Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Alelopatia combina plantas para evitar naturalmente doenças em cultivo orgânico
A alelopatia é uma das formas mais simples de cuidar da agricultura. | Foto: iStock by Getty Images
A introdução de plantas alelopáticas na agricultura orgânica é uma forma de evitar o uso de produtos químicos.
Cultivar determinadas espécies de plantas exige uma maior atenção por parte dos agricultores em relação às pragas e doenças que podem infestar aquele plantio. Entre as maneiras de proteger uma cultura a mais tradicional é o uso de pesticidas e insumos agrícolas, criando assim uma proteção artificialmente elaborada, na qual a presença de produtos químicos, em longo prazo, prejudica não só o plantio como principalmente o consumidor final. No entanto, existem alternativas orgânicas muito eficientes também, como explica o especialista em Agricultura Orgânica Thiago Tadeu Campos.
No meio orgânico, os mais comuns e tradicionais são o controle biológico e a adubação orgânica. Além desses métodos, é possível se utilizar da alelopatia, técnica que consiste em conciliar plantas de diferentes famílias em uma mesma localidade, para elas ofereçam proteção umas às outras através da liberação de metabólitos primários e secundários.
Proteção natural
Em geral a alelopatia é uma maneira de oferecer uma proteção natural ao cultivo, ao mesmo tempo em que nutre de maneira complementar o solo no qual estão instaladas. O benefício, no entanto, não se restringe à relação de uma planta com a outra, pois também é possível utilizar plantas que oferecem proteção conta insetos e outros tipos de seres vivos que prejudicam a agricultura, como, por exemplo, os microrganismos maléficos à produção orgânica.
As vantagens que a alelopatia pode oferecer à agricultura orgânica
A introdução de plantas alelopáticas na agricultura orgânica é uma forma de evitar o uso de produtos químicos durante o desenvolvimento das plantas. Esse cuidado com a qualidade e com a organicidade do alimento produzido faz com que ele seja muito mais nutritivo e que sua produção seja realizada a forma mais natural possível.
Interações bioquímicas
Através das interações bioquímicas, realizadas de forma direta ou indireta (quando a planta já está em processo de decomposição), as plantas conseguem alcançar o equilíbrio ideal naquela cultura. Essas plantas podem auxiliar também na presença de predadores naturais de suas pragas e insetos, estabelecendo uma relação de controle biológico na região.
Harmonia na produção orgânica
Grande parte dos agricultores busca uma forma abrangente de cuidar de suas plantações, sem que para isso seja necessário altos investimentos ou o uso de produtos químicos. A alelopatia é uma das maneiras mais fáceis de atingir essa harmonia. Para que o ambiente se autorregule é preciso conhecer um pouco mais acerca das espécies de plantas e suas interações.
Plantas companheiras
As plantas companheiras são aquelas que estimulam a produção e o desenvolvimento da planta ao lado. Em geral, são utilizadas plantas de famílias diferentes que, além de garantir a reestruturação do solo, oferecem os nutrientes necessários, evitando assim a necessidade de adubos sintéticos.
Exemplos de combinações de plantas
Entre as principais combinações de plantas companheiras temos a união de abóbora, milho, e feijão (cuburbitáceas, solanáceas e leguminosas, respectivamente), essa estrutura tradicional de plantação faz com que o solo esteja sempre repleto de nutrientes e evita o desequilíbrio bioquímico. Também podemos encontrar a conciliação entre solanáceas, compostas, umbelíferas e liliáceas, combinação muito utilizada em pequenas hortas domiciliares, com a junção de tomate, alface, cenoura e cebola.
Plantas antagônicas
Nas plantas antagônicas encontramos combinações que fazem com que haja uma proteção à planta ao lado. O principal uso de plantas antagônicas é para a eliminação de insetos ou pragas.
Plantas aromáticas
Em geral são utilizadas plantas aromáticas para evitar a presença de insetos, mas também é possível conciliar árvores, como a Saboneteira, arbustos Quássia e chá de folhas de Cinamomo pulverizado na plantação. Com essas combinações é mais fácil reduzir a incidência de insetos na cultura.
A importância de utilizar a alelopatia na agricultura orgânica
Para o produtor orgânico urbano ou rural, é de extrema importância o uso de técnicas que não se utilizam de químicos para tratar da plantação. A alelopatia é uma das formas mais simples de cuidar da agricultura, pois não exige atenção constante e pode ser realizada apenas combinando as plantas corretas.
Conciliação das técnicas
Além da alelopatia, o produtor urbano ou rural deve ter uma adubação orgânica correta, utilizar do controle biológico, utilizar do controle de pragas e doenças, dentre as outras técnicas limpas da agricultura orgânica, ou seja, o produtor deve sempre pensar a sua produção sistematicamente.
Fonte – Thiago Tadeu Campos, CicloVivo de 15 de dezembro de 2016
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