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Acabamos de ultrapassar 410ppm de CO2, o maior nível em milhões de anos

O mundo acabou de passar por um novo marco climático. Cientistas previram que isso aconteceria este ano – e aconteceu. Na terça-feira, o Observatório Mauna Loa, no Havaí, registrou sua primeira leitura de dióxido de carbono em mais de 410 partes por milhão: 410,28 ppm (partes do gás por milhão de moléculas de ar).

Segundo informa a revista “Scientific American”, o dióxido de carbono não atingiu níveis tão altos em milhões de anos. Os números representam uma nova atmosfera com a qual a humanidade terá de lidar, uma que está prendendo mais calor e fazendo com que o clima mude em um ritmo acelerado.

No que se tornou uma tradição do outono, o dióxido de carbono vem estabelecendo um recorde anual nesta época todo ano desde que começaram as medições. Em 1958, quando os registro começaram a ser feitos em Mauna Loa, os níveis eram de 280 ppm. Em 2013, passou dos 400 ppm. Apenas quatro anos depois, a marca de 400 ppm não é mais uma novidade – é a norma.

“É muito deprimente que seja apenas alguns anos desde que o marco de 400 ppm foi derrubado”, declarou ao portal do centro de pesquisa Climate Central no mês passado Gavin Foster, um pesquisador paleoclimático da Universidade de Southampton. “Esses marcos são apenas números, mas eles nos dão a oportunidade de fazer uma pausa, fazer um balanço e agir como réguas úteis para comparações com o registro geológico”.

El Niño e emissões humanas

No início deste ano, os cientistas do Met Office da U.K. emitiram sua primeira previsão em relação ao dióxido de carbono. Eles projetaram que o CO2 poderia chegar a 410 ppm em março e quase certamente chegaria a este nível em abril. Sua previsão foi confirmada com registro diário da última terça-feira, dia 18. Eles também projetam que a média mensal chegará a um pico próximo de 407 ppm em maio, estabelecendo um recorde mensal.

Animação mostrando como o dióxido de carbono se move ao redor do planeta. Crédito: NASA

As concentrações de dióxido de carbono têm subido vertiginosamente nos últimos dois anos, devido em parte a fatores naturais como El Niño, fazendo com que uma quantidade maior do composto acabe na atmosfera. Porém, o aumento é principalmente impulsionado pelas quantidades recordes de dióxido de carbono que os seres humanos estão criando através da queima de combustíveis fósseis.

“A taxa de aumento irá diminuir quando as emissões diminuírem”, afirma Pieter Tans, cientista atmosférico da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, em entrevista à “Scientific American”. “Mas o [nível de] dióxido de carbono ainda estará subindo, embora mais lentamente. Somente quando as emissões forem cortadas pela metade nível de dióxido de carbono atmosférico vai parar de aumentar”.

Dano permanente

Mesmo assim, ainda que as concentrações de dióxido de carbono parassem de aumentar, os impactos das mudanças climáticas se estenderão por séculos futuros. O planeta já aqueceu 1° C, incluindo uma constante de 627 meses consecutivos de calor acima do normal. O nível do mar já aumentou cerca de 30 centímetros e os oceanos se acidificaram. Além disso, o calor extremo tornou-se mais comum.

Todos esses impactos vão durar mais e se intensificar no futuro, mesmo se cortarmos as emissões de carbono. Mas nós temos uma escolha de definir o quão intenso eles serão baseada em quando nós vamos parar de poluir a atmosfera.

Atualmente, estamos nos encaminhando para que até a metade do século criemos um clima nunca visto em 50 milhões de anos.

Fontes – Scientific American / Climate Central / Jéssica Maes, Hypescience de 24 de abril de 2017

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