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Geleiras no Ártico canadense estão sob risco de desaparecer completamente

De acordo com um estudo que fez um levantamento sem precedentes da região, centenas de geleiras no Ártico canadense estão encolhendo e muitas correm o risco de desaparecer completamente.

Usando imagens de satélite, os pesquisadores catalogaram mais de 1.700 geleiras no norte da ilha de Ellesmere, analisando a forma como mudaram entre 1999 e 2015.

Eles descobriram que as geleiras haviam encolhido em mais de 1.700 quilômetros quadrados ao longo de um período de 16 anos, representando uma perda de cerca de 6%.

Três já sumiram

Um estudo anterior sobre as geleiras da região, que usou fotos aéreas e não incluiu plataformas de gelo, havia indicado uma perda de 927 quilômetros quadrados entre 1959 e 2000. Isso sugere que o ritmo dos danos pode estar aumentando.

“É uma área muito difícil de estudar”, disse Adrienne White, glaciologista da Universidade de Ottawa (Canadá). “Logisticamente, é muito difícil de chegar e até mesmo com imagens de satélite – por muito tempo o Google Earth nem tinha imagens completas – era meio que um lugar esquecido”.

Das 1.773 geleiras rastreadas pela White, 1.353 reduziram em tamanho significativamente. Três desapareceram completamente. “Em termos de glaciares que terminam em terra, perdemos três pequenas calotas polares”, afirmou.

As descobertas refletem as mudanças que White observou durante seus anos visitando a ilha. “Nós vemos muito mais icebergs. Onde havia uma plataforma de gelo contínua, agora vemos icebergs individuais quebrados, vemos muito mais fissuras”, resumiu.Aume

nto das temperaturas

White atribui a situação a um aumento nas temperaturas. A parte do Canadá que atravessa o Ártico, uma das regiões mais glaciais do mundo, está se aquecendo a uma das taxas mais rápidas de qualquer outro lugar na Terra. No norte da ilha de Ellesmere, a temperatura média anual aumentou em 3,6° C entre 1948 e 2016.

Em particular, parece ter havido uma mudança – um aumento repentino no aquecimento – em meados dos anos 1990, que levou a uma subida de cerca de 0,78° C por década entre 1995 e 2016.

Embora o impacto mais direto seja o aumento do nível do mar, o derretimento do gelo também corre o risco de acabar com os ecossistemas exclusivos da região, como os lagos de água doce que se formam quando a água escorrendo de uma geleira fica presa por uma plataforma de gelo flutuante.

“Quando essas geleiras se quebram, de repente não há nada que retenha esses ecossistemas que estão crescendo e se desenvolvendo há milhares de anos. E eles se vão antes mesmo de termos a chance de estudá-los”, lamenta White.

O perigo

Extrapolando a partir de pesquisas feitas em geleiras de uma ilha vizinha, o novo estudo indica que muitas das geleiras na ilha de Ellesmere podem não ser altas o suficiente para acumular neve e conter o ritmo em que estão se derretendo.

“Sem crescimento, essas geleiras estão em estado de perda. Vão desaparecer se o clima não mudar”, concluiu White.

Um artigo com as descobertas foi publicado na revista científica Journal of Glaciology.

Fontes – TheGuardian / Natasha Romanzoti, Hypescience de 18 de julho de 2018

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