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No Canadá, 91% da população está contaminada pelo bisfenol-A

No estudo feito com 5,6 mil canadenses, jovens e crianças apresentaram maior nível de contaminação

Um estudo do Ministério de Saúde do Canadá, apresentado essa semana, revelou que nove entre dez canadenses, o que corresponde 91% da população com idades entre 6 e 79 anos, têm bisfenol-A (BPA) na urina. O bisfenol é o químico usado na fabricação de plásticos e no revestimento interno de quase todas as latas de alimentos e bebidas. Sua ingestão, que ocorre a partir das embalagens, pode ser prejudicial para a saúde. Os perigos incluem alterações no desenvolvimento do sistema nervoso, hiperatividade e agressividade, obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer, puberdade precoce e tardia, abortos, infertilidade e anormalidades no fígado. Pesquisas também já associaram o BPA a problemas sexuais em homens, como a diminuição da qualidade e da quantidade de esperma. Os testes foram realizados com 5,6 mil canadenses.

Ainda de acordo com os resultados, jovens e crianças apresentaram maior taxa de contaminação. As crianças com menos de 12 anos apresentaram níveis médios de 1.30 partes por bilhão (ppb) na urina, enquanto seus pais, adultos entre 40 e 59 anos, e seus avos, que tem 60 e 79 anos, apresentaram níveis de 1.04 e 0.90 ppb, respectivamente. A faixa etária mais preocupante da pesquisa está entre jovens de 12 a 19 anos, que apresentaram taxa de 1.50 ppb.

“Considerando a rapidez com que o BPA è eliminado pelo corpo e sua alta frequência de detecção esses dados sugerem que a exposição ao BPA é continua e afeta toda a população”, afirma o relatório divulgado na segunda feira. Tracey Bushnick, principal analista do Statistics Canada’s health analysis division, afimou que o estudo não determina porque os jovens e crianças do Canadá apresentaram maior de contaminação que os adultos, mas sugeriu que uma combinação de fatores pode estar ocorrendo. O bisfenol é frequentemente encontrado em latas de refrigerante, talheres, pratos e garrafas de plástico. “Crianças possuem uma fisiologia diferente dos adultos. Por exemplo, como eles absorvem, distribuem, metabolizam e eliminam o BPA pode ser diferente”, disse Bushnik.

O relatório não discutiu o perigo do bisfenol porque o governo ainda não estabeleceu um nível máximo de consumo de BPA por habitante. O grupo American Chemistry Council, que recentemente fez um grande lobby para impedir que o bisfenol fosse listado como substancia tóxica no Canadá, se apressou em contestar os resultados. Por meio de um comunicado, a entidade afirma que o nível de BPA encontrado na urina dos canadenses é mil vezes inferior ao considerado seguro pela Agencia de Saúde do Canadá.

Já as entidades de defesa ao consumidor vêm os resultados de maneira diferente e dizem que eles ilustram porque a proibição ao BPA feita em 2008 em mamadeiras deve ser estendida a outros produtos. “Não importa que argumento a industria apresente hoje”, diz Rick Smith, diretor executivo da ONG Environmental Defence. “Não tem como eles justificarem a presença de um químico que afeta o funcionamento de hormônios em 9 entre 10 canadenses”, argumenta. No início da semana, o governo canadense anunciou que é muito provável que em novembro deste ano o bisfenol seja oficialmente declarado uma substancia toxica, o que geraria uma reavaliação de sua utilização em vários produtos. Embora sua utilização em mamadeiras já tenha sido proibida no país, a denominação de substancia toxica ainda não está nas embalagens.

Fonte – Calgary Herald / The Gazette de 17 de agosto de 2010 / O Tao do Consumo

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