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Apicultores têm dificuldades para recuperar colmeias após mortandade
Na semana passada, ONU fez alerta sobre o desaparecimento das abelhas. Risco de extinção do inseto pode afetar produção mundial de alimentos.
Apicultores da região de São Carlos (SP) estão com dificuldades para recuperar as colmeias com a alta mortandade de abelhas. O desmatamento, as mudanças climáticos e os inseticidas estão entre principais motivos. Na semana passada, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez um alerta sobre o risco de extinção das abelhas e de outras espécies, o que pode afetar a produção de alimentos.
O apicultor Carlos Celano de Leme está preocupado com a diminuição do número de abelhas e acumula prejuízos. “Em 2012, 2013, 2014 e 2015 praticamente foram 150 caixas de abelhas e quase 80 mil abelhas foram dizimadas. Isso eu falo só no meu. Agora tem vários apicultores que também perderam bastantes caixas”.
Em Santa Cruz da Conceição, houve uma perda muito maior. Em 2014, cinco milhões de abelhas morreram por causa de um inseticida. “A gente chegou a perda total. Até hoje está difícil recuperar, não conseguimos levantar tudo, estamos aos poucos porque foi uma perda muito grande”, afirmou o apicultor Marcelo Lopes.
Polinização e produção de alimentos
Além de produzirem mel e própolis, as abelhas têm um papel fundamental na natureza. São insetos polinizadores, pois levam grãos de pólen de um ponto a outro na mesma flor ou em flores diferentes, garantindo a reprodução das plantas.
A mortalidade das abelhas põe em risco a produção de alimentos. Sem elas, vários tipos de plantas não dão frutos ou então produzem menos. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 75% das culturas dependem da polinização e é o caso das plantações de maçã, melão e laranja.
“O primeiro problema é o desmatamento e, com isso, as abelhas perdem os seus locais de fazer os ninhos. No segundo caso são mudanças climáticas e no terceiro, que no Brasil eu considero sério, é o caso dos pesticidas e inseticidas” Osmar Malaspina
Na semana passada, a ONU fez um alerta sobre a mortandade das abelhas e de outros polinizadores, como as borboletas. Várias espécies estão ameaçadas de extinção.
O biólogo da Unesp de Rio Claro Osmar Malaspina explica que três fatores explicam a queda no número de insetos.
“O primeiro problema é o desmatamento e, com isso, as abelhas perdem os seus locais de fazer os ninhos. No segundo caso são mudanças climáticas e no terceiro, que no Brasil eu considero sério, é o caso dos pesticidas e inseticidas”, disse Malaspina.
Só no Brasil, 10 mil colmeias desaparecem todos os anos, segundo o pesquisador da Unesp. Se nada for feito, as consequências vão ser graves. “Se mantiver isso pode faltar alimento no futuro com certeza”, disse.
Atualmente existem cerca de 20 mil espécies de abelhas no mundo. “Se a gente tivesse que pagar para as abelhas a prestação do serviço que ela faz para gente na produção de alimentos, os economistas calculam que a gente deveria depositar todo ano entre US$ 300 bilhões a US$ 500 bilhões. Não dá para abrir mão desse serviço”, finalizou o biólogo Osmar Malaspina.
Revertendo prejuízos
No sítio do apicultor Ovilso Santos, também em Leme, a realidade começou a mudar. Ele chegou a perder 22 colmeias, mas conseguiu reverter o prejuízo depois de conversar com os agricultores vizinhos.
“Eu procuro me informar sobre o que eles estão passando, a forma, a hora que eles estão passando o agrotóxico. Se eles passarem a noite que as abelhas não estão indo na flor, ameniza um pouco a mortandade. No meu apiário teve resultado, porque aqui as minhas abelhas começaram a aumentar mais de 75%”, explicou Santos.
Segundo os apicultores, uma das alternativas é usar os inseticidas em horários em que as abelhas não polinizam as flores, como, por exemplo, à noite, o que ajuda a diminuir a mortandade.
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Fonte – G1 de 29 de fevereiro de 2016
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