Por Sérgio Teixeira Jr. - ReSet - 12 de novembro de 2024 - Decisão adotada no…
Como reduzir o consumo de plástico
São Paulo, Brasil
Quase todo o lixo que entope os oceanos, de 60% e 90%, é composto por plásticos, como sacolas, garrafas PET, canudos e tampinhas. Todos os anos, 8 milhões de toneladas de plásticos vão parar nas águas, segundo dados da ONU Meio Ambiente. Se continuarmos assim, até 2050, pode haver mais plástico que peixes nos mares.
Entre os seres vivos que sofrem muito estão as aves. Segundo estudo publicado em agosto de 2015 na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), mais de 90% das aves marinhas já ingeriram plástico de algum tipo. Se continuarmos nesse ritmo, a projeção é de que até 2050, 99% das espécies de aves marinhas terão plástico no estômago.
Nesse cenário, precisamos (consumidores, indústria e governo) tomar uma atitude. Reciclar plástico ainda é importante – e urgente! Em 2015, aproximadamente 6.300 toneladas de plástico foram para o lixo, sendo que cerca de 9% foi reciclado e 12% foi incinerado; o restante (79%) foi parar em aterros, matas ou oceanos. Por isso, é necessário mudar alguns hábitos para evitar seu uso e reduzir a produção.
Ainda dá tempo de reverter esse cenário, começando por alternativas simples que você pode aplicar assim que terminar de ler este texto!
1. Por que eu uso isso mesmo?
Para que usar um canudo que minutos depois será descartado? As matérias-primas dos canudos, polipropileno e poliestireno, não são biodegradáveis e podem levar até mil anos para se decompor. Recuse e informe o local de seus motivos. Vai que eles se sensibilizam e mudam. Quando não der para ficar sem, já há alternativas como canudo de metal e bambu.
2. O papel é seu amigo (o plástico, não)
Ninguém precisa de sacolinhas plásticas. No mercado, elas podem ser substituídas por caixas de papelão – sem custo para você ou para o meio ambiente. Se, antes, os sacos de papel pardo e as caixas de papelão eram associadas a algo sem valor, agora, são sinônimos de consciência ambiental.
3. Ecobags da vida real
Todo mundo já sabe a importância de recusar as sacolinhas plásticas, levando sua própria sacola reutilizável feita de algum material mais durável, como tecido. Mas, em vez de gastar dinheiro para comprar uma ecobag, apenas use alguma sacola, bolsa ou mochila que você já tem em casa. Banir ou reduzir o uso de saquinhos plásticos têm um impacto real (e rápido) na vida marinha.
Basta ver o que aconteceu na Inglaterra nos últimos anos. Lá, 30% das sacolas plásticas deixaram de ser jogadas no oceano entre 2010 e 2017, principalmente depois que o governo começou a cobrar pelo uso de sacolas, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, Pesca, Ciência e Aquicultura (Centre for Environment, Fisheries and Aquaculture Science – CEFAS).
4. Frutas que já vêm com embalagens
Evite comprar frutas, verduras e legumes embalados em plástico, bandejinhas de isopor ou saquinhos plásticos sem fim. Coloque os produtos direto na sacola reutilizável.
Um dado interessante: o setor de alimentos brasileiro é responsável por 19% do total do uso de artigos plástico no país, ficando atrás apenas da construção civil, com 25,7%, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
5. Pãozinho matinal
Na padaria, você pode levar saquinhos de pão que você recebeu na véspera. Eles também funcionam na hora de levar um lanche da tarde para a escola ou o trabalho – tudo para evitar saquinhos ou potes plásticos.
6. Grãos, farinhas e frutas secas
Na hora de comprar esses produtos, e até mesmo farinhas e massa, prefira lojas que vendem a granel. Até o preço costuma ser melhor. Leve saquinhos de pano – vale reutilizar algum que veio com uma peça de roupa ou bijuteria. Há lojas que aceitam que você leve os próprios recipientes para evitar desperdício. Na Europa, existem as lojas de desperdício zero, que são forte tendência a se espalhar por aí.
7. Água da casa?
Muitas bares e restaurantes oferecem água gratuitamente, em copos de vidro. Mesmo nos lugares que ainda não aderiram à prática, vale perguntar se tem água filtrada para servir. Essa atitude resulta em garrafinhas a menos poluindo os oceanos – e indo parar no estômago de aves e animais marinhos.
8. Copinhos do mal
Fuja dos copinhos plásticos que ficam ao lado de bebedouros de água. Assim, você colabora para que esse plástico não chegue ao mar e evita o desperdício de água. Por quê? Porque para a fabricação de apenas uma unidade desses copos, meio litro de água é desperdiçado durante o processo – ou seja, mais do que você vai beber no copo! Então, melhor levar sua garrafinha.
9. Substituições sutis
Uma boa revisada em seus hábitos de consumo pode ajudar a quebrar padrões e reduzir ao máximo o uso de plástico. Em vez de comprar molho de tomate em sachê (plástico revestido), prefira molho em lata ou pote de vidro. Aliás, melhor ainda é fazer uma panelada de molho caseiro de tomates e congelar para os meses seguintes. Manteiga pode ser comprada na embalagem de papel (em vez da plástica).
10. Higiene pessoal
Sabonetes líquidos, que geram toneladas de embalagens, podem ser trocados pelos sólidos. Copinhos ou calcinhas menstruais substituem absorventes – no longo prazo, sai até mais barato. Apesar de as fraldas biodegradáveis serem caras e as de pano precisarem de água para lavar, ainda assim elas são alternativas mais amigas do meio ambiente que as fraldas tradicionais.
11. Hora da limpeza
Para quem tem um pouquinho mais de tempo, uma ideia é banir os produtos de limpeza – e suas embalagens plásticas – pelos feitos em casa (te mostramos aqui como fazer isso).
12. Potes de plástico
Troque os recipientes de plástico pelos de vidro. São mais caros mas, por serem bem mais duráveis, compensam inclusive no bolso. Há plásticos que liberam uma substância chamada Bisfenol-A, que aumenta a incidência de câncer de endométrio e de ovário e pode prejudicar até a fertilidade masculina. Aproveitando essa mudança, evite o uso de descartáveis, como talheres e pratinhos.
13. Plásticos “invisíveis”
Os oceanos estão infestados de microplásticos de menos de 5 mm de diâmetro. Esse material está presente em cosméticos, especialmente nos esfoliantes, no glitter, em produtos de limpeza e até em roupas com materiais sintéticos.
Para a produção deste conteúdo, foram consultados representantes da ONU Meio Ambiente e Leila Vendrametto, educadora ambiental do Ecoativos, projeto do Instituto Alana que tem como objetivo levar a cultura da sustentabilidade a alunos de escolas públicas brasileiras.
Este conteúdo tem apoio da ONU Meio Ambiente e faz parte da campanha mundial #AcabeComAPoluiçãoPlástica e #Mares Limpos.
Nota da FUNVERDE
Nós da FUNVERDE temos um ditado. Se não precisa, não compre. Se gostar de algum objeto e não vê utilidade, não compre. Sempre pense que depois que nós formos embora desta vida, o planeta terá de suportar a vida de muitos seres humanos e eles irão querer, ao menos, o básico para sobreviver. Já que tudo é finito, os recursos exploráveis do planeta também são. Se você conseguir evitar o uso de plástico, já é um começo.
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