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Reutilizar garrafas PET pode estar acabando com a sua saúde. Entenda por quê!

Reutilizar garrafas PET pode estar acabando com a sua saúde. Entenda por quê!

Compartilho aqui no The Greenest Post um artigo, muito bem escrito, do Lorde Wallimann. Diz ele, em seu post: “Fuja do uso de recipientes plásticos para o cultivo de alimentos, inclusive PET e PVC“. O motivo? Segundo ele, além de não estar ajudando na preservação do meio ambiente, você está colocando sua saúde em risco. Isso sem falar na utilização de pneus e recipientes de metal que são piores ainda.

Muita gente se ilude com o uso e mais ainda com a reutilização de recipientes de plásticos para o cultivo de alimentos. Quando reutilizam, pensam que estão colaborando com a preservação do meio ambiente. Ou, quando compram qualquer vaso já produzido com esse material, acham que estão fazendo um bom negócio em função do baixo preço, se comparado com vasos feitos de melhores materiais, como barro e cerâmica, por exemplo. Ocorre que a maioria dos plásticos possui em sua composição substâncias tóxicas e, para piorar, grande parte  dos recipientes utilizados já estiveram em contato direto com substâncias tóxicas que não faziam parte originalmente da sua composição. É o caso, por exemplo, de embalagens de produtos químicos, de tinta, de cola, galões de combustível e embalagens de produtos de limpeza e veneno, que são constantemente reutilizadas.

“O plástico leva 100 anos para se decompor, até lá nós todos já morremos”, lembra Wallimann. Há plásticos que levam até muito mais tempo do que isso. Sem falar da nossa responsabilidade com as gerações futuras! O problema é que o plástico não possui relógio de pulso, ele não fica contando segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos até que: “Opa, acabei de fazer 100 anos, é hora de eu me desintegrar e contaminar a natureza”. Como ocorre com toda matéria, o plástico ao longo do tempo vai desprendendo partículas no ambiente em que se encontra – processo que vai se acelerando com o passar do tempo. É o mesmo que acontece com você, com o seu corpo, por exemplo… Enfim, com seres vivos que vão soltando células ao longo de sua existência. Nada disso é visível a olho nu, mas está acontecendo exatamente agora.

E entre tantos tipos de plásticos, estão as garrafas PET, tidas como queridinhas da galera da reutilização, levadas por muita propaganda e marketing ao coração de ‘nosotros’, afinal “eram embalagens de alimentos, que perigo podem representar?”. É, de fato: a indústria está muito mais preocupada com a sua saúde do que com o lucro. Só que não! Mesmo que tudo fosse assim tão correto e honesto, ocorre que o tempo, a maneira e as condições ambientais de uso (como temperatura, umidade contínua e exposição ao sol) para cultivar alimentos dentro dessas embalagens são muitíssimo diferentes de quando elas estavam simplesmente embalando alimentos – e quanto mais prolongado e frequente o uso, pior o risco. As garrafas PET têm símbolo de reciclagem 1 (um) e possuem substâncias contaminantes de desregulação endócrina, além de químicos estrogênicos, que causam problemas hormonais, como identificado por um estudo americano de 2010 chamado Polyethylene Terephthalate May Yield Endocrine Disruptors – entre outros trabalhos similares.

Outras garrafas que embalam água, por exemplo, não são propriamente PETs, mas também não são próprias para serem reutilizadas, tanto é que até mesmo seus fabricantes recomendam seu descarte após o uso. E “existe outro problema relacionado a essas garrafas (de água): o Bisfenol A (ou BPA), um composto utilizado na produção de plásticos e resinas, que é encontrado principalmente nos plásticos que são fabricados com policarbonato (símbolo de reciclagem 7). Um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos EUA, analisou um grupo de pessoas que utilizou garrafas plásticas com esse material por uma semana e esse curto espaço de tempo foi suficiente para detectar aumento dos níveis de BPA na urina em cerca de 60% (!). Outro estudo da Universidade de Cincinnati descobriu que ao lavar as garrafas com água quente, o processo de lixiviação é acelerado, ou seja, o BPA se desprende mais facilmente quando submetido a altas temperaturas (Lembra que citei a exposição ao sol um pouco antes? Pois é!). E mais: ao analisar comparativamente o ciclo de vida das embalagens de PET, de alumínio (que é altamente cancerígeno!) e de vidro, a embalagem PET é a que causa os maiores impactos ambientais. Isso falando só dos impactos diretos, sem citar os indiretos e os de pós-consumo. Ou seja, não estamos ajudando a preservar o meio ambiente ao optar pelas garrafinhas plásticas.

Se você reusa uma embalagem, qualquer que seja, as partículas que ela desprende vão para o ar, para o solo e para a água. As plantas e animais absorvem estas substâncias do ambiente e você vai acabar ingerindo-as por meio da sua alimentação. Pesquisa intitulada Endocrine Disruptors in Bottled Mineral Water: Total Estrogenic Burden and Migration from Plastic Bottles relata a presença de substâncias químicas que imitam ou alteram o hormônio estrogênio no corpo humano, principalmente os ftalatos e o bisfenol-A, classificados como estrogênios ambientais. A IARC, Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, um braço da Organização Mundial de Saúde da ONU, classifica as substâncias químicas cancerígenas em três grupos:
– confirmadas como cancerígenas ao ser humano;
– com menor evidência de efeitos em seres humanos, mas comprovadamente cancerígenas em animais;
– e com possibilidade de serem cancerígenas.

Para ilustrar, três substâncias que se enquadram nesses grupos: o clorometil metil éter, por exemplo, é usado em sínteses de solventes e polímeros; já o cloreto de vinila é utilizado na síntese do cloreto de polivinila, popularmente conhecido como PVC; e o estireno, quando polimerizado, produz o PS, um plástico usado em diversos produtos do nosso dia a dia, como canetas e garfos descartáveis, entre tantos outros.

Plástico dá câncer?

As causas que levam ao câncer são variadas e podem ser internas – fatores genéticos ou (in)capacidade de defesa do organismo, por exemplo – ou externas – como condições ambientais ou ainda hábitos e costumes diários.

No entanto, estudos apontam que cerca de 80% a 90% dos casos de câncer estão ligados a fatores ambientais – substâncias químicas, radiação solar, vírus e outros que ainda estão em estudo.

Os casos de câncer causados por fatores genéticos são os mais raros. Até por isso, aqueles que têm muitos casos de câncer na família, precisam avaliar outros fatores suspeitos, como por exemplo os hábitos alimentares herdados dos seus antepassados.

“Sempre reutilizei PETs na minha horta e nunca aconteceu nada com minhas plantas”

O efeito do consumo destas substâncias tóxicas é cumulativo e atua diretamente nas células dos organismos vivos – como as plantas e animais que tomam água em vasilhames plásticos, por exemplo. O efeito é a longo prazo e pode ser bem catastrófico: degeneração de células, deformação do DNA, declínio da renovação celular, proliferação irregular dos tecidos… Consequências que podem encurtar sua expectativa de vida e aumentar o risco de câncer e doenças degenerativas, por exemplo. Sem contar que a absorção/ingestão destas substâncias compromete o metabolismo, impedindo ou prejudicando o aproveitamento correto de nutrientes essenciais.

“Mas está tudo contaminado mesmo”, você pode dizer. Realmente, estamos expostos a contaminações por todos os lados – razão pela qual o câncer, por exemplo, mata mais a cada ano. Exatamente por isso é tão importante fugir de todo tipo de contaminação que a gente puder e não passar para as novas gerações os maus hábitos e a ignorância. Pois cada vitória neste sentido pode não só significar uma vida mais longa, mas uma vida com mais qualidade.  Já consumimos diariamente partículas de plástico presentes em cosméticos, cremes, loções, pastas de dente e sabonetes líquidos,para citar alguns. Por isso, a importância reforçada da produção e consumo de alimentos orgânicos – pois estes alimentos além de te livrarem de uma parcela de contaminação, vão ajudar o seu organismo a se fortalecer para enfrentar a contaminação de que você não consegue fugir.

Se te preocupa a trágica contaminação ambiental por plástico, não é reutilizando embalagens que você vai salvar o mundo. O melhor é evitar a aquisição de produtos com esta composição ou com este tipo de embalagem, dar preferência para as recicladas e mais ainda para as retornáveis.

O melhor destino para o plástico não é a reutilização, mas sim a reciclagem – para a construção civil e a indústria de brinquedos e móveis, entre outros segmentos. E digo mais: se você quer mesmo ajudar o meio ambiente, evite aumentar a demanda pela produção de novas levas deste produto e escolha, por exemplo, tijolos para a obras da sua casa feitos a partir da reciclagem de PETs. Ao comprar a sua casa, compre uma casa feita de materiais reciclados. Prefira produtos da indústria da reciclagem, das indústrias ambientalmente responsáveis que incluem em seus programas de ação a destinação responsável de resíduos. E saiba mais: durante um processo inteligente de reciclagem, substâncias tóxicas podem ser eliminadas do produto final.

Puxão de orelha

O reaproveitamento de PETs não é bom. Trata-se de uma mentira que só virou verdade nesta sociedade do século 21, porque foi repetida milhares de vezes. A realidade é essa: o uso de uma garrafa PET velha no seu quintal, ou em forma de roupa, ou como um “telhado verde”, não é reciclagem e nem preserva o meio ambiente. Reciclagem é quando uma garrafa PET velha vira uma garrafa PET nova, como é feito com as garrafas de vidro. Só assim o uso da matéria-prima, o petróleo, e o gasto de energia estarão reduzidos. O que acontece com a PET, na realidade, é o contrário: a garrafa não vira uma nova garrafa PET. A garrafa velha vira um outro produto, um processo que internacionalmente recebeu o nome de “downcycling” e isso não é saudável.

Ao contrário do vidro, a PET não pode ser reutilizada na sua linha de produção original e seu processo de reciclagem ainda é caro e complicado. Por isso, a indústria de embalagens prefere utilizar matéria-prima original para seus produtos e inventou a propaganda da PET Recicling. Novos mercados para o “lixo PET” foram criados e estão estimulando a produção de novas garrafas, feitas à base de petróleo. Afinal, se há demanda, aumenta-se a produção.

Entre esses novos mercados, podemos citar o mercado de Eco-Camisas, Eco-Bolsas ou Eco-mochilas feitas de PET: para que ele exista, é preciso que a produção de garrafas PET (feitas de petróleo, vale reforçar!) nunca pare e isso é um ato contra a sustentabilidade, contra o meio ambiente e contra a nossa própria saúde.

A produção de PETs está longe de ser fácil ou limpa. Além do uso de petróleo, várias outras substâncias tóxicas são necessárias (ou ainda criadas) no processo de fabricação. Atualmente, a indústria está, por exemplo, usando trióxido de antimônio no processo de produção das PETs – um metal pesado, venenoso e que pode causar câncer nos seres vivos. Para se ter uma ideia, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer coloca o trióxido de antimônio no grupo 2B – das substâncias possivelmente cancerígenas para o ser humano.

A substância orgânica Bisfenol-A é um outro grande vilão na produção de garrafas de plástico, entre outras embalagens. Esta substância de fórmula (CH3)2C(C6H4OH)2 é um estrogênio sintético e pode causar câncer e infertilidade. Já foi provado há anos que o Bisfenol-A pode contaminar os líquidos que estão dentro das garrafas PET e, no entanto, a substância continua a ser usada no processo de produção.

A verdade dói, mas é uma só: quem compra garrafas PET e a reutiliza também é responsável pela continuidade do uso do petróleo no planeta, pela mineração de antimônio e por seus vários efeitos que prejudicam a saúde e pela contaminação do meio ambiente com substâncias tóxicas e cancerígenas. O mundo não precisa de garrafas, camisas ou viveiros de PET. Vidro é o melhor material para guardar qualquer bebida – inclusive a água. As garrafas de vidro podem ser reutilizadas centenas de vezes. E o material de vidro pode ser reciclado sem fim. O próprio vidro é a melhor matéria-prima para fazer vidro. Pense nisso. Essa discussão vai longe – e é super importante!

Fonte – Alice Branco Weffort, The Greenest Post de 16 de novembro de 2017

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