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Afetado pelo aquecimento nos Andes, Chile planeja geleiras artificiais
Por Duda Monteiro de Barros – Veja – 3 de novembro de 2021 – País anunciou 407 medidas de combate à mudança climática durante a COP26 esta semana
Um grupo de especialistas em clima do Chile quer aproveitar as chuvas de inverno no Hemisfério Sul para congelar a água e transformá-la em geleiras artificiais, que serão usadas nos meses secos de dezembro a fevereiro.
Inspirado por uma iniciativa criada na Índia, o projeto Nilus está em desenvolvimento nos picos do Cajon del Maipo, uma cordilheira a sudeste da capital Santiago.
A meta é armazenar 100 milhões de litros de água no próximo ano, quantidade capaz de abastecer uma comunidade de 100 mil pessoas por três meses.
O protótipo do projeto está no Parque Arenas, na parte mais alta do Cajon.
Lá, a água deve ser capturada e congelada graças às baixíssimas temperaturas noturnas.
O Chile enfrenta severa seca há anos.
Pesquisadores e ativistas ambientais alertam que as geleiras da Cordilheira dos Andes estão recuando.
A falta de chuvas e de neve está tornando escassa a cobertura de gelo nas montanhas dos Andes entre a Argentina e o Equador.
Imagens de satélite do inverno de 2020 e 2021 mostraram uma brusca diminuição da neve acumulada na região, justamente na estação em que deveria ser mais abundante.
Neste ano, o Chile enfrentou a pior seca da última década.
Em agosto, uma estação meteorológica em Santiago registrou apenas 78mm, em comparação com 180mm no ano passado e uma quantidade média de 252mm, de acordo com o Serviço Meteorológico do Chile.
Imagens do satélite Copernicus mostram redução do nível de neve. União Europeia / Copernicus Senti/Divulgação
O Chile anunciou a estratégia de longo prazo (ECLP) para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 que apresentará na cúpula do clima COP26, que está acontecendo em Glasgow.
A ECLP consiste em 407 metas concretas para reduzir as emissões em todos os aspectos da sociedade.
A ministra do Meio Ambiente, Carolina Schmidt, afirmou que a mudança climática é a maior crise global enfrentada atualmente.
O país se comprometeu a reduzir suas emissões de carbono a nível estatal com um máximo de 1,1 bilhão de toneladas de carbono entre 2020 e 2030 e estabeleceu cotas de responsabilidade para cada área.
O Transporte ficará com a maior cota (29%), seguido por Energia (26%) e Mineração (16%), principal atividade industrial do Chile, que é o maior produtor de cobre do mundo.
A intenção é que em 2025 apenas 10 das atuais 28 usinas a carvão ainda estejam em operação no Chile.
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