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Você consome ou está sendo consumido?

Nós fazemos parte do ambiente tal qual uma goiabeira ou uma borboleta e é por isso que temos que, além de salvar as baleias, salvar nossos descendentes deles mesmos, do que comem, de como vivem, salvá-los de nosso consumismo.

O consumismo de hoje está afetando o consumo do futuro, já que a obsolescência programada está fazendo sumir os recursos naturais do planeta. O veneno nos alimentos, os alimentos transgênicos, os conservantes, corantes, todos os “antis”, as embalagens com seus bisfenóis tóxicos… enfim, viver está ficando muito perigoso e diminuindo a nossa expectativa de vida e a dos nossos filhotes.

Até quando aceitaremos crianças obesas, com diabetes, pressão alta e todas as porcarias que antes só aconteciam com os adultos? Até quando ficaremos cegos diante do que estamos fazendo com nossas crianças? Sim, porque nenhuma criança com menos de dez anos escolhe o que comer, nenhuma delas vai fazer as compras no  supermercado. Nossa apatia, preguiça, é que nos faz comprar o que é mais prático, mais rápido para alimentar a família ao invés de comprar o que é mais saudável mas que demanda mais tempo de preparação.

E precisamos de mais tempo para que? Para que estamos poupando este tempo? Para assistir novela? Para ir ao shopping? Para ir ao cabeleireiro, manicure, massagista, depilador, esteticista? Para fofocar com as amigas e mostrar que estamos mais bem vestidas, temos mais joias, mais sapatos, mais maquiagem… Que vamos mais à academia e estamos mais “saradas”?

Que merda é essa, que mundo é esse em que temos que ter mais, parecer mais, aparecer mais – sim, porque o facebook é praticamente uma revista de fofoca, com uma foto mais photoshopada que a outra, com demonstração de riqueza e poder de cada um, onde um quer parecer ter mais que o outro – enfim, ser melhor que os nossos amigos, ou inimigos?

Onde estão nossos filhos enquanto estamos vivendo esta ilusão de consumo? Quem está criando os que irão decidir o rumo do planeta em duas décadas? Onde estão os filhos das mulheres que deveriam ter amadurecido aos trinta e ainda estão na academia o dia inteiro e depois partem para o shopping e depois para os bares e restaurantes para contar suas proezas para as amigas que tiveram o mesmo dia fútil, inútil e vazio?

O que se passa na cabeça destas mulheres e também na dos homens, que aos sessenta querem ter corpo de vinte e tem o intelecto de doze? Eles querem carros, mulheres troféu, de preferência cheias de silicone, bundas e peitos falsos, seus patek philippe, cartier e bulova, seus bentley, lamborghini, diesel, armani… e elas, ah, elas… elas querem hermès, chanel, lanvin, prada, hermès, jimmy choo, louboutin, homens poderosos que as mantenham sem que elas precisem trabalhar ou mesmo pensar.

É nisso que nos transformamos? Em escravos das 25 corporações que comandam o planeta? Trabalhamos ou vivemos para consumir o que eles produzem e com isso estamos nos matando e pior, matando nossos filhos.

Podemos mudar, mas vai demandar parar e repensar se precisamos consumir o que consumimos, se precisamos trocar o que está funcionando, parar de comer fast food e passar para a slow food, slow life, parar de consumir de corporações e consumir local, orgânico, caseiro.

Sim, isto cabe no nosso tempo! É só abandonar o que nos distrai, como a tv, as novelas, viver os dramas e alegrias de personagens inventados porque nossas vidas são vidas vazias e inúteis.

É por isso que iniciamos este ano uma série de matérias sobre como viver mais saudável para viver mais. De como consumir menos,  de como apreciar mais a vida que nos foi dada de presente e é desperdiçada com… nada, absolutamente nada.

É por isso que lamentamos cada cientista, cada ativista que se vai. Porque são poucos os que dedicam sua vida a melhorar a vida de todos. O humano comum está mais preocupado com seu umbigo, sua bunda, seu peito… tudo, menos com seu cérebro e o que fazer para usar esse cérebro para melhorar o planeta e a vida dos outros humanos.

Carl Sagan disse certa vez que vivemos em uma espaçonave cheia de passageiros e com pouquíssimos tripulantes. Pense sobre o significado disso. Se transforme de passageiro em tripulantes, porque esta nave está caindo aos pedaços e sem ela, nós todos pereceremos.

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