O aumento do preço das licenças necessárias para emitir carbono na UE tornou o carvão caro.
Portanto, existem poucas alternativas à combustão de gás para eletricidade e aquecimento doméstico.
Enquanto os outros gargalos na economia mundial – para navios porta-contêineres e microchips – geraram um boom nos gastos de capital, os investimentos em combustíveis fósseis estão em declínio a longo prazo.
O xisto americano só pode ajudar até certo ponto, porque os mercados de gás estão imperfeitamente conectados via GNL.
Os preços altos, quando atingirem, servirão principalmente para racionar a oferta já limitada.
Mas são necessários grandes movimentos de preços para conter esta demanda.
Se os próximos meses forem frios, a energia na Europa pode se tornar muito cara e fazer com que as empresas e as famílias utilizem menos gás no aquecimento.
A solução desse problema requer um diagnóstico preciso do que deu errado.
Os governos não levaram muito em consideração a intermitência das energias renováveis.
O mundo tem pouca energia nuclear – uma fonte de energia de baixo carbono que está sempre ativa.
As intervenções e subsídios do gás só vão piorar as coisas.
A energia cara irrita os eleitores e prejudica os pobres.
Mas subsidiar a energia em um aperto, como a Itália está fazendo, ou limitar os preços, como a Grã-Bretanha faz, vai exacerbar a escassez e fazer com que o compromisso dos legisladores com o verde pareça inócua.
Os governos devem usar o sistema para o bem-estar das famílias e para manter a renda familiar, caso seja necessário, ao mesmo tempo em que ajudam os mercados de energia a funcionar de maneira eficiente.
O desafio de longo prazo é suavizar a volatilidade à medida que a mudança para a energia renovável continua.
Eventualmente, o armazenamento de baterias de baixo custo poderia resolver o problema de intermitência; neste momento, ainda mais armazenamento de gás ajudaria.
Enquanto isso, as mudanças no mercado podem tornar as coisas melhores.
No Reino Unido, pequenos fornecedores de energia que oferecem, por exemplo, contratos de preço fixo de um ano aos consumidores, mas compram energia a taxas variáveis, logo irão à falência.
Fazer com que as empresas que vendem a taxas fixas se protejam contra aumentos de preços no atacado deve encorajar mais armazenamento físico de gás.
Outra ideia é investir mais em redes de conexão (uma ligação entre a Grã-Bretanha e a França falhou recentemente) e infraestrutura de gás natural, para que as trocas de arbitragem possam nivelar as disparidades no fornecimento global de energia.
Fontes de energia sujas devem ser caras.
Mas, sem alternativas confiáveis, o aumento dos preços aumenta a inflação, reduz os padrões de vida e torna o ambientalismo impopular.
Se os governos não administrarem a transição energética com mais cuidado, a crise de hoje será a primeira de muitas que ameaçam a transição vital para um clima estável.
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