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A palmeira juçara quase foi extinta. Agora suas superfrutas estão ajudando a salva-la!
Por Rebecca Cairns – CNN – 30 de março de 2021
(CNN) Pequeno, redondo e um azul meia-noite, você seria perdoado por confundir o fruto juçara com seu primo superalimento, o açaí ou mesmo o humilde mirtilo.
Mas a fruta juçara, que cresce em uma palmeira de mesmo nome, está oferecendo muito mais do que antioxidantes – está ajudando a restaurar a devastada Mata Atlântica do Brasil.
Uma exuberante floresta tropical que se estendia por mais de 2.500 milhas ao longo da costa do Brasil e para o interior até o Paraguai e a Argentina, a Mata Atlântica já cobriu 12% da área terrestre do Brasil.
Mas, no século 16, os colonizadores portugueses começaram a substituir a floresta pela cana-de-açúcar e, posteriormente, pelas plantações de café.
Desde então, a agricultura e a expansão urbana aceleraram o desmatamento e hoje, apenas 7% da floresta original permanece.
A palma juçara é ameaçada não só pelo desmatamento, mas também pelo seu próprio sabor.
O palmito da árvore – um fruto macio no tronco – é uma iguaria nutritiva.
A maioria das palmeiras pode voltar a crescer de seus brotos, mas a juçara não, portanto, quando o palmito é removido, a árvore morre.
Agora, uma startup com sede no Brasil diz que encontrou uma solução. Juçaí colhe os frutos da árvore, e não o palmito, para que a árvore fique de pé – produzindo frutos todos os anos e ajudando a floresta a florescer.
Fundada em 2015, a Juçaí trabalha com uma rede de produtores locais e compra frutas juçara para seus produtos, incluindo smoothies e sorvetes, afirma Bruno Corrêa, gerente geral da empresa.
“A ideia desde o início era construir uma gama de produtos que não só fosse de boa qualidade e nutritiva, mas também criasse um círculo positivo e virtuoso de preservação da árvore”, afirma.
A agricultura pode ajudar a salvar a floresta
A Mata Atlântica é protegida por lei, afirma Rafael Bitante, gerente de restauração florestal da SOS Mata Atlântica, organização não governamental que apóia iniciativas de reflorestamento.
No entanto, a fraca fiscalização levou à exploração ilegal da palma juçara, diz ele.
É aí que entra Juçaí. Por meio de cooperativas agrícolas, a empresa atende cerca de 900 famílias no Espírito Santo, e sua atuação se estende ao sul até o Paraná.
Os agricultores plantam novas árvores, ou nutrem as já existentes, enquanto Juçaí supervisiona a logística e fornece o equipamento necessário para transformar os frutos em polpa e separar as sementes – que são então plantadas.
O corte ilegal na floresta ainda é um problema, mas colher frutos oferece uma renda comparável e é uma opção “clara e direta” para os agricultores, diz Corrêa.
O valor econômico da árvore incentiva os agricultores a preservá-la, diz ele, e isso beneficia todo o ecossistema.
“A árvore é importante não só para a cobertura florestal e como protege o solo, mas também para a fauna, principalmente os pássaros”, afirma, acrescentando que o agricultor deixa um terço das bagas na árvore a cada colheita, para sustentar a fauna. .
Outros também viram o valor da árvore viva. A Açaí Barbacuá, uma empresa familiar, e a EcoNativa, uma cooperativa de agricultura orgânica, criaram redes para que os agricultores locais colham e vendam a polpa de juçara.
Esses projetos juçara são uma forma de “agrossilvicultura”.
Essa abordagem de manejo da terra mistura natureza e agricultura, estabelecendo fazendas nas orlas da floresta e plantando árvores produtivas em fazendas e jardins, diz Laury Cullen, engenheira florestal do Instituto de Pesquisas Ecológicas, uma organização de pesquisa ambiental no Brasil.
Combinado com “corredores” reflorestados, as zonas agroflorestais podem fornecer “trampolins” que ajudam animais selvagens como borboletas e pássaros a se moverem entre seções fragmentadas da floresta remanescente, diz Cullen.
A agrossilvicultura também beneficia as comunidades, diz Cullen.
No Estado de São Paulo, onde trabalha, os produtores cultivam cafeeiros à sombra da copa da floresta.
De acordo com Cullen, a biodiversidade e a cobertura das copas aumentaram, enquanto a renda dos agricultores cresceu 26%.
Bitante afirma que o tipo de agricultura sustentável que Juçaí promove beneficia o meio ambiente e a economia.
“É fundamental fortalecer o vínculo entre a manutenção da biodiversidade e a sociedade, valorizando a floresta em pé e garantindo a proteção desse belo bioma.”
Berry nutritivo
Juçaí espera que a criação de um mercado forte para a fruta juçara possa ajudar a construir um futuro melhor para os agricultores e, por sua vez, para a floresta.
Assim como o açaí, o superalimento está conquistando fãs no meio do bem-estar, afirma Corrêa.
As bagas de juçara são ricas em ácidos graxos densos em energia e repletas de antioxidantes na forma de polifenóis, conhecidos por promover a saúde do coração.
Um estudo de 2020 sobre o efeito do consumo de juçara e açaí em adultos saudáveis descobriu que, após quatro semanas, os níveis de enzimas antioxidantes e o colesterol “bom” aumentaram.
Orgânica e vegana certificada, Juçaí atualmente vende seus produtos em supermercados e lojas especializadas em alimentos saudáveis no Brasil, Chile e Canadá, e espera expandir para outros mercados.
“As pessoas estão cada vez mais atentas ao que comem, tanto do ponto de vista nutricional quanto do sustentável”, diz Corrêa.
Desde o seu lançamento, Juçaí foi responsável por manter cerca de 31 mil palmeiras juçara em pé, diz Corrêa.
Para Juçaí, preservar a Mata Atlântica e sua biodiversidade é o que move os negócios.
“Juçara é a árvore icônica da Mata Atlântica”, afirma. “O produto só existe por causa dessa missão de sustentabilidade”.
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