Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Estudo mostra que sacolas plásticas de uso único compostáveis são mais tóxicas que as sacolas feitas de plástico convencional
Por Redação de Ambiente Plástico – 29 de setembro de 2023 – Cientistas do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC) conduziram um estudo que revelou níveis mais elevados de toxicidade em sacolas compostáveis do que naquelas feitos com plástico convencional.
Segundo este estudo, a toxicidade das sacolas compostáveis é intensificada pela fotodegradação causada pela exposição aos raios ultravioleta.
Deve-se notar que esta análise preliminar se concentrou na avaliação da toxicidade de sacolas plásticas compostáveis, sacolas plásticas convencionais e sacolas plásticas recicladas em células de peixe-zebra, conforme relatado pelo CSIC.
Os pesquisadores, liderados por cientistas do Instituto de Agroquímica e Tecnologia de Alimentos (IATA-CSIC), do Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (IDAEA-CSIC) e da plataforma Susplast, realizaram extrações das sacolas para analisar os compostos. substâncias nocivas que poderiam ser liberadas no meio ambiente.
Durante o estudo, a toxicidade desses compostos foi avaliada em linhagens celulares de peixe-zebra em três contextos diferentes: diretamente nas amostras das sacolas, após simulação de envelhecimento das sacolas por meio de raios ultravioleta (fotodegradação) e através de pequenos fragmentos das sacolas deixados após serem convertido em fertilizante ou composto de alta qualidade.
Por fim, foi analisado o composto resultante do processo de decomposição das sacolas.
“Surpreendentemente, não encontramos vestígios de toxicidade nas células expostas das sacolas plásticas convencionais. No entanto, detetamos toxicidade nas sacolas biodegradáveis, o que reduziu a viabilidade das células”, explicou Cinta Porte, uma das responsáveis pelo estudo e investigadora do IDAEA-CSIC.
Porte destacou que a hipótese é que os fabricantes “incorporem aditivos químicos na fabricação de sacolas biodegradáveis que podem vir a ser tóxicos”.
Além disso, as sacolas plásticas recicladas também apresentaram níveis de toxicidade mais elevados do que as sacolas convencionais, uma vez que também são adicionados aditivos plásticos para reutilização.
As sacolas de plástico biodegradáveis, atualmente disponíveis na seção de frutas e legumes dos supermercados, são certificados com o selo “OK compost”, o que garante a sua conformidade com as características e legislação necessária à compostagem industrial.
Toxicidade no composto
O estudo, liderado pelo IDAEA-CSIC, demonstra que a toxicidade observada nas sacolas compostáveis é transferida para o composto durante o processo de biodegradação, resultando na acumulação de contaminantes que podem ter um impacto negativo no ambiente e na saúde da população.
“Atribuímos a toxicidade observada tanto aos aditivos utilizados durante o processo de fabricação quanto aos fragmentos de plásticos biodegradáveis que são gerados durante a compostagem”, acrescentou Amparo Lopez Rubio, pesquisadora do IATA-CSIC, que possui uma Unidade de Certificação de Compostabilidade e Biodegradabilidade de materiais.
Lopez considera essencial realizar pesquisas exaustivas sobre a migração e ecotoxicidade destes novos materiais e estabelecer um quadro regulamentar sólido baseado em evidências científicas que garanta a sua segurança antes de chegarem ao mercado.
“Precisamos estabelecer uma colaboração aberta e transparente com as empresas para avançar no desenvolvimento de materiais que, além de serem mais sustentáveis, sejam seguros”, acrescentou.
O estudo não conseguiu identificar os compostos químicos específicos adicionados a estas sacolas compostáveis, uma vez que muitos dos aditivos são protegidos por patentes.
“Todas as sacolas biodegradáveis que estudamos apresentaram níveis semelhantes de toxicidade, embora cada fabricante possa usar aditivos diferentes em seus produtos”, esclareceu Tiantian Wang, primeiro autor do estudo e pesquisador pré-doutorado do IDAEA-CSIC.
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