Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
2020 promete ser o ano mais quente já registrado até hoje
Por Jonathan Watts – The Guardian
Os bloqueios globais reduziram as emissões, mas são necessárias mudanças a longo prazo, dizem cientistas
Uma estação de esqui em Granada, na Espanha, que foi forçada a usar canhões de neve artificiais devido à falta de neve neste inverno. Foto: Carlos L Vives / Alamy
Este ano está prestes a ser considerado o mais quente de todos os tempos, de acordo com meteorologistas, que estimam uma probabilidade entre 50% a 75% deste ano bater o recorde estabelecido há quatro anos atrás.
Embora o bloqueio do coronavírus tenha limpado temporariamente os céus, ele não colaborou em nada para o resfriamento do clima, que precisa de medidas mais abrangentes e de longo prazo para alterar o clima, como dizem os cientistas.
Os recordes de calor foram quebrados desde a Antártica até a Groenlândia já em janeiro, o que surpreendeu muitos cientistas porque este não é um ano do El Niño, o fenômeno geralmente associado a altas temperaturas.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA calcula que há uma chance de 75% de que 2020 será o ano mais quente desde o início das medições.
A agência dos EUA disse que havia uma probabilidade de 99,9% de 2020 ser um dos cinco primeiros anos com temperatura mais alta já registradas até hoje.
Um cálculo separado de Gavin Schmidt, diretor do Instituto Nasa Goddard de Estudos Espaciais, em Nova York, encontrou 60% de chance neste ano de estabelecer um recorde.
O Met Office é mais cauteloso, estimando uma probabilidade de 50% de 2020 estabelecer um novo recorde, embora a instituição britânica diga que este ano estenda a série de anos quentes desde 2015, que é o período de maior calor já registrado.
O clima “anormal” é cada vez mais “o normal”, uma vez que os registros de temperatura caem ano após ano e mês após mês.
Este mês de janeiro foi o mais quente já registrado, deixando muitas nações do Ártico sem neve em suas capitais. Em fevereiro, uma base de pesquisa na Antártica registrou uma temperatura superior a 20 ° C (68° F) pela primeira vez no continente sul. No outro extremo do mundo, Qaanaaq, na Groenlândia, estabeleceu um recorde de 6C em abril no domingo.
No primeiro trimestre, o aquecimento foi mais pronunciado no leste da Europa e na Ásia, onde as temperaturas estavam 3° C acima da média. Nas últimas semanas, grande parte dos EUA a temperatura aumentou. Na sexta-feira passada, dia 24 de abril de 2020, o centro de Los Angeles atingiu uma temperatura máxima de 34°C e isso em pleno abril, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia. A Austrália Ocidental também experimentou um recorde na temperatura com muito calor.
No Reino Unido, a tendência é menos pronunciada. A temperatura máxima diária do Reino Unido para abril até agora é de 3,1° C acima da média, com recordes estabelecidos em Cornwall, Dyfed e Gwynedd.
Karsten Haustein, cientista climático da Universidade de Oxford, disse que o aquecimento global está chegando perto dos 1,2° C acima dos níveis pré-industriais. Conforme ele, seu rastreador on-line mostrou um nível relativamente conservador de 1,14° C de aquecimento devido a lacunas nos dados, mas que isso pode subir para 1,17 ° C ou mais quando os últimos números forem computados.
Embora a pandemia tenha reduzido pelo menos temporariamente a quantidade de novas emissões, ele disse que o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera continua sendo uma grande preocupação.
“A crise climática continua inabalável”, afirmou Haustein. “As emissões diminuirão este ano, mas as concentrações continuam aumentando. É muito improvável que possamos notar qualquer desaceleração no aumento dos níveis atmosféricos de GEE (Gases Efeito Estufa). Mas agora temos a chance única de reconsiderar nossas escolhas e usar a crise do COVID-19 como um agente de mudanças para meios mais sustentáveis no transporte, na produção de energia (por meio de incentivos, impostos, preços de carbono etc.).”
Isso foi ecoado por Grahame Madge, porta-voz climático do Met Office: “A confiança e a confiança na ciência para informar as ações dos governos e da sociedade para solucionar uma emergência global são exatamente as medidas necessárias para planejar os planos para resolver a próxima crise que a humanidade enfrenta, a das Alterações Climáticas.”
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