Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Brincando com o perigo – brinquedos feitos de PVC contêm aditivos extremamente tóxicos
Os plastificantes são usados para tornar o PVC flexível. A classe de plastificantes mais usada é a dos ftalatos, substâncias extremamente tóxicas. Os ftalatos são usados em quantidades tão elevadas que podem constituir até 50% da massa de produtos como capas-de-chuva para crianças e alguns brinquedos para bebês, incluindo mordedores. Estudos realizados por cientistas de agências ambientais de governos da Europa mostraram que, quando as crianças colocam brinquedos flexíveis de vinil na boca, podem engolir doses perigosas de ftalatos. Os efeitos dessas substâncias estão principalmente relacionados a danos aos rins, fígado e sistema reprodutivo.
Por que o chumbo continua sendo usado?
A indústria do PVC declarou por vários anos que o chumbo pode ser facilmente substituído por outras substâncias menos tóxicas. Apesar disso, o chumbo continua a ser largamente usado nos produtos de PVC. Ou a alegação da indústria não é verdadeira ou os produtores não consideram o envenenamento por chumbo uma questão urgente.
Representantes do governo, da mídia e o público americanos ficaram chocados quando, em junho de 1996, descobriu-se que persianas de vinil continham níveis elevados de chumbo e que as crianças poderiam ingerir a poeira de chumbo depositada na superfície desses produtos. Quase um ano mais tarde, o escritório do Greenpeace nos EUA encontrou praticamente os mesmos resultados em uma série de produtos de PVC destinados a crianças.
E os plastificantes?
O Greenpeace também testou brinquedos de PVC, inclusive mordedores, para verificar a presença de plastificantes perigosos, em especial os ftalatos. O estudo demonstrou que quantidades elevadas dessas substâncias estão sendo utilizadas em brinquedos destinados a bebês e crianças pequenas.
A solução segura: eliminar o PVC
Essa exposição desnecessária a aditivos tóxicos provenientes do PVC é um problema evitável. Muitos tipos de plásticos são macios e flexíveis sem que haja a necessidade do uso de plastificantes. A indústria de vinil pode prometer a substituição dos aditivos tóxicos por outros mais seguros, mas no passado isto significou substituir uma substância tóxica conhecida por outra menos estudada. A solução segura, tanto para fabricantes como para os consumidores, é eliminar o PVC/vinil.
O que você pode fazer
1. Não compre produtos de vinil ou PVC.
Aqueles que você já adquiriu devem ser devolvidos ao fabricante ou revendedor.
2.-Telefone ou escreva para revendedores, lojas, fabricantes, distribuidores ou suas associações empresariais e exija que removam do mercado os produtos de PVC para crianças.
Eis alguns endereços:
Abrinq – Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos -(011) 816 3644
ABREB – Associação Brasileira dos Revendedores de Brinquedos – (011) 256-9136
PB Kids – 0800-559955
DB Brinquedos – 0800-147000
Chicco – (011) 3064 – 6188
WAL MART Brasil – (011) 705 5800
LEGO do Brasil – (011) 5220011
Brinquedos Bandeirante – (011)6918 0780
Estrela – (011) 6951 8628, 6951 8679
Glasslite – (011) 292 9928, 608 3331
3. Exija dos fabricantes a identificação do material que compõe os produtos plásticos destinados a crianças.
A maioria dos mordedores e brinquedos usados para distrair bebês é feita de PVC. É muito difícil para os consumidores identificar o tipo de plástico usado num brinquedo, já que não há exigências de selos ou rótulos explicativos. Alguns produtos de PVC são comercializados com a indicação “vinil”, outros são marcados com o número “3” ou a letra “V”. Os consumidores têm o direito de saber o que estão comprando. Na ausência de um rótulo explicativo completo, entre em contato com o fabricante através dos serviços de atendimento ao consumidor. Pergunte de que são feitos os brinquedos e quais aditivos contêm. Os fabricantes são relutantes em fornecer este tipo de informação – portanto, seja persistente;
4. Exija do Ministério da Saúde que teste a presença de ftalatos, cádmio e chumbo nos brinquedos comercializados no país.
Ministério da Saúde – Disque-Saúde – 1520 (p/ encaminhamento de denúncias) ou (011) 256-9288
Resultados dos Testes de Produtos de PVC Plastificantes: Ftalatos
Os testes que o Greenpeace realizou detectaram a presença de plastificantes (ftalatos) em doses extremamente elevadas em brinquedos de PVC desenhados para bebês e crianças pequenas. Quando adquirido para uso laboratorial, esse tipo de plastificante apresenta em seu rótulo frases de advertência como
“perigoso se inalado ou em contato com a pele” e até mesmo “pode causar câncer”.
No entanto, todas as embalagens de brinquedos de vinil descrevem o produto como “não-tóxico”. Todos os produtos de PVC contêm essas mesmas substâncias perigosas, por isso, alguns governos da Europa proibiram o uso de plastificantes em brinquedos de PVC. Além disso várias lojas de brinquedos estão também retirando produtos de PVC para crianças de suas prateleiras. Abaixo listamos alguns dos produtos testados, disponíveis no mercado brasileiro, e seus fabricantes.
Soft’n Munch Dessert Teether First Rattle
(mordedor em forma de biscoito); (chocalho/mordedor com personagens Disney); Safety 1th Playskool
Sof’Sport Teether Teether Album
(mordedor em forma de molho de “chaves”); (livrinho de plástico com personagens Disney); Safety 1th Playskool
ESTABILIZANTES: Chumbo e Cádmio
O Greenpeace EUA testou mais de 100 produtos selecionados ao acaso e feitos de plástico PVC, muitos dos quais desenhados para crianças. Abaixo listamos alguns dos produtos que estavam próximos de exceder ou excederam os níveis de chumbo e cádmio considerados perigosos pelo governo norte-americano.
* guarda-chuva da Turma do Pernalonga
* haste da esprequiçadeira da Barbie
* jogo americano do filme “Space Jam”
* cabo de fone de ouvido Philco
* mochila “Os 101 dálmatas”
* cabo do controle Sega
* chaveiro Disney da Minnie
Alternativas aos produtos de PVC
Ninguém pode garantir que qualquer plástico seja seguro na boca de uma criança. Materiais alternativos e mais seguros do que o vinil existem e já estão disponíveis. Os pais devem considerar madeira e tecido como opções mais seguras de materiais para brinquedos infantis.
O Greenpeace tem uma campanha permanente contra plásticos clorados (PVC). Acreditamos que a população tem o direito de saber sobre as substâncias químicas que seus filhos estão ingerindo. Como crianças e bebês não têm escolha, o Greenpeace está informando os pais, governos, revendedores e fabricantes de brinquedos desse perigo potencial. Os primeiros anos do desenvolvimento de uma criança são críticos e, por isso, acreditamos que o risco advindo de brinquedos de PVC flexível é inadmissível.
Fonte – EcolNews
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