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Mapa mostra onde estão os 70 mil maiores poluidores do mundo

Por Adele Peters – Fast Company – 16 de novembro de 2022 – Recurso pode ajudar empresas, investidores e formuladores de políticas a saber quais locais têm prioridade para reduzir emissões – Crédito: Istock/ Vecteezy

Uma única fábrica de aço em Jiangsu, na China, emite 43 milhões de toneladas de CO2 por ano – mais do que países inteiros, como Madagascar ou Nicarágua.

Essa é apenas uma das mais de 70 mil fontes individuais de poluição climática listadas em um novo mapa feito a partir do maior e mais detalhado banco de dados de emissões de gases de efeito estufa do mundo atualmente.

É impossível gerenciar as emissões quando não se sabe de onde elas vêm”, diz Gavin McCormick, fundador e diretor executivo da WattTime.

Especializada em tecnologia ambiental, a organização sem fins lucrativos faz parte de uma coalizão de organizações, cientistas de dados, pesquisadores e especialistas em inteligência artificial chamada Climate Trace, que construiu o inventário e o mapa.

O banco de dados inclui tudo, desde navios de carga a aterros sanitários – os maiores poluidores climáticos na produção de energia, transporte, resíduos, agricultura e indústria pesada.

Os países geralmente demoram a divulgar dados sobre suas emissões, de modo que as informações podem estar desatualizadas desde o momento em que ficam disponíveis.

Até mesmo os relatórios oficiais de emissões podem ser imprecisos.

Já O Climate Trace faz os cálculos mais detalhados possíveis para cada fonte.

Em confinamentos de gado, por exemplo, onde há emissões do potente gás metano, eles usam dados de satélite para medir o tamanho da instalação e, em seguida, usam um algoritmo para identificar se aquela é uma operação de laticínios ou de carne bovina, além de para estimar o número de animais.

Esse número é multiplicado por uma estimativa de emissões por vaca para aquele local.

Nos campos de petróleo e gás – os maiores poluidores do mapa – a equipe usou modelos detalhados baseados em dados, incluindo volumes de petróleo e gás, técnicas de produção e dados de satélite sobre queima de gás e vazamentos.

As emissões em uma instalação podem ser 10 vezes maiores do que em outra do mesmo tamanho, dependendo da forma como é gerenciada.

Crédito: Climate Trace

 

“Identificar as instalações que são de alta intensidade e alto volume dá às empresas, aos investidores, aos formuladores de políticas e aos consumidores uma indicação clara de quais ativos devem ser direcionados primeiro para redução de emissões ou descomissionamento”, explica Deborah Gordon, diretora sênior da organização sem fins lucrativos RMI, que lidera o trabalho do setor de petróleo e gás para a Climate Trace.

A equipe havia descoberto anteriormente que as emissões de petróleo e gás, que geralmente são relatadas pelos poluidores, estavam sendo subestimadas, mas os dados mais recentes mostram que a situação é muito pior do que eles imaginavam.

Nos países que são obrigados a relatar as emissões de petróleo e gás à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, as emissões reais são três vezes maiores que os números relatados.

Os investidores que desejam reduzir as emissões em seu portfólio podem usar o banco de dados para estimar a pegada de carbono das instalações nas quais podem investir, sugere McCormick.

Os formuladores de políticas podem usá-lo para encontrar as maiores fontes de emissões em sua área e, portanto, os locais a serem cuidados com mais urgência, enquanto tentam atingir as metas de redução de emissões.

Qualquer cidadão pode usar o sistema para encontrar os maiores poluidores em seu próprio bairro.

Crédito: Climate Trace

 

As empresas também podem avaliar potenciais fornecedores usando esses dados.

“Por exemplo, é possível identificar a pegada de carbono por tonelada de aço de praticamente todas as siderúrgicas do mundo. Ou a pegada de carbono por milha náutica percorrida de praticamente todos os principais navios porta-contêineres do mundo”, diz McCormick.

“Como podemos ver do espaço que muitas das instalações mais limpas do mundo ainda não estão operando a 100% da capacidade, essa ferramenta não precisa ter um efeito rebote e é uma das maneiras mais surpreendentemente rápidas e fáceis de impulsionar a descarbonização que eu já vi”, acrescenta.

A ferramenta está ajudando a inaugurar “uma era de transparência radical para rastreamento de emissões”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante as recentes negociações climáticas globais.

“Está ficando mais difícil praticar o greenwash ou, sem meias palavras, fica mais difícil trapacear.”

Sobre a autora:  Adele Peters é redatora da Fast Company.

Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo.

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