Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Estes 10 inesperados recursos do planeta estão se esgotando
Em 1900 havia apenas 1.6 bilhão de pessoas na Terra. Em 1950, este número foi dobrado, e em 2000 atingimos a marca de 6 bilhões, chegando aos 7.5 bilhões atuais.
A boa notícia é que com a simples medida de educar e dar acesso aos meios contraceptivos às mulheres de países menos desenvolvidos, a média de filhos por casal caiu de 6.3 para 1.9 em apenas duas gerações.
Mesmo com essa desaceleração na multiplicação humana, a Organização das Nações Unidas calcula que a população mundial em 2050 deve ser de 9,7 bilhões e, em 2100, 11 bilhões – sendo que 9 bilhões estarão concentrados na Ásia e África.
Esses números podem ser assustadores se continuarmos com o padrão de consumo insustentável que temos hoje. Se falta recursos para a população atual, imagine quando formos 11 bilhões habitando este planeta. Atualmente, uma em cada oito pessoas não tem comida suficiente em casa e 1.3 bilhão não tem acesso à energia elétrica constante.
Muitos podem pensar “ainda bem que eu não vou estar vivo para ver a catástrofe que será viver em 2100”, mas mesmo hoje há o esgotamento de alguns recursos que pensávamos ser abundantes. Confira a lista:
10. Areia – Mesmo se você não viver no litoral ou perto de um deserto, você está cercado pelo conjunto de partículas de rochas degradadas. Isso porque o concreto, vidro, tijolos, tinta e até a pasta de dentes precisam da areia em sua composição.
O problema é que não é qualquer tipo de areia que é própria para cada uma dessas funções, e com o boom da construção civil na China, essa demanda tem crescido explosivamente. A China usou mais areia nos últimos quatro anos que os Estados Unidos no século XX inteiro. Dubai, apesar de estar em um deserto, não tem o tipo de areia ideal para construção, e precisou importar areia de praias do Reino Unido e da Austrália.
9. Tratamentos eficazes para gonorreia – O primeiro antibiótico a tratar esta DST surgiu na década de 1940, mas a bactéria da gonorreia, Neisseria gonorrhoeae, tem encontrado formas de mutar e selecionar as cepas mais fortes do que o remédio consegue combater. Em apenas 70 anos, antibióticos perderam a eficácia para combater a doença, e apenas um tipo deles ainda funciona bem.
O primeiro tipo de gonorreia resistente a todos os antibióticos da classe das cefalosporinas, porém, surgiu no Japão em 2011. Este caso é da variação da bactéria chamada H014, e pesquisadores alertam que isso é preocupante, já que a gonorreia é a doença sexual mais contraída no mundo.
8. Hélio – Já se perguntou porque encher balões de festa com gás hélio é relativamente caro? A resposta é que extrair este gás é caro, e as maiores reservas do gás natural estão nos Estados Unidos. Apesar de ser o segundo gás mais abundante do universo, a atmosfera da Terra não é capaz de contê-lo, e ele é perdido para o espaço com facilidade. O hélio não é um recurso renovável.
Seu uso é muito mais nobre que em balões infantis. Ele é usado para detectar vazamentos em dutos, para limpar tanques de foguetes da NASA, para refrigeração de reatores nucleares e em equipamentos de ressonância magnética.
7. Injeções letais – Os laboratórios que produzem medicamentos que podem ser usados para eutanásia humana têm todos os ingredientes necessários para produzi-los. Neste caso não há escassez de matéria-prima, mas falta de interesse dos laboratórios em ter sua marca associada a execuções.
Em 2016, o gigantesco laboratório Pfizer entrou para a lista de 20 outras empresas farmacêuticas dos EUA e Europa que bloquearam os EUA de usar suas drogas para execuções. “A Pfizer faz seus produtos para melhorar e salvar as vidas de pacientes que atendemos. Nos opomos fortemente ao uso de nossos produtos para injeções letais para pena de morte”, afirma nota da empresa publicada em maio de 2016.
Para contornar este problema, estados norte-americanos têm escondido a origem das drogas utilizadas nas execuções, provavelmente utilizando pequenos laboratórios que produzem as substâncias sob demanda.
Alguns estados também começaram a fazer experimentos com coquetéis ainda não testados, resultando em mortes desumanas, como a de Clayton Lockett, no estado de Oklahoma em abril de 2014. O prisioneiro levou 43 minutos para morrer, aparentemente com terríveis dores. O mesmo aconteceu meses depois com o prisioneiro Joseph Wood, no estado de Arizona, que levou 58 minutos para morrer.
Frente a estas dificuldades, alguns estados têm flertado com métodos draconianos de execução. Em 2015, o estado de Utah aprovou uma lei que reinstala o esquadrão de fuzilamento como método secundário caso o estado falhe em obter a injeção letal. Já o estado de Tennessee aprovou a execução por cadeira elétrica caso o acesso à injeção seja dificultado.
6. Terras férteis – Um cálculo feito por pesquisadores da ONU apontou que temos o equivalente a 60 anos restantes de solo superficial que pode ser usado na agricultura. Isso porque gerar 3 cm de solo leva mil anos, e a taxa atual de degradação é superior à de formação do solo.
As causas de destruição do solo incluem agricultura com muitos produtos químicos, desmatamento (que aumenta a erosão), e aquecimento global. A notícia mais triste é que apesar de 95% do nosso alimento vir do solo, ele costuma ser ignorado no mundo todo.
“Estamos perdendo 30 campos de futebol de solo a cada minuto, em sua maioria para agricultura intensiva”, alerta o ativista Volkert Engelsman.
5. Espermatozoide – Um estudo analisou a concentração de espermatozoide na população dos EUA, Europa, Austrália e Nova Zelândia, e observou que houve uma queda de 52% nessa concentração entre os anos de 1973 e 2011.
Esses declínios têm maiores implicações do que na saúde reprodutiva: saúde ruim dos espermatozoides está associado com a alta morbidade e mortalidade geral da população.
Mas o que está causando esta queda? Pesquisadores acreditam que isto está relacionado ao nosso ambiente e a fatores que impactam nossos hormônios, como dieta, pesticidas e até estresse.
4. Peixe – Os índices de pesca nos oceanos devem diminuir 2% ao ano até ficarmos sem peixes selvagens. A situação é pior do que parece porque as grandes empresas de pesca não declaram toda a quantidade de peixes que capturam todos os anos. Estima-se que 92% da pesca não seja declarada por barcos de pesca chineses, e 40% da pesca global seja mantida escondida.
Isso provoca uma enorme falta de equilíbrio na cadeia alimentar e no ciclo reprodutiva dos animais dos oceanos, causando um problema que vamos sentir em breve.
3. Espaço para armazenar dados – Dados nunca foram mais importante que agora. Eles são vitais para negócios em todo o mundo. Em 2020, estima-se que haverão 26 bilhões de aparelhos com conexão à internet em uso, isso sem contar os 7 bilhões de smartphones, tablets e computadores. Os bilhões de HDs ao redor do mundo não vão conseguir acompanhar este crescimento, mas há soluções criativas sendo propostas.
Em 2013, por exemplo, um grupo de pesquisadores do Instituto European Bioinformatics conseguiu armazenar a coleção completa de sonetos de Shakespeare, um PDF com a primeira descrição da estrutura de hélice dupla do DNA, um trecho de 26 segundos do discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King Jr., e uma foto em formato JPEG em um filamento do DNA. Se realmente conseguirmos colocar em uso tecnologias desse tipo, tudo ficará bem.
2. Ouro – Mineradores de ouro têm tido dificuldade em descobrir novos pontos de extração nos últimos 10 anos. Várias empresas de mineração tiveram que cancelar mais e mais projetos por conta de grandes riscos potenciais. Os investimentos em ouro têm diminuído de US$10 bilhões em 2012 para US$4 bilhões em 2016. Assim, a oferta do metal deve cair entre 15 e 20% nos próximos três a quatro anos.
Por isso, empresas que não têm medo de sonhar com coisas grandes estão mirando em um asteroide cheio desse metal. Ele passou pela Terra pela última vez em 2011, e é chamado UW158. A rocha tem mais de 500 metros de comprimento e tem o equivalente entre US$300 bilhões e US$ trilhões em metais preciosos.
Neste momento, ele está a uma distância seis vezes maior que a Terra e a Lua. Mas isso não tem desanimado pesquisadores. Uma empresa chamada Planetary Resources, no estado de Washington (EUA), passou por uma expedição de três meses para testar sua tecnologia para prospecção extraterrestre. A nave Rosetta da Agência Espacial Europeia também conseguiu pousar em um cometa em 2014, provando que podemos ter uma corrida do ouro muito futurista em breve.
1. Enfermeiros –
Países desenvolvidos estão passando por uma queda na oferta de profissionais de enfermagem. Isso porque o número de idosos está aumentando dramaticamente e também porque há falta de programas de enfermagem para absorver candidatos qualificados.
Entre 2010 e 2030, o número de idosos nos EUA deve aumentar 75%. Daqui a 13 anos, uma entre cinco pessoas será idosa. Isso é um número impressionante, levando em conta que 80% dos idosos tem pelo menos uma doença crônica, e 68% tem duas delas.
E por que não há enfermeiros em abundância neste país? Apenas em 2012, os programas de enfermagem ao redor dos EUA recusaram quase 80 mil candidatos qualificados com a justificativa que faltam professores, salas de aula, espaços clínicos e que há problemas orçamentários. Por isso, recentemente tem-se observado uma migração de enfermeiros do Canadá para os EUA.
Fontes – List Verse / Juliana Blume, Hypescience de 26 de setembro de 2017
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