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Pesquisa brasileira encontra pela primeira vez microplástico no cérebro humano

Por Poliana Casemiro – G1 – 18 de setembro de 2024 – Pesquisadores identificaram fibras e partículas e plástico. O tipo mais comum foi o polipropileno, usado em roupas, embalagens de alimentos e garrafas. – Microplásticos são partículas de plástico que — Foto: Getty Images.

Uma pesquisa brasileira encontrou microplásticos no cérebro humano.

É a primeira vez que o resíduo é encontrado no órgão e, segundo os especialistas, um sinal de alerta máximo para o risco do uso de plástico na rotina humana.

O estudo, que foi feito na Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Livre de Berlim, e com o apoio da Universidade de Campinas (Unicamp), analisou o cérebro de 15 pessoas falecidas que moravam em São Paulo.

Dos cérebros analisados, em oito deles foram encontrados os resíduos.

Segundo os pesquisadores, as pessoas não tinham contato com a indústria de produção de plástico, por exemplo.

O plástico mais comum encontrado foi o polipropileno, usado em roupas, embalagens de alimentos e garrafas.

O estudo foi publicado na revista científica “Journal of the American Medical Association (JAMA), uma referência na área médica, nesta semana.

Veja o vídeo aqui

Estudo da USP encontra presença de microplástico no ar

O que são essas partículas?

Ao longo da decomposição e em alguns processos, ele vai se transformando em partículas minúsculas, que são os microplásticos.

O achado abre um novo capítulo da discussão sobre a contaminação por esse tipo de resíduo.

Em 2022, o mesmo grupo de pesquisa encontrou partículas de plástico pela primeira vez no pulmão humano e decidiu analisar o cérebro.

Thais Mauad, líder do estudo e pesquisadora na USP, explica que o órgão é o mais protegido do corpo humano e a ideia era entender se esses resíduos conseguiam alcançá-lo.

A gente achava que essa era a única área protegida, mas estamos vendo que não é. Se está no cérebro, pode estar em qualquer outra parte do nosso corpo. A gente já sabe que eles são prejudiciais para a saúde, só não sabemos em que dimensão no nosso sistema nervoso. Mas esse é um alerta às autoridades.
— Thais Mauad, médica, pesquisadora da USP e líder do estudo.

Como o microplástico foi parar lá?

O plástico está presente em quase tudo no nosso dia a dia.

Cerca de 22 milhões de toneladas de plástico são descartadas na natureza por ano em todo o mundo.

As pesquisas recentes já encontraram essas partículas nos oceanos, nos peixes que comemos, na água e também no ar.

Por exemplo, enquanto um pneu gira no asfalto, ele solta microplásticos.

A roupa que usamos solta partículas tão pequenas que não é possível ver, isso se mistura ao ar que respiramos.

Até por isso, também já foram encontradas nos pulmões.

A hipótese dos pesquisadores é que os resíduos tenham chegado ao cérebro, justamente, pela respiração.

Isso porque as partículas e fibras estavam no bulbo olfatório, uma parte do cérebro onde são processados os cheiros que sentimos. Nela, há pequenas perfurações por onde passam os nervos que atuam nesse processo, que é por onde eles acreditam ter entrado o resíduo.

E como isso afeta a saúde?

Thais Mauad alerta que há pesquisas que provam que os resíduos são prejudiciais à saúde.

No início deste ano, um importante estudo acompanhou pessoas que tinham microplásticos no coração e descobriu que essas pessoas tinham um risco quatro vezes maior de problemas cardíacos graves e morte.

No entanto, no caso do cérebro, ainda não é possível prever exatamente qual o risco, isso porque a análise só pode ser feita depois do óbito.

Mas Thais explica que esse é o próximo desafio às autoridades.

“Não sabemos qual o impacto disso, por exemplo, no cérebro de uma criança em desenvolvimento”, explica.

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