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Preocupação com sustentabilidade começa a pesar na decisão de compra dos brasileiros

 

O consumidor está atento a marcas e a empresas preocupadas com questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) na hora de ir às compras.

Recente pesquisa da consultoria Mckinsey revelou que 85% dos brasileiros dizem que se sentem melhor comprando produtos sustentáveis.

Uma enquete global mostra também que 97% dos entrevistados esperam que as marcas solucionem problemas sociais.

“Ao menos na hora em que são questionados, os consumidores dizem que estão buscando produtos mais sustentáveis”, afirmou Marcus Nakagawa, professor de graduação e MBA da ESPM.

Ele apresentou esses dados nesta quarta-feira, 16, durante o Summit ESG, evento online promovido pelo Estadão.

No painel foram abordados os impactos no consumo causados pelo fato de uma empresa ou marca seguir ou não os princípios de sustentabilidade nos negócios.

Segundo o professor, as pesquisas apontam que o consumidor começa a entender a necessidade de comprar produtos que tenham esse valor agregado.

Essa também é a percepção da CEO da Whirlpool no Brasil, Andrea Salgueiro Cruz Lima.

Para a executiva, os consumidores dos eletrodomésticos que sua empresa fabrica estão cada vez mais preocupados com os princípios ESG, porém de forma intuitiva, não sabendo que estão falando isso.

Os consumidores buscam empresas com compromisso social e ambiental.

“Não adianta a empresa olhar para dentro, ela tem que estar preocupada em como se coloca na comunidade. Cada vez mais, o valor e a longevidade de uma empresa e de uma marca estão hoje ligados à sustentabilidade.”

A preocupação de checar se a marca ou a empresa tem propósito é nítida sobretudo entre os consumidores da geração dos millennials e da geração Z na hora de ir às compras, ressaltou Andrea.

“Para essas gerações mais jovens, esse é um fator decisivo.”

Essa percepção de busca de propósito na hora de levar um produto para casa também foi detectada por Hans Christian Temp, membro da Organização Cidades Sem Fome.

Ele citou como exemplo os resultados obtidos em um projeto, iniciado em 2004, de horta urbana na periferia da cidade de São Paulo para produção de alimentos orgânicos.

“Percebemos que os consumidores de outras regiões da cidade querem alimentos socialmente sustentáveis, que gerem impacto social onde atuam”, disse Temp.

Também a sua percepção é de que as gerações mais jovens, sejam das classes A ou C, estão mais atentas a esses princípios quando vão consumir produtos ou marcas.

Apesar do avanço da preferência do consumidor por produtos sustentáveis, os participantes do painel apontaram obstáculos.

Um deles é o preço desses produtos que, muitas vezes, é mais elevado em relação aos similares. Andrea, da Whirlpool, reconheceu que o preço sempre é decisivo no consumo na sociedade brasileira, marcada por grande desigualdade social.

No entanto, ela pondera que, para parte da população mais informada, essas outras questões passam a ter um peso tão ou mais importante quanto o preço na escolha de um produto.

Outro obstáculo diz respeito ao discurso das empresas: elas realmente fazem o que dizem em relação à sustentabilidade ou se trata apenas de uma narrativa para conquistar o consumidor e vender mais?

“Tem muita empresa se aproveitando”, alertou Nakagawa, da ESPM.

Para evitar escolhas erradas, ele recomendou que o consumidor pesquise na internet para se informar sobre a atuação das empresas junto a órgãos isentos.

Outro caminho seguro, na sua opinião, é observar selos de certificação que os produtos carregam nas embalagens.

Investidores

O movimento que desponta entre consumidores também ganha força entre investidores. “Os investidores estão alinhados com os consumidores”, afirmou Frederic de Mariz, head para o setor financeiro e ESG no banco de investimento UBS BB. Ele ressaltou que o processo demorou para chegar nesse ponto, mas veio com força.

Isso é o que mostra um estudo com mais de 45 mil investidores em cinco países feito pelo banco, onde 70% dos investidores explicaram que gostariam que seus investimentos estivessem alinhados com empresas que sigam seus valores, isto é, os princípios ESG.

Do lado do consumo, o estudo revelou que no mundo 40% das pessoas deixaram de comprar marcas que não estavam alinhadas a esses princípios.

No Brasil, esse resultado foi ainda maior, chegou a 47%, observa Mariz. “O brasileiro está olhando para essa temática”, afirmou.

Investir em empresas que seguem os princípios ESG pode ser também um bom negócio.

“É inteligente do ponto de vista financeiro”, frisou Mariz. Estudo publicado pela Universidade de Nova York revelou que 58% das empresas que seguem os princípios de sustentabilidade registraram melhora nos resultados operacionais e na performance financeira.

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