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Aplicativo para reciclar roupas usadas pretende diminuir lixo da indústria têxtil

Por Gabriela CaseffFolha 07 abril de 2022 – Foto: Divulgação/Cotton – Move Consumidor pode levar peças de algodão a pontos de coleta indicados na Plataforma Circular, que une setor da moda e iniciativas de reciclagem

Um aplicativo vai ajudar a dar novo fim a roupas usadas.

O lixo têxtil, como são chamadas as pilhas de tecido que se acumulam em aterros sanitários, poderá ser reciclado em uma união inédita do setor de moda com iniciativas de reciclagem.

Lançada nesta semana, a Plataforma Circular Cotton Move reúne pontos de coleta em todas as regiões do país.

Por enquanto, são 200 dentro das varejistas C&A, Reserva e Youcom. O consumidor pode levar roupas que contenham fibras de algodão, como calças jeans, sarjas e malhas.

Peças em final de ciclo de uso são recicladas em processo que poupa recursos naturais e diminui lixo têxtil.

As peças vão para centros de triagem e depois para transformação industrial, em parceria com Vicunha Têxtil, Dalila Têxtil e Cambos. O resultado são tecidos e roupas feitas com os fios reciclados que voltam às prateleiras das varejistas.

As roupas consideradas não recicláveis terão destinação correta, garantindo processo “aterro zero”.

“Nossa proposta é começar pela fibra natural do algodão, que é genuinamente brasileira, mas há estudos para outros tecidos”, diz José Guilherme Teixeira, fundador da Cotton Move e idealizador do projeto.

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O executivo, que atua desde 1998 na indústria da moda, diz que a iniciativa é pioneira ao conectar diversos elos da cadeia produtiva em vez de promover ações isoladas.

“Conseguimos colocar na mesma mesa empresas concorrentes em busca de um resultado em comum, uma mesma causa, que é reduzir o impacto ambiental.”

No final de 2021, vieram à tona imagens de um lixão clandestino de roupas no deserto do Atacama, no Chile.

A região é um dos destinos de itens de segunda mão ou de temporadas anteriores de cadeias de fast fashion de Europa, Ásia e Estados Unidos.

Trecho do deserto do Atacama vira cemitério tóxico da moda descartável

Além de apoiar a Plataforma Circular, as varejistas disponibilizam a rede de pontos de coleta e possibilitam a logística para que roupas de todo o país cheguem aos centros de triagem.

No final do processo de transformação industrial, realizado pela Cotton Move em parceria com Vicunha Têxtil, Dalila Têxtil e Cambos, os novos produtos vão para as vitrines, fechando o ciclo de economia circular.

Ao consumidor, cabe a iniciativa de levar suas roupas aos locais de descarte, apontados por geolocalização no aplicativo.

“Estamos no cheque especial dos recursos naturais, consumimos mais do que temos”, diz José Guilherme.

“O consumidor também precisa ser responsável pelo dano que gerou no planeta, é um exercício de cidadania.”

“A lógica é educar o consumidor, que é quem vai dar escala ao projeto”, diz Jonas Lessa, fundador da Retalhar, negócio de impacto que faz logística reversa de resíduos têxteis e gerencia os centros de triagem do projeto.

Para engajar a participação, a Plataforma Circular mostra um índice de captação de resíduos, que indica, por exemplo, que são necessários 180 dias para o descarte se tornar um novo produto.

E que é possível reutilizar até 95% do material por peça.

Para Lessa, essa é uma tendência que veio para ficar. “A Política Nacional de Resíduos Sólidos, que chegou aos setores de agroquímicos e medicamentos, chegará ao ramo têxtil e esperar sem fazer nada é um erro.”

A aposta é que novos varejistas entrem na plataforma em breve, mas há condições.

“Precisa ter boas práticas comprovadas e estar engajado com sustentabilidade”, diz Jonas Lessa.

 

Como reciclar roupas usadas

  • Separar roupas que contenham fibras de algodão, como calças jeans, sarjas e peças em malha

  • Lavar e secar os itens, pois a sujeira pode contaminar outras peças

  • Baixar gratuitamente o aplicativo Plataforma Circular Cotton Move na Apple Store ou Play Store. A plataforma também é acessível pelo desktop em plataformacircular.app

  • Localizar pontos de coleta mais próximos e levar as roupas usadas

     

    Fonte: Plataforma Circular Cotton Move

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