Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Aquecimento global – On the rocks
Luiz Eduardo Cheida
No último sábado, a plataforma Wilkins, uma estrutura de gelo maciço de quase 16.000 Km², desgarrou-se da Península Antártica e começou a vagar pelo oceano. Plataformas são bancos de gelo flutuantes presos ao continente.
O aumento médio de temperatura da Terra, em todo o século 20, foi de 0,7OC. Nesse mesmo período, a elevação média de temperatura da Antártica foi de 3OC. Quase seis vezes mais!
O oceano se aquece mais rapidamente devido a sua inércia térmica. Ele absorve mais de 80% do calor adicionado ao sistema climático. Se grande quantidade de calor está sendo absorvida pelos oceanos é sinal de que o reservatório de energia do planeta está desequilibrado.
Uma das respostas a este brutal aumento de temperatura na região tem sido a extinção das plataformas.
Wilkins foi a sexta delas. Os cientistas estimavam o seu desgarramento para daqui a 30 anos!
Como se vê, a ciência acerta suas previsões sobre o que acontecerá, mas erra flagrantemente sobre quando ocorrerá.
A velocidade das resultantes dos eventos climáticos tem surpreendido a todos. Pudera! não há sobre a face da Terra nenhum modelo matemático que possa fornecer dados confiáveis sobre o comportamento do planeta diante deste verdadeiro coquetel de mudanças.
Além disso, devemos colocar as barbas de molho porque a mesma ciência que erra no quando, também se equivoca no quanto. Veja só:
Estima-se que, neste século, a depender das emissões de gases estufa, o nível dos oceanos subirá entre 30cm a 40cm. Cerca de 60% deste aumento será causado pela expansão térmica das águas (água quente sobe). Todavia, os modelos não levam em conta a possível aceleração do aumento das perdas de gelo nos pólos, o que pode elevar em mais 10cm a 20cm o nível dos mares. E o que é errar em 30 anos o descolamento da Wilkins senão uma aceleração do aumento das perdas de gelo nos pólos?
Nenê Rabo-de-Galo, pau-d´água de primeira linha, com o fígado magoado a poder de muita cachaça e a mente turvada no cocktail de tantas informações sobre mudanças climáticas, com voz e cara de sono, pergunta:
– A Antártica é o gelo da parte de cima ou da parte de baixo do globo?
– Parte de baixo.
– Então, pode encher que vai ficar tudo on the rocks!
Bebedeira passa. Mas, segundo se estima, as consequências das mudanças climáticas farão com que o ambiente onde vivem plantas e animais (também somos animais) siga alterado por, pelo menos, mil anos após as emissões terem sido estabilizadas.
– Pópará! – ordena Nenê, antes de dar mais um tapa na branquinha e fechar para sempre a garrafa.
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