Coca Cola tem bisfenol-A nas latas; acionistas querem explicações

Investidores acusam a empresa de não divulgar medidas contra o uso da substância, atitude contrasta com a de outras multinacionais de alimentos e bebidas

Acionistas da Coca-Cola votam hoje uma proposta para que a empresa divulgue como está respondendo ao temor dos consumidores em relação ao bifenol-A (BPA), que é utilizado no revestimento interno das latas de refrigerantes. O movimento aconteceu após empresas de investimento social acusarem a Coca-Cola de não divulgar para acionistas e consumidores se estava se mobilizando o suficiente para lidar com o temor do público ao BPA.

É a primeira vez que uma proposta de acionistas enfoca somente no BPA. Essa afirmação foi dos três grupos de investimento que estão por trás da iniciativa: Domini Social Investments, As You Sow e Trillium Asset Management Corporation. Os grupos destacaram a falta de reação da Coca que contrasta com a de outras indústrias como a Eden Foods, que oferece enlatados sem BPA desde 1999. Também mencionaram a declaração da General Mill,s que venderá tomates orgânicos enlatados sem BPA.

Totalmente inadequado

De acordo com os investidores, a empresa precisa melhorar sua divulgação sobre os riscos associados ao uso de BPA em latas de Coca-Cola e também o que a empresa está fazendo para lidar com esses problemas. “A divulgação da empresa, especialmente comparado ao da General Mills, Whole Foods e Eden Organics, é insuficiente e sugere que a Coca-Cola precisa se dedicar mais a esse assunto”, disse Jonas Kron, vice presidente da ESG Research & Shareholder Advocacy da Trillium Asset Management.

Michael Passoff, diretor senior da As You Sow, afirmou que acionistas tentaram discutir com a gigante de refrigerantes sobre o assunto, mas ” a Coca-Cola falhou em oferecer para investidores e consumidores evidências suficientes de que está dando todos os passos necessários para enfrentar a preocupação dos consumidores com a relação do BPA e suas doenças”.

Acionistas estão sendo incentivados a aprovar a proposta feita pelos grupos RiskMetrics e ProxyGovernanceInk. Ambos grupos acreditam que a Coca-Cola não está divulgando de maneira apropriada o que está fazendo para lidar com o temor de consumidores ao BPA.

“O BPA pode representar um risco na reputação e em termos de competitividade para empresas que o utilizam em seus produtos ou embalagens devido a preocupação de consumidores”, completou Passoff.

A posição da Coca-Cola

A empresa não ofereceu uma resposta específica a proposta antes da publicação dessa matéria, mas enviou sua posição geral em relação ao BPA para a FoodProductionDaily.com. “O BPA tem sido muito estudado e sua a aprovação de seu uso foi confirmada por autoridades e cientistas do mundo todo. Muitos órgãos de fiscalização e regulamentação, incluindo da Comunidade Européia, Alemanha, Estados Unidos, Grã Bretanha, Australia, Nova Zelândia, Canadá e Japão, confirmaram que o BPA é seguro para ser utilizado na indústria de alimentos e enlatados.

Em 2007, a European Food Safety Authority (EFSA) completou um estudo sobre os aspectos relacionados ao BPA e concluiu que não existiam maiores preocupações. Como resultado a EFSA estabeleceu uma quantidade aceita diária de 0,05 miligramas por kg em relação ao peso da pessoa. Todas as evidências científicas e testes demonstram que bebidas em latas de alumínio e aço são seguras para o consumo.”

Nos últimos anos, o uso do BPA na resina epóxi como revestimento em latas e em mamadeiras tem sido um dos assuntos mais discutidos na segurança de embalagens para alimentos. O Food and Drug Administration (FDA) e a European Food Safety Authority (EFSA) estão no momento reformulando sua opinião sobre o químico. Em Março a Dinamarca foi o primeiro país europeu a proibir o BPA em embalagens para crianças de 0 a 3 anos.

Fonte – Rory Harrington, Food Production Daily, 21 de abril de 2010 / O Tao do Consumo

Imagem – ibleh