Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Dá para fazer compras sem sacolinhas?
Jornal Folha de Londrina de 03 de julho de 2009
O consumo de 12 bilhões de sacolas plásticas do País justifica a campanha para reduzir o uso pelo varejo
O consumidor consciente da sua responsabilidade na preservação do meio ambiente tem que adotar um novo jeito de fazer compras. A campanha lançada no mês passado pelo Ministério do Meio Ambiente com o slogam ‘‘Saco é um Saco. Para nós, para a cidade, para o planeta e para o futuro’’, reforça a necessidade de se recusar as sacolas plásticas do comércio, sempre que possível, adotando alternativas para o transporte das compras e o acondicionamento de lixo.
Conversa mole, se o governo estivesse mesmo com vontade de agir, aprovava uma lei banindo as sacolas plásticas. Essa campanha é conversa mole para boi dormir, para o governo federal fingir que se importa, para enganar a população.
Anualmente, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Brasil consome 12 bilhões de sacolas plásticas e cada brasileiro utiliza aproximadamente 66 sacos para lixo por mês. Dados de organismos internacionais mostram que 500 bilhões de sacolinhas estão pelo mundo, contribuindo com a poluição e a má qualidade de vida. O plástico leva mais de 400 anos para se decompor.
O número correto é de 18 bilhões de sacolas plásticas por ano, o que sabemos ainda ser um número muito inferior à realidade. Lembre-se, as sacolas plásticas correspondem a 10% de todo o lixo gerado em uma cidade.
Apesar de todos os apelos, ainda é pequeno o número de pessoas que recusa as sacolinhas plásticas na hora das compras. Um dos motivos, segundo o Ministério do Meio Ambiente, é uma característica da sociedade brasileira: o reuso das sacolas para o acondicionamento de lixo, que acontece em todas as classes sociais.
Além das sacolas retornáveis, que podem ser facilmente encontradas em qualquer supermercado a partir de R$ 3, o consumidor pode adotar, por exemplo, o tradicional carrinho de feira. Conforme consulta feita pela FOLHA em loja especializada em utilidades domésticas em Londrina (Gaspeças), esses carrinhos custam de R$ 35 (alumínio cromado) a R$ 129 (ferro pintado).
‘‘Nossa orientação é que os condomínios comprem esses carrinhos e deixem à disposição de todos os moradores. Isso já vai criando um hábito para quem mora em prédio’’, aponta Ana Domingues, representante da ONG Fundação Verde, de Maringá. A entidade tem atuação nacional e desde 2005 vem trabalhando no projeto Sacolas Ecológicas, cujo objetivo é conscientizar e mobilizar a sociedade para abolir o uso das sacolinhas plásticas.
O trabalho da ONG, aliado ao de outros órgãos, contribuiu para que o governo do Estado determinasse a utilização de embalagens ambientalmente corretas no varejo do Paraná. Desde maio de 2008, o comércio é obrigado a substituir as sacolas de plástico tradicional por plástico oxibiodegradável. ‘‘O varejo pode adotar também embalagem de papel sem laminação ou não oferecer nada (ao consumidor)’’, explica Ana.
Ela lembra que os ambientalistas travam uma ‘‘guerra’’ com a sociedade para ‘‘banir’’ as sacolas plásticas, a exemplo do que aconteceu com a cidade de Xanxerê, em Santa Catarina. ‘‘Não existe reciclagem dessas sacolas no Brasil. Cada uma pesa três gramas e é necessário coletar 800 unidades para se conseguir R$ 1 na reciclagem’’, observa. As sacolas de plástico oxibiodegradável, segundo Ana, são apenas um paliativo. Enquanto a tradicional leva quase 500 anos para se decompor, esta leva em média três meses no sol e a partir de 18 meses nos demais ambientes.
A ambientalista sugere ainda que os consumidores comprem sacos de plástico oxibiodegradável para acondicionar lixo. O problema, conforme constatou a reportagem, é que nem todo supermercado oferece o produto. De quatro redes pesquisadas (no Centro e periferia de Londrina), apenas uma (Viscardi) vende este tipo de saco. A boa notícia é que os preços não são diferentes dos sacos tradicionais. Os oxibiodegradáveis de 50 litros custam R$ 2,59 (embalagem com 10 unidades) e R$ 12,98 (com 50 unidades). Já os de 15 litros saem por R$ 10,98 (com 100 unidades).
Sacola retornável agrada, mas uso é pequeno
Consumidores ouvidos pela FOLHA mostram-se conscientes quanto à necessidade de eliminar a sacola plástica do dia a dia. A maior parte, porém, ainda utiliza a sacolinha para transportar as compras e também para acondicionar lixo. Os estudantes universitários Talita Kalil e Diego Cardoso nunca usaram sacola retornável, mas dizem que não achariam ruim mudar os hábitos.
‘‘Eu me acostumaria sim, acho que é só uma questão de começar a usar. Já vi pessoas usando’’, diz Talita. ‘‘Essas sacolinhas prejudicam muito o meio ambiente. Acho que o governo tem mesmo que incentivar o uso de outro tipo de sacola que não seja poluente’’, completa Diego.
Que incentivar qual nada, o governo tem que sancionar leis, multar quem não mudar, simples assim, usar a tinta da caneta. Pena que o governo, que é dono da Petrobrás, isto é, das petroquímicas, não tem interesse em mudar nada na equação atual que é, fabricar plástico, lucrar fabulas e os humanos do futuro que resolvam o problema da poluição causada pelas petroquímicas.
Na opinião do aeroviário Roberto Machado, o respeito ao meio ambiente deve aparecer em primeiro plano, mas é preciso oferecer alternativas aos consumidores. ‘‘A sacola retornável é uma boa ideia. As pessoas só teriam que se adaptar. Meu sogro, por exemplo, utiliza carrinho de feira para ir ao supermercado’’, conta Machado.
O consumidor é que tem que acordar do seu sonho consumista e usar sacolas retornáveis. A alternativa já existe, só falta vontade do consumidor acomodado.
A dona de casa Mara Carvalho já faz parte do time que não leva sacolinha para casa. Ela conta que comprou recentemente duas sacolas retornáveis de tamanho grande, que utiliza para fazer a maior parte das compras. ‘‘Hoje não trouxe nenhuma porque resolvi passar rapidamente no supermercado. Mas normalmente trago as duas. Elas têm um bom tamanho, então coloco toda a compra dentro. Acho muito prático’’, diz Mara. Com a mudança de hábito, ela deixou também de acondicionar lixo nas sacolinhas. ‘‘Coloco direto no baldinho e depois levo para a lixeira na rua’’, revela.
Paraná adota embalagens oxi-biodegradáveis
O superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris, informa que 50% das sacolas distribuídas nos estabalecimentos do Paraná já são oxibiodegradáveis. A entidade tem 950 lojas associadas, que representam entre 80% e 90% do faturamento do setor no Estado. ‘‘(A mudança de hábito) é um processo. É difícil mobilizar o consumidor para isso. Mas estamos fazendo a nossa parte’’, afirma.
Para os lojistas, a sacola oxi-biodegradável custa R$ 0,03 a mais que a tradicional. Rovaris considera ‘‘significativa’’ a adesão no Estado e afirma que há casos de redes que adotaram um padrão de sacolas maiores e mais resistentes (de plástico comum) para incentivar o consumidor a utilizar menor número de embalagens.
Que história é esta que o plástico oxi-biodegradável custa 3 centavos a mais? De onde esta anta retardada tirou isso? Se uma sacola convencional custa 3 centavos e uma sacola oxi-biodegradável custa de 0% a 5% a mais esse cara não sabe do que está falando, ou quer distorcer a verdade. Acreditamos na segunda hipótese.
Isso, vamos resolver o problema do plástico fazendo sacolas com 30% a mais de plástico, e veja bem, plástico convencional, isto é, ao invés de se decompor em 500 anos essas sacolas demorarão 30% a mais de tempo poluindo nosso planeta. Bonito isto, cara palhaço. E ele está falando do Wal-mart, pão de açúcar e Carrefour, que se aliaram às petroquímicas para impedir o avanço do plástico de ciclo de vida curto oxi-biodegradável. Bandidos.
Outro caminho adotado pelo varejo são as campanhas. Rovaris cita que a Apras lançou recentemente uma promoção que consistia na troca de 10 sacolinhas por uma bolsa retornável para cada consumidor. O superintendente observa que o movimento pelas sacolas retornáveis ‘‘está muito forte’’ e que elas são vendidas a ‘‘preços subsidiados’’ em diversos estabelecimentos no Estado.
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