Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
90% do Sal de cozinha do planeta contém plástico
Photograph: Fred Dott/Greenpeace
Para evitar maior contaminação, aposte no sal de ervas.
Sabe aquela garrafa plástica que você jogou fora há uns 10 anos? Então, ela pode estar na sua mesa de jantar agora. Isso porque uma pesquisa revelou que partículas de microplásticos estão presentes no sal de cozinha.
O microplástico é uma partícula quase invisível de plástico (não chega a ter 5 milímetros) proveniente de produtos descartados na natureza. Ao chegar nos oceanos, é considerado um dos principais poluentes apesar do tamanho, os danos para a vida marinha são catastróficos, afetando todo o ecossistema.
Tentando entender os males causados por essas pequenas partículas, pesquisadores da Coreia do Sul e do Greenpeace do leste da Ásia examinaram 39 marcas de sal marítimo, o resultado chocante revelou que 90% das amostras continham microplásticos.
A pesquisa, publicada na revista científica Environmental Science & Technology, analisou amostras de 21 países. Somente em três marcas não foram encontrados microplásticos. Elas são de Taiwan, China e França.
Outra descoberta do estudo foi a ligação da quantidade de plástico presente no sal e a poluição do lugar de origem. As marcas com o maior quantitativo de partículas estão na Ásia.
Historicamente, a região tem recebido lixos plásticos do resto do mundo (como já explicamos aqui). Só em 2017, foram enviados sete milhões de toneladas de resíduos para a China, ano no qual o país proibiu a prática. A Malásia, só no primeiro semestre de 2018, recebeu 754 mil toneladas de plástico.
A estimativa é que um adulto consuma em média 2 mil microplásticos por ano, só por meio do sal de cozinha.
Um outro estudo feito na China em 2015, já havia apontado a presença de microplástico no sal da região. De acordo com cálculos dos cientistas , as pessoas consomem em média 1 mil partículas de plástico por ano provenientes do sal.
Uma outra pesquisa tinha identificado esse material no sal proveniente do Reino Unido, França, Espanha, China e Estados Unidos.
Já o estudo chamado “A presença de microplásticos em sais comerciais de diferentes países” analisou amostras de 17 marcas, resultado: 16 delas foram encontradas partículas de plástico. Porém, de acordo com os cientistas, a presença seria muito pequena e por isso não haveria motivos para preocupação.
Como nosso organismo é afetado
Os pesquisadores ainda não sabem definir com segurança quais são os males provocados pela ingestão de microplástico. Estudos do tipo são dificultados pela inexistência de pessoas que ainda não tiveram contato com as partículas.
O que se sabe é que esse material pode absorver metais pesados e outros poluentes, de acordo com um estudo alemão. Uma sugestão para evitar uma possível contaminação é apostar no sal de ervas, ao invés de utilizar apenas o sal:
Mas de onde vem tanto plástico?
De acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial, somente em 2014 produzimos mais de 311 milhões de toneladas de plástico. A estimativa é que até 2050 haja mais plástico nos oceanos do que peixes.
Segundo o estudo “Poluição Plástica nos Oceanos do Mundo” são em torno de 5,25 trilhões de partículas pesando 268.940 toneladas que estão nos oceanos.
Todo esse plástico chega ao mar de diferentes formas, como nos cosméticos, por exemplo.
Um estudo feito pela Fundação North Sea apontou a presença de microplástico em produtos de beleza e higiene pessoal. De acordo com a pesquisa, três entre quatro esfoliantes e peelings contêm microplásticos. Shampoo, sabonetes, cremes dentais, delineadores, desodorantes e protetores solar também podem conter partículas de plástico.
Todo esse material acaba indo para o oceano. Uma vez que são usados em pias e chuveiro e as estações de esgoto não são capazes de filtrar essas partículas de plástico.
Como podemos evitar esse tipo de poluição?
Para evitar, o estudo deixa algumas recomendações:
- Varejistas: parem de vender qualquer produto contendo ingredientes plásticos o mais rápido possível;
- Empresas: parem de usar microplástico dentro dos produtos e retornem às fontes naturais o mais rápido possível. Materiais abrasivos naturais para substituir os ingredientes plásticos estão prontamente disponíveis;
- Políticos: formulem legislação eficaz para banir a venda e produção de produtos contendo microplástico;
- Consumidores: boicote produtos que contenham ingredientes plásticos.
Fonte – Thays Martins, Almanaque SOS de 29 de março de 2019
Este Post tem 0 Comentários