeto Holipar oferece um curso gratuito de produção de alimentos e flores sem agrotóxico para a comunidade. De acordo com o professor Adilson Anacleto, coordenador do projeto em Paranaguá, o objetivo é dar orientações básicas para o cultivo de hortas orgânicas e popularizar a produção desse tipo de produtos nas cidades, gerando oportunidade de renda para a comunidade. A ação é vinculada ao programa Universidade Sem Fronteiras e financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI). “Esse projeto tem apenas seis meses e já atingimos mais de 100 pessoas treinadas. Até março do próximo ano a meta é atingir 250 pessoas”, diz o coordenador. O público-alvo é, preferencialmente, pessoas de baixa renda. “Damos a oportunidade para que essas famílias produzam verduras e flores com a finalidade comercial. Orientamos a construção de estufas de bambu de baixo custo para viabilizar a produção. Então aquela pessoa que está desempregada tem a oportunidade de obter uma fonte de renda sem precisar investir dinheiro”, explica.
Fonte – Massa News de 18 de setembro de 2017
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