Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
44 Plantas, flores e matos que invadem o jardim e são comestíveis (PANCs)
Antes de sair arrancando, descubra se aquele matinho é de comer
Você com certeza já ficou frente a frente com alguma delas na rua, mas provavelmente não sabia que poderiam ser levadas e consumidas em casa. As PANCs, Plantas Alimentícias Não Convencionais, vêm ganhando o paladar dos brasileiros e podem inclusive ajudar na transição ao vegetarianismo ou veganismo.
Caracterizadas por plantas comestíveis, elas não são muito conhecidas ou consumidas e vão desde verduras até corantes naturais. Divulgá-las é uma maneira de não deixar esse conhecimento ancestral cair no esquecimento.
De acordo com o guia-prático sobre PANCs, desenvolvido pelo Instituto Kairós em parceria com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, o termo depende da pessoa com quem está dialogando e se essa planta é ou não convencional para ela.
Por exemplo, plantas amazônicas serão não convencionais para um paulista, e convencionais para um morador de Belém ou Manaus. Dessa forma, as PANCs estão relacionadas com aquilo que o ambiente local pode proporcionar.
No Brasil, todas as regiões possuem grande potencial para cultivar e explorar as plantas alimentícias não convencionais. O país possui solos férteis, com irrigação periódica e luz solar abundante.
Incluí-las no seu cardápio não só é uma possibilidade de variá-lo, como também acrescentará inúmeros nutrientes em sua dieta. Entre verduras, hortaliças, frutas, castanhas, cereais e até mesmo condimentos, as PANCs possuem nutrientes para dar e vender! E podem ser consumidas por todos, tá? Sem erro!
Claro, não é para sair comendo qualquer matinho que encontrar pela frente, as plantas podem ser venenosas; ou até mesmo algumas PANCs que sem o preparo correto podem intoxicar. Por isso, todo cuidado é pouco. Na dúvida, indicamos o grupo Hortelões Urbanos, basta mandar uma foto da plantinha que os usuários prontamente auxiliam.
Mas de qualquer maneira, para quem não tem muito conhecimento, a recomendação é a de adquirir as verduras em hortas urbanas ou em feiras orgânicas. Quando são encontradas nas ruas e calçadas, podem estar contaminadas.
Você pode baixar o guia completo aqui
Abaixo, confira 44 PANCs encontradas na natureza listadas no guia (por ordem alfabética):
2. Almeirão-roxo – Com folhas coloridas e amargas, ela é similar ao almeirão e à escarola. Rica em antioxidantes, pode ser usada em salgados, tortas, pães e pizzas, do mesmo jeito que a escarola ou brócolis.
3. Azedinha – Usada principalmente em sucos ou em saladas, ela é rica em ferro e bem ácida. Também pode ser consumida em caipirinhas, geleias e em pratos doces, por dar aquele saborzinho especial! Existem duas variedades da Azedinha: a graúda e a pequena.
4. Banana verde – Equivalente à batata e ao inhame, a Banana verde é rica em amido e muito conhecida na América Central. A fruta inteira é comestível, e ela pode ser usada para rechear tortas e pastéis.
5. Beldroegão – Também chamada de major-gomes, maria-gorda ou língua-de-vaca, ela tem flores rosadas e suas folhas podem ser usadas em saladas, cozidas ou refogadas. Ela é extremamente rica em magnésio, cálcio, zinco e proteínas.
6. Bertalha – Muito famosa no Rio de Janeiro, ela pode ser usada em saladas e em sucos. Seu sabor lembra uma beterraba e seus frutos produzem um corante natural roxo. Ela também pode ser consumida refogada, cozida ou em sopas, e pode ser usado como recheio de pastel.
7. Bertalha-coração – Ideais para saladas ou acompanhando outros pratos, ela é rica em fibras, possui baixas calorias e suas folhas podem ser utilizadas para fazer chá.
8. Cambuquira – Ricos em vitaminas A, C e E, os brotos devem ser usados e fervidos para amaciar. Pode ser incluído em sopas e caldos, e tem um sabor forte.
9. Capeba – Parente da pimenta do reino, suas folhas tem um sabor picante, o aspecto é similar à couve. Pode ser usada como charutinhos, refogada; ou cortada fininho e incluída em sopas.
10. Capiçoba – Pode ser consumida crua em saladas ou como aditivo em pizzas, quiches e pães. Também pode ser refogada brevemente para acompanhar pratos caipiras.
11. Capuchinha – Com flores coloridas, toda a planta é comestível – as flores, as folhas e as sementes. Com sabor picante e similar ao da rúcula e do agrião, ela pode ser transformada em molhos, usada em saladas, pestos e omeletes.
12. Cara-moela – Também chamada de cará-do-ar, ela pode ser encontrada nas cores amarela, verde e roxa. Com sabor adocicado e meio acastanhado, ela pode substituir a batata em purês, cremes e até mesmo em chips.
13. Caruru – Rica em ferro, magnésio, proteínas e fibras, ela deve ser branqueada – cozinhar e em seguida jogar água fria – antes do consumo. Com sabor idêntico ao do espinafre, ela pode ser utilizada para acompanhar carnes, angu ou cozida no feijão.
14. Castanha-do-maranhão – Comum no paisagismo urbano, ela produz frutos parecidos com um cacau e tem um sabor próximo ao do amendoim.
15. Caxi – Similar à abóbora, ela tem uma variedade de formatos e é usada cozida, sem a casca e sem as sementes. Com baixa caloria e sabor delicado, é ideal para ajudar no funcionamento do intestino. Pode ser usada em saladas e sopas.
16. Celósia – Também chamada de espinafre-africano ou amaranto-roxo, é parente da quinoa. Suas sementes são comestíveis e nutritivas. Suas folhas dão um tom rosado à comida – no arroz, por exemplo.
17. Centella/Pé-de-Burro – Suas folhas são usadas para suco verde, e podem ser batidas com limão. Com sabor próximo ao da salsa, também pode ser utilizada como condimento.
18. Chaya – Suas folhas usadas podem ser usadas em caldos verdes, cozidos com carnes, e para substituir a couve. Rica em cálcio, vitamina A e C, ela precisa ser cozida antes do consumo para remoção de substâncias indesejadas.
19. Clitória – Suas flores são tradicionalmente usadas na Ásia como corante alimentar. Desidratadas, podem ser usadas para colorir gelatinas, geleias, chás e pudins com seu azul índigo. Quando adicionada ao limão, torna-se rosa.
20. Couvinha – Típica das culinárias boliviana e mexicana, ela pode ser usada em vinagrete, cozidos, ensopados e empanadas.
21. Espinafre-de-Okinawa – Popular na Ásia, é valorizada por seu sabor característico e sua coloração arroxeada. É utilizada refogada, em sopas, omeletes e recheios.
22. Erva-luisa – Ideal para chás e bebidas, pode ser usada também como condimento para molhos, peixes e para bolos e compotas.
23. Feijão Guandu – Seus grãos imaturos podem ser cozidos como ervilhas, e seus grãos secos podem substituir o feijão. Deve ser fervido e a primeira água descartada para deixar o sabor mais suave. Preparado como o feijão normal, pede mais temperos, como tomate, cebola e cominho.
24. Folha de batata-doce – Rica em nutrientes e antioxidantes, pode ser usada como a couve e o espinafre, comum na culinária asiática e africana. Fica bem em tortas, molhos e como acompanhamento.
25. Goya – Também chamado de nigaguri, esse pepino deve ser cortado no sentido do comprimento e ter as sementes removidas; se imerso em água, suaviza seu amargor característico.
26. Grumixama – Conhecida como a cereja brasileira, frutifica na primavera-verão. Com frutos amarelos ou negros, ela é saborosa e pode ser consumida in natura ou transformados em polpa para sucos. É rica em vitamina C e antocianinas.
27. Guasca – Também chamada de picão-branco, ela é típica da culinária colombiana. Com sabor similar à alcachofra, ela combina com arroz, raízes e carnes brancas.
28. Jaca verde – Com frutos equivalentes ao palmito, sua polpa pode ser desfiada como um peito do frango a fim de fazer recheios, refogados e strogonoff. Enquanto isso, seus caroços têm o sabor do pinhão e podem ser consumidos como castanhas.
29. Lirio-Amarelo – Os botões dessa flor têm o sabor que lembra o alho, e ela pode ser usada como ingrediente ou como condimento. Suas flores são perfumadas e comestíveis, cruas ou cozidas, e podem ser usadas para tingir pães, massas, molhos e patês.
30. Lirio-do-brejo – O lírio-do-brejo é uma planta de crescimento muito rápido. Aromática, ela pode ser usada para perfumar bebidas como o quentão, infusões e licores.
31. Macassá – Parente da hortelã, ela possui um forte aroma de coco. Usada como aromatizante em pudins, doces, cremes e sorvetes, substitui a baunilha e outras especiarias. Ela também pode ser usada para dar sabor em licores e bebidas.
32. Melão-andino – Apesar de não ser da mesma família, possui aroma delicado e coloração clara, parecido com o melão. A planta possui frutos cobiçados por seu sabor suave e baixo teor calórico. Pode ser usada em salada de frutas ou em sucos.
33. Mitsuba – Parecida com a salsa, é nutritiva e pode ser usada em sucos verdes. Tradicional na culinária japonesa, tem aroma único e é muito cobiçada na finalização de pratos e ensopados orientais.
34. Ora-pro-nóbis – Muito conhecida como a “carne dos pobres”. Neutra e suculenta, é querida por seu alto teor de proteínas e de fibras. Comum em Minas Gerais, é usada no feijão, na polenta e no recheio de massas e salgados. Para não soltar baba, não deve ser picada.
Já falamos dela em um artigo exclusivo, leia aqui.
35. Palma – Trata-se de um cacto comestível, que deve ser descascados e ter os espinhos retirados. Usada como legume no México e parecida com o chuchu, ela é rica em vitamina C, cálcio e magnésio. De acordo com a cartilha, para remover espinhos e facilitar a remoção da pele, basta passar a palma no fogo.
36. Peixinho – Também chamada de orelha de coelho e lambari-da-horta, essa folha peludinha é consumida empanada e frita, como um peixe, servida como petisco, em estilo “lambari frito”. Das folhas suculentas e nutritivas pode-se fazer lasanha, massas e até risoto.
Também falamos dessa maravilha em um artigo exclusivo, leia aqui.
37. Picão – Suas folhas são nutritivas e podem ser usadas como verdura, desde que cozidas e em chás. Possui alto teor de ferro, zinco, cobre e potencial antioxidante.
38. Serralha – Pode ser consumida refogada em alho com diversos acompanhamentos, como feijão, polenta e angu.
39. Shissô – Parente do manjericão, possui folhas verdes ou roxas. Pode ser utilizada para aromatizar conservas e é usado para acompanhar pratos orientais, como lamen e udon.
40. Taioba – Ela não deve ser consumida crua, apenas cozida ou branqueada. Pode ser um acompanhamento para feijoada.
41. Tamarillo – Chamado de tomate-de-árvore ou tomate-francês, é parente do tomate, sendo mais consumido como fruta do que como legume. Pode ser usado em compotas, drinks e molhos.
42. Tupinambo – Parente do girassol, ela é valorizada na alta gastronomia por seu sabor que lembra o coração da alcachofra. É rica em antioxidantes e em inulina.
43. Urtiga – Uma das plantas mais ricas em ferro, ela é usada na culinária principalmente para fazer sopas.
44. Vinagreira – Também chamada de hibisco, os frutos desidratados são usados como chá, e suas folhas em saladas e pratos salgados. Também é interessante para sucos e para geleias.
Fonte – Natalia Almeida, CicloVivo de 03 de abril de 2019
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