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Cacto é o alimento do futuro

Cacto na sede da FAO, dia 24/11/2017Cacto: “Embora a maioria dos cactos não seja comestível, as espécies do gênero Opuntia têm muito a contribuir” (Thin Lei Win/Reuters)

Especialistas de todo o mundo chegaram à conclusão de que a planta oferece muitas possibilidades aos agricultores como alimento, feno e água

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) fez um apelo nesta quinta-feira (30) a favor do cacto, em especial o Nopal, planta de origem mexicana, considerado comida e feno fundamentais para o futuro em inúmeras regiões do mundo.

O Nopal – Figueira de pá, Tuna, ou Chumbera -, entre outras denominações, deve ser considerado “valioso, especialmente como alimento e feno para o gado em áreas de terras secas”, explicou a FAO em um comunicado divulgado em Roma.

Especialistas de todo o mundo reunidos na sede da entidade chegaram à conclusão de que a planta, da família das cactáceas, em geral considerada daninha e desvalorizada, oferece muitas possibilidades aos agricultores como alimento, feno e água para a população local e seu gado.

“Embora a maioria dos cactos não seja comestível, as espécies do gênero Opuntia têm muito a contribuir, em especial se gerenciada como cultivo ao invés de planta silvestre”, sustenta a agência especializada da ONU.

A FAO citou o caso da “extrema seca” que atingiu Madagascar em 2015, onde o cacto se revelou crucial.

A subespécie Opuntia ficus-indica, cujos espinhos foram eliminados, mas reaparecem se a planta sofrer algum estresse, foi introduzida em 26 países, além de sua área de distribuição natural.

“Sua grande resistência a torna um alimento útil de último recurso e parte integral dos sistemas agrícolas e pecuaristas sustentáveis”, destacou a FAO.

Para divulgar os conhecimentos sobre o manejo eficaz do Nopal, a FAO e o Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Zonas Secas (Icarda) elaboraram o folheto “Ecologia, cultivo e usos do Nopal (Crop Ecology, Cultivation and Uses of Cactus Pear)”, com informações atualizadas sobre os recursos genéticos da planta, traços fisiológicos, preferências de solo e sua vulnerabilidade às pragas.

Cacto, um prato gourmet

A publicação também oferece conselhos sobre como explorar as virtudes culinárias do Nopal, como ocorre há séculos em sua terra natal, o México, e recordando que o cacto se tornou uma tradição gourmet na Sicília.

“A mudança climática e a crescente ameaça das secas são razões importantes para promover o humilde cactus ao status de cultivo essencial em muitas áreas”, assegurou Hans Dreyer, diretor da Divisão de Produção e Proteção Vegetal da FAO.

O cultivo do Nopal está se estendendo lentamente, impulsionado pela crescente necessidade de plantas resilientes diante da seca, dos solos degradados e das temperaturas mais altas, reconheceram os especialistas.

No México, onde o amplo consumo per capita anual de nopalitos, os saborosos e tenros ramos, também denominados cladódios, é de 6,4 quilos. As Opuntias são cultivas em pequenas chácaras e colhidas em meio natural em mais de três milhões de hectares, recorda a FAO.

No Brasil, mais de 500 mil hectares de plantações de cactos são destinados ao fornecimento de feno.

A planta também é habitualmente encontrada em chácaras na África do Norte e na região de Tigré, na Etiópia, conta com cerca de 360 mil hectares, dos quais a metade é cultivada.

A capacidade do Nopal de sobreviver em climas áridos e secos o torna um elemento-chave na segurança alimentar, de acordo com a organização especializada.

Além de fornecer alimento, o cacto armazena água em suas folhas, tornando-se assim em um “poço” botânico capaz de fornecer até 180 toneladas de água por hectare, o suficiente para manter cinco vacas adultas, o que supõe um aumento substancial na produtividade típica dos pastos.

Em tempos de seca, a taxa de sobrevivência do gado é muito mais alta em chácaras com plantações de cactus.

A pressão prevista sobre os recursos hídricos no futuro converte os cactus em “um dos cultivos mais importantes para o século XXI”, assegura Ali Nefzaoui, pesquisador do Icarda na Tunísia.

Fontes – AFP / Exame de 30 de novembro de 2017

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