Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Alta concentração de microplásticos encontrado no fundo do oceano
“Essas correntes constroem o que chamamos de depósitos à deriva; podemos pensar que são como as dunas subaquáticas”, explicou o Dr. Ian Kane, que liderou a equipe internacional.
“Estes depósitos podem ter dezenas de quilômetros de comprimento e centenas de metros de altura. Eles estão entre os maiores acúmulos de sedimentos da Terra. Eles são feitos predominantemente de lodo muito fino, por isso é intuitivo esperar que microplásticos sejam encontrados dentro deles”, disse ele à BBC. Notícia.
Foi calculado algo em torno de 4 a 12 milhões de toneladas de lixo plástico que entra nos oceanos todos os anos, principalmente através dos rios.
As manchetes da mídia têm se concentrado nas grandes agregações de detritos que flutuam em giros ou que caem com a maré nas costas.
Acredita-se, porém, que esse lixo visível represente apenas 1% de todo plásticos encontrado nos mares. Onde vai o restante dos 99% ainda é desconhecido.
Uma parte certamente foi consumida por criaturas marinhas como se fosse alimento, mas talvez a proporção se fragmentado seja muito maior e simplesmente tenha afundado.
Muitas fibras tem origem nas roupas e outros tecidos que utilizamos.
A equipe do Dr. Kane já mostrou que as valas do mar profundo e as gargantas do oceano podem ter altas concentrações de microplásticos em seus sedimentos.
De fato, as simulações em tanques de água demonstraram com muita eficiência os fluxos de lama, areia e lodo do tipo que ocorrem nos cânions arrastam e movem as fibras para profundidades ainda maiores.
“Uma dessas avalanches subaquáticas (‘correntes de turbidez’) pode transportar enormes volumes de sedimentos por centenas de quilômetros através do fundo do oceano”, disse Florian Pohl, da Universidade de Durham.
“Estamos começando a entender, a partir de recentes experiências de laboratório, como esses fluxos transportam e enterram os microplásticos”.
Experimentos em tanques mostram como avalanches subaquáticas podem transportar partículas de plástico para o fundo
Não é diferente na área de estudo na bacia do Tirreno, entre Itália, Córsega e Sardenha.
Muitas outras partes do globo têm fortes correntes marinhas de águas profundas, impulsionadas por diferença de temperatura e salinidade. A questão preocupante será que essas correntes também forneçam oxigênio e nutrientes para criaturas do fundo do mar. E assim, seguindo a mesma rota, os microplásticos poderiam estar se instalando nos pontos críticos da biodiversidade, aumentando a chance de ingestão pela vida marinha.
O plástico da praia pode ser uma fração muito pequena do lixo existente nos oceanos e mares
A professora Elda Miramontes, da Universidade de Bremen, Alemanha, é coautora do artigo da revista Science que descreve a descoberta do Mediterrâneo .
Ela diz que o mesmo esforço mostrado na batalha contra o coronavírus agora deve enfrentar o flagelo da poluição do plástico nos oceanos.
“Estamos todos fazendo um esforço para melhorar nossa segurança e estamos todos ficando em casa e mudando nossas vidas – mudando nossa vida profissional ou até deixando de trabalhar”, disse ela à BBC News. “Estamos fazendo tudo isso para que as pessoas não sejam afetadas por essa doença. Temos que pensar da mesma maneira quando protegemos nossos oceanos”.
Roland Geyer é professor de ecologia industrial na Bren School of Environmental Science and Management, Universidade da Califórnia em Santa Barbara.
Ele esteve à frente na investigação e descrição dos fluxos de resíduos através dos quais o plástico entra nos oceanos.
Ele comentou: “Ainda temos uma compreensão muito pobre da quantidade total de plástico acumulada nos oceanos. Parece haver um consenso científico emergente: que a maioria desse plástico não está flutuando na superfície dos oceanos.
“Muitos cientistas agora pensam que a maior parte dos plásticos provavelmente esta depositado no fundo dos oceanos, mas as praias também devem guardar grandes quantidades de plásticos.
“Todos nós realmente devemos estar completamente focados em impedir que o plástico entre nos oceanos.”
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