Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
A razão pela qual amamos abelhas e odiamos marimbondos
Um novo estudo revela que os marimbondos são odiados e as abelhas, amadas. Pesquisadores, no entanto, dizem que a má fama dos marimbondos é injusta, porque eles são tão importantes para o meio ambiente quanto as abelhas.
Os responsáveis pelo estudo sugerem que se faça uma campanha de marketing para mudar a imagem dos marimbondos junto à população – a má reputação, segundo os pesquisadores, está relacionada ao pouco conhecimento do papel desses insetos na natureza. Também dizem que gostariam de ver os mesmos esforços feitos em relação às abelhas para preservá-los.
Foi feita uma pesquisa com 750 pessoas de 46 países na qual foi detectado que os marimbondos, famosos por suas picadas dolorosas, estão entre os insetos mais odiados.
Os que participaram da pesquisa tiveram que listar insetos numa escala de preferência que variava de -5 a 5, ou seja, dos que provocavam reações negativas aos que atraíam sentimentos positivos.
A maioria dos participantes classificou as abelhas com nota 3 ou acima de 3. O oposto aconteceu com os marimbondos, que receberam notas negativas, -3 ou inferior.
Quando perguntadas sobre quais palavras podiam associar com as abelhas, as respostas mais frequentes foram “mel”, “flor” e “polinização”. No caso dos marimbondos foi “ferrão”, “irritante” e “perigoso”.
Mas marimbondos também são responsáveis pelo transporte do grão de pólen das flores e por matar pragas.
Uma das responsáveis pelo estudo, Seirian Summer, da universidade britânica UCL (University City of London), brinca que os marimbondos sofrem com a falta de “um bom relações públicas ou de um assessor de imprensa”.
Isso porque, segundo ela, a maioria das pessoas não sabe de todas as coisas boas que os marimbondos fazem. Por isso eles são considerados um incômodo, e não um importante ativo ecológico.
“As pessoas não percebem o quão incrivelmente valiosos eles são”, disse a pesquisadora à BBC News. “Embora você possa pensar que eles estão apenas tentando estragar sua cerveja ou seu sanduíche com geléia, eles estão, de fato, muito mais interessados em encontrar insetos para levar de volta ao seu ninho para alimentar as lavas.”
Summer descobriu, também, que praticamente não há pesquisa sobre os impactos positivos dos marimbondos no meio ambiente. Além de não serem queridos, esses insetos são também preteridos por pesquisadores.
Ao analisar estudos já publicados ou divulgados sobre marimbondos e abelhas, ela identificou que 97,6% de um total de 908 pesquisas, todas produzidas depois de 1980, trataram de abelhas. O levantamento incluiu ainda 2.543 resumos encaminhados a congressos científicos nos últimos 20 anos e, nesses casos, 81,3% diziam respeito a abelhas.
A carência de estudos, na avaliação de cientistas, tem atrasado os esforços para desenvolver estratégias de conservação de marimbondos, cujos números estão diminuindo devido à perda de habitat e mudanças climáticas, de acordo com Alessandro Cini, da Universidade de Florença, que colaborou com o estudo.
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