Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Cacto é o alimento do futuro
Cacto: “Embora a maioria dos cactos não seja comestível, as espécies do gênero Opuntia têm muito a contribuir” (Thin Lei Win/Reuters)
Especialistas de todo o mundo chegaram à conclusão de que a planta oferece muitas possibilidades aos agricultores como alimento, feno e água
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) fez um apelo nesta quinta-feira (30) a favor do cacto, em especial o Nopal, planta de origem mexicana, considerado comida e feno fundamentais para o futuro em inúmeras regiões do mundo.
O Nopal – Figueira de pá, Tuna, ou Chumbera -, entre outras denominações, deve ser considerado “valioso, especialmente como alimento e feno para o gado em áreas de terras secas”, explicou a FAO em um comunicado divulgado em Roma.
Especialistas de todo o mundo reunidos na sede da entidade chegaram à conclusão de que a planta, da família das cactáceas, em geral considerada daninha e desvalorizada, oferece muitas possibilidades aos agricultores como alimento, feno e água para a população local e seu gado.
“Embora a maioria dos cactos não seja comestível, as espécies do gênero Opuntia têm muito a contribuir, em especial se gerenciada como cultivo ao invés de planta silvestre”, sustenta a agência especializada da ONU.
A FAO citou o caso da “extrema seca” que atingiu Madagascar em 2015, onde o cacto se revelou crucial.
A subespécie Opuntia ficus-indica, cujos espinhos foram eliminados, mas reaparecem se a planta sofrer algum estresse, foi introduzida em 26 países, além de sua área de distribuição natural.
“Sua grande resistência a torna um alimento útil de último recurso e parte integral dos sistemas agrícolas e pecuaristas sustentáveis”, destacou a FAO.
Para divulgar os conhecimentos sobre o manejo eficaz do Nopal, a FAO e o Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Zonas Secas (Icarda) elaboraram o folheto “Ecologia, cultivo e usos do Nopal (Crop Ecology, Cultivation and Uses of Cactus Pear)”, com informações atualizadas sobre os recursos genéticos da planta, traços fisiológicos, preferências de solo e sua vulnerabilidade às pragas.
Cacto, um prato gourmet
A publicação também oferece conselhos sobre como explorar as virtudes culinárias do Nopal, como ocorre há séculos em sua terra natal, o México, e recordando que o cacto se tornou uma tradição gourmet na Sicília.
“A mudança climática e a crescente ameaça das secas são razões importantes para promover o humilde cactus ao status de cultivo essencial em muitas áreas”, assegurou Hans Dreyer, diretor da Divisão de Produção e Proteção Vegetal da FAO.
O cultivo do Nopal está se estendendo lentamente, impulsionado pela crescente necessidade de plantas resilientes diante da seca, dos solos degradados e das temperaturas mais altas, reconheceram os especialistas.
No México, onde o amplo consumo per capita anual de nopalitos, os saborosos e tenros ramos, também denominados cladódios, é de 6,4 quilos. As Opuntias são cultivas em pequenas chácaras e colhidas em meio natural em mais de três milhões de hectares, recorda a FAO.
No Brasil, mais de 500 mil hectares de plantações de cactos são destinados ao fornecimento de feno.
A planta também é habitualmente encontrada em chácaras na África do Norte e na região de Tigré, na Etiópia, conta com cerca de 360 mil hectares, dos quais a metade é cultivada.
A capacidade do Nopal de sobreviver em climas áridos e secos o torna um elemento-chave na segurança alimentar, de acordo com a organização especializada.
Além de fornecer alimento, o cacto armazena água em suas folhas, tornando-se assim em um “poço” botânico capaz de fornecer até 180 toneladas de água por hectare, o suficiente para manter cinco vacas adultas, o que supõe um aumento substancial na produtividade típica dos pastos.
Em tempos de seca, a taxa de sobrevivência do gado é muito mais alta em chácaras com plantações de cactus.
A pressão prevista sobre os recursos hídricos no futuro converte os cactus em “um dos cultivos mais importantes para o século XXI”, assegura Ali Nefzaoui, pesquisador do Icarda na Tunísia.
Fontes – AFP / Exame de 30 de novembro de 2017
Nem adianta falar EEECA! Não cuidar do planeta tem efeitos colaterais.
Este Post tem 0 Comentários