Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Alguém do governo finalmente teve coragem para se manifestar contra a mudança do código florestal. Milagre!
Até então calada no debate sobre as mudanças no Código Florestal, a Agência Nacional das Águas (ANA) divulgou nota técnica afirmando que do ponto de vista de recursos hídricos, não há necessidade de alterações no atual Código Florestal, “notadamente no que tange a largura mínima de 30 metros” nas matas que margeiam os rios e córregos do país.
O relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B) originalmente pretendia reduzir de 30m a 15m faixa de proteção da mata ciliar. Mas, a pedido da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) a redução seria maior, apenas 7,5 metros de área protegida em rios de até 10m de largura.
Em entrevista por e-mail, o Gerente de Uso Sustentável da Água e do Solo da ANA, Devanir Garcia dos Santos, explicou que as Áreas de Preservação Permanente ciliares, também chamadas de mata ciliar, ajudam a reduzir a quantidade de resíduos de defensivos e da adubação que chegam ao leito dos cursos de água.
“Qualquer alteração nessa largura de 30 metros reduz a eficiência da mata ciliar, aumentando os riscos de contaminação das águas por agrotóxicos e resíduos de adubação e os de assoreamento dos córregos, que agora não tem mais a proteção adequada.”, disse.
A ANA, que disponibilizou seu parecer na internet, também afirmou que não devem ocorrer em outras áreas de preservação permanente, como as encostas e topos de morro, pois elas são consideradas zonas de recarga dos aqüíferos.
“Para que as zonas de recarga cumpram seu papel de recolher a água da chuva e infiltrá-la no solo, ela precisa estar vegetada, de preferência florestada, ou então utilizada com culturas que mantenham cobertura vegetal o ano todo e tenham sistemas de conservação de solo implantado, de forma a aumentar a sua capacidade de coletar e infiltrar água de chuva. O tratamento similar seria a fiscalização passar a exigir que estas áreas estejam adequadas para o cumprimento de seu papel”, diz Santos.
Na nota técnica, a ANA propõe que “a assistência técnica precisa ser fortalecida para que o setor possa contar com técnicos capacitados em número suficiente ao atendimento de sua demanda”.
Para Devanir Garcia Santos, a extinção, nos anos 90, da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) – que dava suporte aos estados no aparelhamento do setor e na capacitação e financiamento dos técnicos – ajudou a piorar o quadro do setor rural no país. “Um agricultor que queira hoje recuperar suas APP ou reserva legal, terá dificuldades em conseguir o apoio técnico necessário e uma orientação adequada, fato esse que ocorre também na irrigação, na conservação de solos e outras práticas que exijam especialização”, explica.
Fonte – Daniele Bragança, O Eco de 25 de abril de 2011
Imagem – Marco Aurélio Jacob
Poesia – Vladimir Maiakovski
Parabéns Devanir, pela coragem de falar verdade, uma verdade que todo brasileiro precisa escutar, de que os fazendeiros querem secar as fontes de água do país. Mas infelizmente, tememos que custe o seu cargo, porque existe uma conspiração para acabar com a água do país, para acabar com a cobertura florestal do país, tudo porque os fazendeiros querem plantar até a margem dos rios e se pudessem plantariam e criariam gado até dentro da água, só não o fazem porque a água levaria tudo.
Esses fazendeiros em nada se diferenciam dos bandidos que matam, sequestram e roubam e depois querem mudar a lei para os crimes que cometeram deixem de ser crime. Acompanhamos esta história de recompor a reserva legal, APPs e mata ciliar desde antes da criação da FUNVERDE e é sempre a mesma coisa, os fazendeiros empurrando com a barriga, na esperança de mudar a lei para que o crime de desmatamento deixe de ser crime.
Só não produz mais quem não quer usar tecnologia, só não recompõe a vegetação quem não tem compromisso com seus próprios descendentes, que irão herdar suas terras.
Serã que estes bandidos não entendem que a água é o recurso natural mais precioso do planeta, que se não existir a proteção da mata ciliar os rios serão assoreados e envenenados por causa das chuvas, que cairão direto nos rios, sem as árvores que servem de cílios para filtrar a água contaminada, que sem a proteção das áreas de preservação permanente primeiro que não haverá recarga dos aquíferos e portanto, não haverá água para irrigar suas plantações e dar de beber ao gado, que sem a proteção das nascentes a água sumirá e transformará este país em um imenso deserto.
E não acreditamos que os fazendeiros queiram mudar o código por ignorância, inocentemente, tudo isso é por pura e simples ganância, querer lucrar sem ter responsabilidade para com os humanos que ainda nem nasceram. Eles parecem nômades, acabam com a fertilidade do solo e para não ter que gastar suas fortunas, querem derrubar a mata, mesmo que esteja protegendo rios e nascentes, para ter terra fértil novamente. Se conseguirem mudar o código florestal agora, se sentirem que é fácil destruir, tenham certeza que, logo logo, irão destruir mais, irão destruir tudo.
Será que esses fazendeiros não entendem que a terra não lhes pertence, que é apenas um empréstimo feito pelos seres do amanhã? Eles não entendem que eles tem que tirar da terra o necessário sem comprometer os recursos naturais que devem ser mantidos para os próximos que habitarem o planeta?
Nós temos que nos mobilizar agora, pois depois será tarde demais, depois da votação podem esquecer das florestas, dos rios, das nascentes, porque os bandidos destruirão tudo para nós e para os humanos que necessitarão de água limpa que não mais existirá, de remédios e alimentos das florestas, que já não existirão mais. E tenham certeza, os seres do amanhã jamais nos perdoarão por não termos cuidado do planeta que eles nos emprestaram para vivermos e não para destruirmos.
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
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