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Brasil pode ser líder em energia
Por Gabriela Ruddy — Valor 17 de agosto de 2022 – Diversificação da matriz é vantagem para o país, segundo executivo – Carlos Pascual, vice-presidente da S&P Global: “Matriz de energia brasileira pode ser limpa, sustentável e confiável” — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Em um mundo que passa por disrupções e que precisa reduzir as emissões de carbono ao mesmo tempo em que garante a segurança energética da população, o Brasil está bem posicionado para ser um líder no setor de energia, disse ontem Carlos Pascual, vice-presidente sênior de energia global e geopolítica da S&P Global Commodity Insights, umas das principais consultorias do setor no mundo.
Para ele, o momento de volatilidade é “sem precedentes” e envolve todos os aspectos de política, economia, segurança, tecnologia e comércio globais.
“Passamos por um choque de commodities que aumentou preços para todo o mundo”, disse.
Em conversa com jornalistas, ele elogiou a diversificação da matriz energética brasileira, com hidrelétricas, biocombustíveis, energia solar e eólica, além de petróleo e gás.
“O Brasil é um país com uma abundância de recursos que pode torná-lo um líder no processo de transição energética. A matriz de energia brasileira pode ser limpa, sustentável, confiável e prover uma fundação para um forte desenvolvimento econômico.”
Com longa carreira no serviço diplomático dos EUA, Pascual liderou embaixadas americanas na Ucrânia e no México.
A experiência como embaixador lhe permite traçar cenários sobre a conjuntura geopolítica global.
Ontem, em apresentação a executivos no Rio, ele disse que é possível que ocorra um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, mas que as sanções europeias à energia russa geraram fortes mudanças que podem colocar em xeque a integração europeia.
Pascual acredita que a guerra na Ucrânia inaugurou um período de “choques” globais, que vão afetar os planos de empresas e países e gerar mudanças políticas, tecnológicas, comerciais e na cadeia de suprimentos:
“Mudanças vão acontecer e precisamos entender como atender às necessidades econômicas para que as indústrias e países cresçam ao mesmo tempo em que atendemos às necessidades técnicas para reduzir emissões”, disse.
Nesse cenário, Pascual apontou a necessidade de que países e empresas contem com planos alternativos, que garantam a continuação dos esforços para redução das emissões em diferentes cenários.
Ele disse ser inegável, por exemplo, que o mundo caminha em direção à eletrificação da frota de veículos, mas lembra que isso vai depender da produção de baterias e do suprimento de minerais como cobalto e lítio, o que é um cenário incerto, dado que a produção desses minerais muitas vezes vem de regiões instáveis.
“O Brasil, por exemplo, se encontra numa posição em que os biocombustíveis podem ajudar o país a manter um perfil de baixas emissões enquanto constrói uma infraestrutura para os veículos elétricos.”
Pascual disse que o petróleo e o gás ainda vão ser importantes para a economia global ao menos até a próxima década.
“O Brasil tem potencial para investir em digitalização e outras tecnologias que reduzam o carbono desse petróleo, de modo que a demanda seja atendida pela produção com o teor de emissões mais baixo possível.”
Sobre o hidrogênio, fonte que vem sendo apontada como alternativa para setores de difícil abatimento de emissões de carbono, Pascual afirmou que será necessário que esse combustível se mostre economicamente competitivo.
Para o especialista, o hidrogênio vai ser uma alternativa principalmente em projetos que combinem diferentes usos industriais com a geração de energia e outras demandas.
“Pode ser extremamente interessante ver como o hidrogênio pode ser competitivo numa região como o Porto do Açu”, disse.
O porto no norte do Estado do Rio tem um projeto de pesquisa e desenvolvimento em hidrogênio, conduzido pela Shell.
“O Brasill tem os recursos, a capacidade técnica e a capacidade industrial que tornam a inovação possível, inclusive em áreas como captura de carbono e hidrogênio”, disse Pascual.
Ele afirmou que a Amazônia pode ser fonte de compensação de emissões.
“A preservação da floresta e a adoção de práticas de agricultura que reduzam as emissões de carbono podem colocar o Brasil numa posição crítica para a compensação de emissões, num mercado que está sendo criado agora e que pode trazer recursos e investimentos para o país.”
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