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Aquecimento global é uma grave ameaça à saúde

Poluição, ondas de calor, epidemias, desnutrição… Um novo relatório do “The Lancet” avalia os efeitos do aquecimento global na saúde humana de forma perturbadora.

O aquecimento global tem um custo enorme para a nossa saúde e, como enfatizou, em 2015, a Comissão de Saúde e do Clima (Commission for Health and Climate) do The Lancet, pode estragar os últimos 50 anos de progresso da medicina no mundo.

Agora, um novo relatório publicado na respeitada revista britânica na terça-feira, dia 31 de outubro, confirma a tendência alarmante.
O relatório, que é a primeira edição de “The Lancet Countdown: Tracking Progress on Health and Climate Change” (Contagem Regressiva The Lancet: Acompanhando o Progresso na Saúde e nas Mudanças Climáticas), analisa os efeitos das ondas de calor, da poluição e da proliferação de insetos vetores de epidemias em grande escala, acompanhando 40 indicadores.

A “Contagem Regressiva The Lancet” resulta de um projeto conjunto de 24 organizações de pesquisa e instituições internacionais, como a Organização Mundial da Saúde e o Banco Mundial. O objetivo é publicar um relatório a cada ano até o ano de 2030.

Os números falam por si. Entre 2000 e 2016, o número de pessoas vulneráveis expostas às ondas de calor disparou.

Em 2015, a taxa aumentou em 125 milhões, afetando 175 milhões pessoas, com inúmeros riscos importantes, tais como insolação e agravamento de condições cardíacas ou de insuficiência renal pré-existentes.

De acordo com o relatório, apenas a poluição por carbono contribuiu para mais de 800.000 mortes prematuras na Ásia neste mesmo ano. Os efeitos das ondas de calor e da seca na produção agrícola e no abastecimento de alimentos também causam preocupação.

A revista The Lancet estima que o aumento de temperaturas causou uma queda de 5,3% na produtividade dos trabalhadores em áreas rurais desde 2000, colocando as populações agrárias carentes em risco de não conseguirem se sustentar.

O relatório também destaca o aumento alarmante da desnutrição no mundo. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, cada grau a mais pode resultar em uma diminuição de 6% e 10% na produção de trigo e de arroz, respectivamente.

Epidemias também foram objeto de atenção no relatório.

A incidência de certas doenças, como a dengue e o chicungunha, em breve, pode aumentar muito, devido ao clima mais quente e à proliferação de mosquitos vetores. Os pesquisadores estimam que a capacidade vetorial para a transmissão da dengue já aumentou 9,4% desde a década de 50.

Esta é uma observação preocupante, porque as consequências para a saúde poderiam ter sido diminuídas se políticas ambiciosas de mitigação e adaptação tivessem sido postas em prática durante a década de 90, após as primeiras advertências da ONU e do IPCC sobre o estado do planeta.

Os pesquisadores foram cautelosos nas suas conclusões nesta primeira edição. Isto é particularmente significativo, uma vez que os efeitos das alterações climáticas na saúde pública também contribuem para o aumento da desigualdade no mundo, afetando as populações mais vulneráveis primeiro.

Porém, os pesquisadores também veem o lado bom da situação, com o aumento geral da consciência nos últimos cinco anos e, em particular, com o acordo de Paris, de 2015.

“Pode ir de uma grande ameaça para a saúde a maiores avanços no campo da saúde durante a próxima década”, afirma o professor Anthony Costello, diretor da OMS, que co-dirigiu o relatório.

Os autores também pediram uma aceleração da “transição para uma sociedade com baixo consumo de carbono”.

Fontes – Delphine Nerbollier, La Croix International / tradução Luísa Flores Somavilla, IHU de 01 de novembro de 2017

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