Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
A cocaína chegou à Antártida (e isso é uma péssima notícia)
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Uma pesquisa científica detectou a presença de cocaína, ibuprofeno, paracetamol e cafeína nas águas da Antárctida, em níveis semelhantes aos das águas europeias e de outros continentes mais povoados.
A investigação, realizada por cientistas espanhóis e argentinos, foi o primeiro estudo alguma vez realizado sobre a presença de medicamentos e de drogas ilegais naquele que é o continente menos habitado da Terra, com uma população que oscila entre os mil e os 4 mil habitantes.
Os investigadores recolheram amostras de água de riachos, de lagoas e de descargas de águas residuais sem tratar em zonas consideradas “sensíveis” devido ao turismo e à presença de bases científicas.
Eles procuravam a presença de 21 diferentes medicamentos e substâncias químicas e drogas ilegais e “12 apareceram nas análises”, salienta o jornal El País, que divulga o estudo.
“Os compostos de maior concentração são anti-inflamatórios e analgésicos que apresentam um “elevado risco” a nível meio-ambiental”, refere o artigo científico sobre o estudo publicado no jornal Environmental Pollution.
Foram também detectadas “concentrações preocupantes de antibióticos nas águas residuais de uma das bases analisadas”, refere o El País, e uma forte presença da cafeína e de efedrina, substância usada em medicamentos.
Foi igualmente detectado o principal metabolito da cocaína próximo de uma base científica e militar argentina em concentrações “semelhantes” às detectadas em rios de Espanha, Itália, Bélgica e Reino Unido.
Segundo um estudo realizado em 2013, a concentração de cocaína nos rios madrilenos, na zona com mais população do país vizinho, era “a mais alta de Espanha e da Europa”, diz o El País.
No caso da Antárctida, que tem tido um crescendo em termos de turismo, com o número de visitantes a cerscer todos os anos, “a presença humana está a introduzir contaminantes não analisados até agora que, em função da sua toxicidade, persistência e bioacumulação podem resultar em danos no ecossistema antárctico“, alerta Yolanda Valcárcel, da Universidad Rei Juan Carlos de Madrid, que é uma das co-autoras do estudo.
A cientista nota que “as concentrações de drogas são ínfimas e, em nenhum caso, supõem um perigo ambiental”, pelo menos no imediato.
Mas o estudo releva que, embora a presença das substâncias “possa dever-se ao consumo ocasional, inclusive fora da zona analisada, é aconselhável realizar um controlo contínuo devido aos potenciais riscos que pode supor para os ecossistemas aquáticos da Antárctida”.
Estas substâncias poluidoras são tanto mais potencialmente ameaçadoras quanto as “condições climáticas especiais do continente antárctico”, onde os “frios extremos” podem “atrasar ou dificultar os processos de degradação microbiana e de foto-degradação deste tipo de contaminantes”, sublinha ao El País Luís Moreno, investigador do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha e co-autor do estudo.
Fonte – ZAP de 27 de junho de 2017
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