Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
França a um passo de proibir lojas de descartarem ou destruírem a roupa não vendida
O governo francês anunciou a intenção de proibir, até 2019, que a roupa não vendida seja descartada ou destruída.
Dois anos depois de ter proibido os supermercados de deitarem fora os alimentos que não vendem, a França planeia agora fazer o mesmo para a roupa.
No roteiro para o desenvolvimento de uma economia circular apresentado pelo primeiro-ministro Édouard Philippe, o governo francês anunciou a sua intenção de “fazer valer para a indústria têxtil, até 2019, os princípios gerais da luta contra o desperdício alimentar para garantir que os produtos não vendidos deste sector não são nem descartados nem eliminados”.
Desta forma, as marcas seriam obrigadas a optar por medidas mais sustentáveis como a reciclagem ou a doação dos artigos que não vendem.
“Por enquanto, não está nada realmente especificado, é um roteiro preliminar, mas é uma boa notícia. O prazo de 2019 vai permitir ao governo fazer um balanço da situação, calcular a quantidade de [têxteis] descartados, analisar os procedimentos instituídos pelas marcas e as dificuldades”, disse Valérie Fayard, diretora geral adjunta da Emaús, uma organização com fins filantrópicos que tem apelado pela introdução desta medida há vários meses.
Segundo um estudo da Fundação Ellen MacArthur, a França descarta 600 mil toneladas de roupas, calçado, vestuário de trabalho e roupa de casa por ano e apenas um quarto deste valor é recolhido para reciclagem ou caridade.
Recentemente, fotos de produtos da marca Celio rasgados e deitados fora pelos funcionários da loja provocaram indignação na internet e reacenderam o debate sobre o destino do vestuário não vendido. Também a gigante de fast fashion H&M foi acusada pelo programa de televisão dinamarquês Operation X de incinerar 12 toneladas de roupas não vendidas por ano, uma alegação negada pela empresa.
Roupa rasgada encontrada num contentor de lixo em frente à loja Celio e pendurada nas grades pelos transeuntes | Foto: Nathalie Beauval
A moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo. De acordo com estimativas de 2015, a indústria da moda é responsável pela emissão de mais de mil milhões de toneladas de CO2 por ano e pela produção anual de cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Em média, são consumidos anualmente 79 mil milhões de metros cúbicos de água para a produção de roupa, o que encheria 32 milhões de piscinas olímpicas.
“A indústria têxtil depende sobretudo de recursos não renováveis – no total, 98 milhões de toneladas por ano –, incluindo petróleo para produzir fibras sintéticas, fertilizantes para cultivar algodão e químicos para produzir, tingir e finalizar fibras e têxteis”, explica a Fundação Ellen MacArthur.
“É chegada a altura de a indústria da moda se assegurar de que os seus produtos são usados mais vezes”, disse François Souchet, da Iniciativa Fibras Circulares da fundação. “Quer seja através da pressão por parte dos legisladores ou dos consumidores, muitos indícios dizem que é a altura certa para a indústria repensar o seu modelo de negócios.”
Fonte – The UniPlanet de 13 de junho de 2018
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